RACIONAMENTO PODE COMPROMETER PRODUÇÃO AGROPECUÁRIA DA REGIÃO

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Dívidas, calotes, pragas, doenças e, agora, falta de energia elétrica. A agropecuária da região depara-se com mais um problema: o racionamento de energia.
De acordo com determinações da Câmara de Gestão da Crise de Energia, cabe ao setor rural, uma economia de 10%, menores portanto que o segmento residencial, comercial ou público. O problema tem origem no estabelecimento da cota de consumo destinada a cada produtor.
A concessionária Elektro utilizou os meses de maio, junho e julho de 2000, como parâmetro para estabelecimento da média de consumo e, por consequência, a meta de consumo para cada cliente. Para os agricultores que promovem a irrigação de suas lavouras e os pecuaristas que fornecem alimentação suplementar do rebanho no período da seca, o consumo médio neste período costuma ser bastante reduzido, quando comparado com aquele verificado no segundo semestre.
"A partir de julho, verifica-se um incremento significativo no consumo de energia elétrica destes produtores rurais, utilizada no acionamento dos motores de irrigação e/ou trituradores, atingindo pico nos meses de agosto/setembro e outubro, normalmente", salienta Luiz Floriano, secretário municipal da Agricultura.
Segundo ele, outro segmento bastante prejudicado é o dos produtores de leite que introduziram os tanques de resfriamento de leite na propriedade, recurso fundamental na melhoria da qualidade do leite, que contribuiu para significativa elevação do consumo, na maioria dos casos, não contempladas no período utilizado como parâmetro. "Desta forma, é premente a necessidade nas cotas estabelecidas pela concessionária", acrescentou.
Desde o dia 11 de junho, o secretário vem orientando e preenchendo requerimento para cada produtor, individualmente, solicitando a revisão da cota estabelecida pela fornecedora. "De acordo com a especificidade de cada produtor, é requerida alteração do período de amostragem (normalmente agosto/setembro e outubro) ou mesmo incremento da cota, conforme implantação e/ou ampliação de lavouras ou recursos tecnológicos. O serviço é gratuito e o produtor deve comparecer munido de uma cópia da conta de energia elétrica, que contemple o período de consumo de todo o ano de 2000", explica.
Além de endossar as solicitações, o prefeito José Carlos Guisso se encarregou de mandar protocolar junto à sede da Elektro, em Campinas, conjuntamente o requerimento de todos os produtores. "Os produtores interessados deverão procurar urgentemente a Secretaria Municipal da Agricultura, que funciona na Casa da Agricultura de Jales", concluiu Luiz Floriano.


INFRA-ESTRUTURA DA COOPERATIVA É PRECÁRIA

Em despacho com o Ministro da Agricultura, Marcus Vinícius Pratini de Moraes, o prefeito José Carlos Guisso encaminhou importante proposta para incremento da produção de frutas na região: a disponibilização de packing house para seleção, classificação, embalagem, resfriamento, armazenamento e embarque de frutas, imprescindíveis para o comércio de frutas no mercado exterior.
A proposta articulada no âmbito da equipe de trabalho da Secretaria Municipal da Agricultura, sugere a injeção de recursos do Pró-frutas, visando o incremento do número de produtores com acesso à infra-estrutura do packing house de propriedade da Cooperativa Jales, viabilizando inclusive a exportação a curto prazo de outras frutas, especialmente o limão, por meio de consórcios de produtores.
"A proposta é oriunda de uma incontestável observação de que milhares de fruticultores da região, responsáveis pela produção de mais de 26 mil toneladas de uva, 2,1 milhões de caixas de limão, 579 mil caixas de manga, 2,91 mil toneladas de pinha, produtos de excelência para exportação, tanto para o Mercosul como para Europa, e que necessitam especialmente da infra-estrutura de refrigeração, embalagem e embarque existente na Cooperativa Jales, encontram-se carentes desta tecnologia e oportunidade de mercado, enquanto apenas 40 produtores têm a posse de todos a esses recursos, não conseguindo utilizá-los em sua plenitude, e o que é pior, não encontram-se imunes aos problemas financeiros decorrentes do próprio empreendimento", justificou Guisso.
A importância do mercado externo
A região de Jales, um dos mais importantes pólos de produção de frutas do País, principalmente pela produção de uvas finas de mesa, posiciona-se também como segundo maior pólo brasileiro exportador desta fruta.
As uvas de alta qualidade tem conquistado a preferência no mercado argentino, para onde foram destinadas mais de 300.000 caixas no ano de 2000.
O sucesso na conquista do mercado vizinho ocorreu, em primeiro lugar, devido à já mencionada qualidade da fruta, mas também graças à infra-estrutura, denominada packing house, de propriedade da Cooperativa Jales.
Pioneirismo X Crise
A visão de competitividade dos produtores vinculados à antiga Associação dos Viticultores de Jales, levou um grupo de 40 produtores a abraçarem a construção de empreendimento orçado em cerca de 1 milhão de dólares, cujo resultado encontra-se implantado às margens da rodovia Euclides da Cunha.
Aspectos conjunturais brasileiros, especialmente os primeiros anos de Plano Real, aliados ao modelo de produção existente na região, baseada no pequeno produtor e produção familiar (tradicionalmente individualista e individualizada), além da falta de um claro projeto de políticas públicas para um desenvolvimento sustentado da fruticultura regional estacionaram o projeto cooperativista.
A crise no modelo cooperativista, tem conduzido à semi-ociosidade da infra-estrutura implantada, ao passo que canalizou as oportunidades do mercado de exportação para empresas privadas, que com experiência e capacidade logístico-comercial, aliada a algumas facilidades oferecidas ao produtor, facilmente se implantaram e se fortaleceram na região.
Depara-se nos dias atuais, com um grupo de apenas 14 cooperados operando através daquela estrutura, os quais administram a utilização da citada infra-estrutura, muitas vezes alugando-a justamente ao segmento exportador particular.
Pró-frutas: a oportunidade
Com o advento da visita do Ministro Pratini de Moraes à Jales, buscou-se sensibilizá-lo de que uma possível solução para a incoerência passa pela sua pasta, pois o chamado Programa de Desenvolvimento da Fruticultura, vinculado ao Ministério da Agricultura patrocina ações que visam consolidar os padrões de qualidade e competitividade da fruticultura brasileira, para atender aos requisitos do mercado internacional, com destaque para a linha de Promoção Agroindustrial, que contempla incentivos e recursos para beneficiamento, processamento - infra-estrutura, packing house, logística e serviços.
"Portanto, se o Governo Federal reconhece a significativa importância do pólo de fruticultura da região de Jales, oferecendo oportunidades para investimento até mesmo na construção de estruturas de packing house, porque não utilizar tal linha de ação no sentido de democratizar e coletivizar a estrutura aqui existente e ociosa?", questionou.
Produtores e autoridades esperançosos
Para o Secretário Municipal da Agricultura, Luiz Floriano, a receptividade do Ministro Pratini de Moraes foi extremamente animadora, abrindo as portas para uma possível solução desde gargalo tecnológico e sócio-financeiro da fruticultura regional.
"Novas gestões deverão ser mantidas ainda na próxima semana, no âmbito do Departamento de Fomento e Fiscalização da Produção Vegetal do Ministério da Agricultura, em Brasília, onde se encontra sediado o Programa de Desenvolvimento da Fruticultura, coordenado pelo Dr. José Afonso Ebert Hamm, escalado pelo Ministro Pratini para estudar a questão", completou.


PRÓ-FRUTA ANUNCIA FINANCIAMENTO PARA A FRUTICULTURA

O Sindicato Rural de Jales, através de seu presidente José Candeo, lança na região de Jales o PRÓ-FRUTA - Programa de Apoio à Fruticultura, com financiamentos pelo Sistema Operacional - BNDES - Automático, para pessoas físicas ou jurídicas que exerçam atividade agropecuária (produtores rurais).
Candeo informa que o valor mínimo do financiamento é de R$ 3 mil e máximo de R$ 40 mil, independente do produtor possuir outros créditos rurais, mas com garantia. "O dinheiro é para investimentos relacionados com a implantação ou melhoramento de espécies de frutas", esclareceu.
O prazo de financiamento é de 72 meses, com carência de 36 meses e juros de 8,75% ao ano. "Durante a carência não haverá pagamento de juros, os quais serão capitalizados na mesma periodicidade de pagamento do principal, que será feito após o quarto ano do financiamneto", concluiu Candeo.
Informações e projetos para financiamentos sobre fruticultura podem ser adquiridos no Sindicato Rural de Jales e SAI - Sistema Agroindustrial Integrado, à Avenida Francisco Jales, nº 2724.
A Tribuna, 01 de Julho 2001, ano XIV, nº 662, pág. 8-9.



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