QUALIDADE DA ÁGUA
PARA IRRIGAÇÃO
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INTRODUÇÃO

Os problemas ligados à qualidade da água são poucos relatados na literatura brasileira e quando os são, se caracterizam por aspectos ligados à salinidade. Problemas com ferro, manganês, bactérias e algas, contidas na água ou sistemas de irrigação, são relatados na literatura internacional. 
Com o avanço da utilização da irrigação localizada (microaspersores e gotejadores), começam a vir a público problemas de perda de desempenho de equipamentos devido à presença de ferro e sólidos em suspensão. Este é o caso de da água do córrego Saltinho, em Junqueirópolis, que apresenta teores de ferro e sólidos totais na água acima dos limites tidos como aceitáveis.

Este trabalho avaliou em campo o desempenho de um sistema de irrigação dotado de fitas gotejadores  ("tapes")  e numa fase posterior avaliou a eficiência de diferentes filtros usados comercialmente em irrigação localizada.

Dessa maneira, desde 1998 a Área de Hidráulica e Irrigação conta com o Laboratório de  Qualidade de Água, que
realiza análises  para fins de pesquisas cientificas e aplicação da água no uso humano e agricultura. São usuários do Laboratório irrigantes e futuros irrigantes que baseados na análise da água, fazem a escolha adequada dos equipamentos de irrigação, e também agro- indústrias lançadoras de resíduos líquidos ao solo, que necessitam do monitoramento ambiental.
Para isso o Laboratório de Qualidade de Água é equipado com modernos equipamentos para a análise de água e extratos saturados de solo. 

POR QUE É NECESSÁRIO ANALISAR A ÁGUA?

É essencial para projetar, operar e dar manutenção em sistemas de irrigação, especialmente os do tipo localizada (gotejamento e microaspersão).
Os principais inimigos dos emissores e tubulações são os íons ferro e manganês e a altas concentrações de sólidos solúveis. Estes podem entupir tubulações (ver fotos), reduzindo a área de condução de água, aumentando a perda de carga e fazendo com que haja perda de pressão no sistema, reduzindo assim a vazão dos emissores. Em alguns casos pode-se até mesmo inviabilizar o sistema de irrigação como um todo.

Nos emissores, água de má qualidade pode entupir a seção de passagem, reduzindo ou não permitindo que haja vazão adequada às plantas.

O SUCESSO DO PROJETO COMEÇA  COM  A ANALISE DE ÁGUA

Não fazer análise de água e prover tratamentos adequados pode resultar no fracasso do projeto. Temos que considerar 4 parâmetros para analisar a água e interpretar o seus resultados:

1.  A água e seu sistema de distribuição
2.  O solo

3.  A planta

4.  O sistema como um todo

1.   A ÁGUA E SEU SISTEMA DE DISTRIBUIÇÃO

Compreende o manancial ou fonte de água a ser usado e também todo o equipamento, desde a coleta (sucção) da água na sua fonte até a sua entrega para as raízes.
Temos que avaliar qualquer possibilidade de problemas com entupimento. A água leva partículas inorgânicas (íons, areia, limo e argila) e orgânicas (como algas, sementes de ervas, pedaços de insetos, bactérias, fungos, protozoários, etc...)

Problemas de precipitação (formação de um pó) na rede ocorrem com: cálcio, bicarbonatos, ferro, manganês e sulfetos.

O ferro e o manganês solúvel (invisíveis) precipitam (ficar insolúveis – visíveis como um pozinho) devido a mudanças de temperatura, pressão, teor de oxigênio, aumento no pH ou pela ação de bactérias. O resultado é um barro limoso. Em casos com potenciais para problemas, após a instalação do sistema de irrigação, devemos ter um programa de manutenção para sempre fornecer água limpa e diminuir o surgimento destes problemas. 

É MELHOR PREVENIR DO QUE REMEDIAR

2.  O SOLO

Em relação ao solo, deve analisar no que a água colocada pela irrigação afetará a permeabilidade e o potencial da salinização do solo, verificando a condutividade elétrica, a Razão de Adsorsão de Sódio (RAS) em Extrato de Saturação e a Porcentagem de Sódio Trocável (PST) . Ë muito importante em áreas de aplicação de efluentes industriais.

3.  A PLANTA

A água de irrigação pode modificar o teor de substâncias tóxicas presente no solo, vindo afetar a qualidade e a produção do produto colhido, muitas vezes, inviabilizando a atividade em determinados locais e situações.

4.  O SISTEMA COMO UM TODO

Somente para o fornecimento de água às plantas já se justificaria a utilização da tecnologia da irrigação localizada. Mas conhecendo a qualidade da água e todos os procedimentos agro-econômicos para determinada cultura, o irrigante pode agregar outras tecnologias ao sistema.
Fertirrigação, quimigação, plantios entecipados, manejo de frutificação, concentração de sólidos solúveis, etc. E outras tecnologia que certamente aparecerão, viabilizarão cada vez mais o uso de irrigação localizada.

Pensando assim, podemos dizer que a irrigação localizada não é um simples sistema de irrigação, e sim um novo SISTEMA DE PRODUÇÃO AGRÍCOLA.

Este SISTEMA DE PRODUÇÃO AGRÍCOLOA fornece água, nutrientes e agroquímicos. Aumenta a eficiência de todos os fatores de produção. Utiliza a água de maneira mais ecológica. Permite múltiplas operações ao mesmo tempo, podemos estar irrigando e pulverizando, colhendo e irrigando, tudo ao mesmo tempo.

Porém, por contar com bocais ou orífios de passagem de pequenos diâmetros, o sistema de irrigação localizada está também muito mais suscetível à problemas relacionados com a qualidade da água utilizada.

ASPECTOS GERAIS

Os problemas relacionados com a qualidade da água, especialmente os relacionados com a presença de altas concentrações de ferro na água, têm sido potencializados pela má conservação do solo, o desmatamento das nascentes e matas ciliares. Estas ações têm contribuído para um aumento no assoreamento dos córregos e mananciais como um todo, fazendo com que a concentração de ferro e manganês seja também aumentada, causando problemas aos irrigantes.

Corrego Saltinho - Junqueirópolis (SP)
Concentração de Ferro Total - mg/litro
Data da Coleta
1,48
0,60
0,71
0,87
1,48
0,49
0,68
1,39
26/06/98
06/08/98
07/10/98
12/11/98
18/02/99
30/03/99
15/04/99
10/07/99
*VMP (Valor Máximo Permissível): 0,75mg/l

 
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