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IRRIGAÇÃO EM CANA DE AÇÚCAR
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Simone Aparecida da Silva*
Fernando Braz Tangerino Hernandez**

O setor canavieiro passa atualmente por um período de crescimento singular.

Em função desta demanda, novas regiões estão sendo rapidamente incorporadas às regiões produtoras tradicionais. No entanto, para que o crescimento do setor seja mantido em condições rentáveis, ele deverá ser apoiado não apenas na ampliação das áreas agrícolas, mas no aumento da produtividade. Deste modo, é de capital importância a aplicação de novas técnicas – no campo e na indústria-, de forma a proporcionar contínua elevação dos índices de produtividade por área.

Neste contexto, a irrigação suplementar da cultura tem surgido como uma inovação tecnológica no setor e têm apresentado resultados promissores. Experimentos têm sido conduzidos para verificar os efeitos da irrigação na produção da cana-de-açúcar. Porém, na sua maioria, estão sendo conduzidos dentro das unidades agroindustriais, deixando muitas vezes o produtor à margem dos resultados obtidos.

A exigência de água pela cultura varia em função do ciclo da cultura (cana planta, soca ou ressoca), do estádio de desenvolvimento da cultura (ciclo fenológico, das condições climáticas e de outros fatores, como água disponível do solo e variedades utilizadas. Já a instabilidade na ocorrência das chuvas, preocupa, como as chuvas em quantidade inferior ao esperado de janeiro a março, a chuva "fora de época" em junho ou ainda o outubro, mais seco dos últimos 22 anos registrados no noroeste paulista em 2012.

Outro fator que vem sendo estudado é a relação entre a produção e a deficiência hídrica, visto que, os períodos de déficit hídrico podem ocorrer durante todo o ciclo da cultura, mas seus efeitos sobre a produção de sacarose varia em função da interação entre a época do ano em que ocorrem e a fase do ciclo fenológico (brotação,floração,frutificação) da cultura, sendo que, as maiores reduções ocorreram com déficits hídricos nos primeiros oito meses do ciclo da cultura.

Além disso, faz-se necessária, uma avaliação minuciosa das diversas variáveis que determinam a escolha de um sistema de irrigação.

Além do tradicional uso do carretel enrolador com canhão de alta pressão, outra opção é o sistema de tubogotejadores em sub-superficie, enterrados na profundidade de 20 a 40 centímetros. Esta opção apresenta como vantagens: redução da perda de água por evaporação direta da superfície do solo, escoamento superficial reduzido, flexibilidade do uso de máquinas agrícolas, maior disponibilidade de nutrientes (o ponto de emissão de água se encontra mais próximo da raiz), maior dificuldade de germinação de sementes de plantas daninhas nas entrelinhas.

Os sistemas de irrigação por pivô central também representam uma outra opção para a irrigação da cana, mas do ponto de vista da produtividade, a grande vantagem estaria na possibilidade de aumentar o número de safras antes da renovação do canavial, tão dispendioso.

A adoção da irrigação parece-nos um bom caminho para garantia e aumento da produtividade dos canaviais, sem esquecer que a irrigação não deve ser considerada isoladamente.


* Simone Aparecida da Silva, Engenheira Agrônoma pela UNESP Ilha Solteira e Doutoranda em Sistemas de Produção na ESALQ-USP.
** Fernando Braz Tangerino Hernandez, é Engenheiro Agrônomo e Coordenador da Área de Hidráulica e Irrigação da UNESP Ilha Solteira.

A Notícia, Junqueirópolis, 01 de dezembro de 2012, p. A6.