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MONITORANDO, PLANEJANDO E CONSERVANDO OS RECURSOS AMBIENTAIS NA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO SÃO JOSÉ DOS DOURADOS

Fernando Braz Tangerino HERNANDEZ[1]
Eli Carvalho ROSA[2]

A recuperação, preservação e uso eficiente e racional dos sistemas aquáticos só são possíveis se alicerçadas em uma base de dados consistente e obtida com o rigor da pesquisa científica, aliada às aplicações práticas, viabilizando os usos múltiplos da água. Alguns países que monitoram seus recursos hídricos numa escala de tempo superior a 100 anos e investem em equipamentos e tecnologia para subsidiar diferentes ações da sociedade como um todo e no Brasil estamos apenas iniciando este processo de monitoramento ambiental.

O Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São José dos Dourados investe em treinamentos e conscientização do uso racional da água e também no monitoramento ambiental financiando a implantação e manutenção de estações agrometeorológicas e avaliações sistemáticas da qualidade da água e vazão em microbacias de interesse sócio-econômico, onde há retirada de água para irrigação e também para abastecimento urbano, além de receber os efluentes das estações de tratamento de esgotos, possibilitando a análise das informações em escala temporal e espacial, como meio para a compreensão dos processos ambientais da região e soluções para o planejamento e manejo das bacias hidrográficas do noroeste paulista que sofrem com processos erosivos de grande intensidade causados pela ausência de conservação de solo e desmatamento excessivo, potencializados pela fragilidade dos solos predominantemente arenosos.

Todavia, a região composta de pequenas cidades tem na agropecuária a sua base econômica e na irrigação, a única opção realista para enfrentar os maiores índices de déficit hídrico do Estado de São Paulo, necessitando portanto, de água em abundância e de qualidade.

Com esta preocupação, objetivando obter dados ambientais e pensando no desenvolvimento sustentável da agricultura na bacia hidrográfica do rio São José dos Dourados, a Área de Hidráulica e Irrigação da UNESP Ilha Solteira desenvolve com o apoio do FEHIDRO o projeto “Monitoramento e Planejamento Integrado dos Recursos Hídricos para a Irrigação em Microbacias na Bacia Hidrográfica do Rio São José dos Dourados”, garantindo a formação de banco de dados hidrológicos e informações básicas, tais como a avaliação do uso e ocupação do solo, das áreas irrigadas (sistemas de produção, sistemas de irrigação e irrigantes) e das fragilidades ambientais, através do monitoramento sistemático mensal dos mananciais, de modo a subsidiar o planejamento e desenvolvimento sustentável

O monitoramento realizado permite identificar o aumento no transporte de sedimentos e da concentração de ferro na água (resultado da erosão) e vazões cada vez menores nas estações secas, quando se tem as maiores demandas para a irrigação e a necessidade de ações concretas que levem ao aumento do escoamento de base através de práticas de conservação do solo e água, tais como terraceamento das áreas de produção, implantação de matas ciliares, uso racional da água e adequação de estradas rurais.

Por fim, para garantir a sustentabilidade do sistema de produção dependente dos recursos hídricos, o monitoramento sistemático dos sistemas hidroagrícolas deve ser ampliado para outras microbacias de interesse sócio-econômico e ambiental através menores intervalos de avaliações e ampliação dos meios de divulgação, transformando dados em informações a toda a sociedade.





[1] Fernando Braz Tangerino Hernandez é Professor da Área de Hidráulica e Irrigação da UNESP Ilha Solteira.
[2]
Eli Carvalho Rosa é Engenheiro Civil do DAEE e Secretário Executivo do CBH-São José dos Dourados.

A Voz do Povo, Edição 702, Ano VIII, 29 de agosto de 2009, página 2.
Diálogo, 5a. Edição, setembro de 2009, página 06

 

 
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