PRODUÇÃO DE COCO AUMENTA 25% EM SP

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Segundo a Secretaria da Agricultura, 632,6 mil coqueiros de um total de 820 mil no Estado ainda não produzem

Árvore típica das praias nordestinas, os coqueiros estão se proliferando rapidamente no Centro-Sul do país.
A recente valorização a alimentos saudáveis e naturais está elevando o consumo da água-de-coco, dando sustentação ao plantio em Estados pouco tradicionais nessa produção, como os da região Sudeste.
Segundo pesquisa realizada pela Secretaria da Agricultura de São Paulo, a produção de coco no Estado deverá aumentar cerca de 25% este ano, atingindo 10,3 milhões de unidades.
O levantamento aponta ainda que há 820 mil coqueiros em propriedades no território paulista.
Desse total, 632,6 mil ainda não estão dando frutos, o que significa que a produção deve aumentar consideravelmente nos próximos anos.
Não há dados oficiais sobre a área ocupada pela cultura em São Paulo. Mas, segundo técnicos ouvidos pela Folha, o adensamento médio é de 235 plantas/ha.
Se os cálculos estiverem corretos, São Paulo tem, aproximadamente, 3.850 ha plantados.
O número ainda está muito longe dos 234 mil ha plantados com coco na Bahia, que tem a maior área destinada à cultura no país.
O segundo no ranking brasileiro do coco é o Ceará, que tem 70 mil ha de coco.
No Centro-Sul, o destaque fica com o Espírito Santo, que planta 25 mil ha.
Segundo o pesquisador José Antonio Alberto da Silva, da Estação Experimental de Citricultura de Bebedouro, o custo de produção em São Paulo ainda é mais alto do que o registrado no Nordeste, sobretudo por conta do clima.
A cultura vem crescendo em regiões mais quentes do Estado, caso do norte e do noroeste. O clima seco, porém, demanda irrigação, o que torna mais caro produzir.
"Mesmo assim, a proximidade com o mercado consumidor acaba compensando esses custos", afirma o consultor Luiz Ângelo Mirizola Filho.
Segundo ele, o produtor paulista recebe, em média, entre R$ 0,70 e R$ 0,80 por fruta. No Ceará, a cifra fica em torno de R$ 0,15.
Mirizola estima que o consumo de água de coco tenha crescido ao redor de 300% nos últimos cinco anos, representando hoje aproximadamente 440 milhões de litros.
"Isso representa 4% do mercado total de refrigerantes. Podemos fazer esse número crescer rapidamente para algo entre 6% e 7%", afirma

Gigante e pequeno comemoram
Além de ser comercializada em sua embalagem natural (a própria fruta), um volume significativo de água-de-coco está sendo vendido em caixinhas com 200 ml.
A Socôco produz hoje cerca de 6 milhões de unidades/mês da bebida, utilizando as marcas Socôco e Kero-Coco.
"Desde o seu lançamento, o produto foi um sucesso", afirma a gerente de marketing da empresa, Katia Rodrigues.
Ela conta que o primeiro lote de água-de-coco produzido pela Socôco foi de 144 mil unidades, e não foi necessária uma campanha intensa de marketing para promover as vendas.
Diferentemente do produto vendido nas ruas, a água, diz ela, é extraída do coco maduro, não do fruto ainda verde.
Isso porque o coco ralado e o leite-de-coco, carros-chefes nas vendas da empresa, são fabricados a partir da polpa da fruta.
A Socôco tem atualmente 550 mil coqueiros em produção, a maior parte deles no município paraense de Moju. A produção diária dessas árvores, segundo Katia, é de 250 mil frutas.
Com números mais modestos, o agricultor Jacimar Alves de Menezes, de Souza (PB), também descobriu no coco uma boa fonte de renda.
Além de comercializar a fruta, ele está vendendo sementes certificadas para o produtor de mudas paulista Nelson Barreto.
"Consigo tirar com o coco uma renda mensal de R$ 1.100, o que é um dinheirinho muito bom para quem mora nesta região", diz


Coqueiro-anão é o mais plantado
O coqueiro-anão é a espécie mais cultivada em São Paulo, assim como nos demais Estados do Centro-Sul.
Isso ocorre porque seus frutos contém mais água do que outras espécies, como o coqueiro-gigante. O principal destino da produção é a venda do fruto verde para o consumo da água-de-coco.
Segundo José Antonio Alberto da Silva, da Estação Experimental de Citricultura de Bebedouro, o coco se tornou uma opção para vários pequenos produtores de citros, de café e de cana da região.
"É uma maneira de diversificar a produção. O agricultor não fica dependendo apenas do desempenho de uma cultura para garantir sua renda", afirma.
Esse é o caso de Nelson Barreto, agricultor em Ocauçu, na região de Marília, no interior paulista.
Há cerca de nove anos, ele plantou os primeiros coqueiros em sua propriedade, intercalando-os em seu cafezal, que tem 17 ha.
Hoje, tem 3.300 árvores, das quais 1.200 estão em fase de produção. Ele consegue extrair cem cocos de cada uma por ano.
Hoje, o coco é a principal fonte de renda para o cafeicultor Barreto, que, além de vender a fruta, ainda comercializa mudas da planta.
Um de seus clientes, o pecuarista Ricardo Maggi, de Campos Novos Paulista (SP), também decidiu investir na cultura.
Ele comprou recentemente 18 mil mudas de Barreto, que devem iniciar sua produção em três anos. Maggi pretende usar 120 ha de sua propriedade.

Estatística em São Paulo (de acordo com o Insituto de Economia Agrícola)
Número de árvores em produção: 1.999 (152.309) e 2.000 (198.845)
Produtividade (frutos por árvore): 1.999 (55,07) e 2.000 (55,22)
Produção (em milhões de frutos): 1.999 (8,387) e 2.000 (10,373)
Principais cidades produtoras (em milhões de frutos): Jaboticabal (2,1), Marília (1,6) e Pindamonhangaba (1,2)

 Folha de São Paulo, 28 de novembro de 2000, página F3