PRODUÇÃO DE UVA NA REGIÃO TEM QUEDA DE 18%

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Roberto de Souza

  A Coordenadoria de Assistência Técnica Integral CATI/Regional de Jales, registrou em junho de 2001 uma queda de 18,19% na produção de uva fina de mesa na região, em comparação ao mesmo período do ano passado.
Em 2000, a produção em média da uva foi de 3.738.500 caixas de 7 Kg, superando a deste ano que ficou em torno de 3.058.240 caixas.
A área de plantio também foi atingida em 7,35%, sofrendo uma redução de 1.145 hectares para 956,6 ha, o mesmo acontecendo com o total de pés, que neste ano diminuiu 16,48%, passando de 763.650 para 637.730 pés, incluindo os novos.
Contudo, dentre os 22 municípios abrangidos pela CATI, Jales se destaca em primeiro lugar com uma produção de 1.000.000 de caixas de uva. Em segundo lugar, Palmeira D'Oeste com 840.000 caixas e em terceiro São Francisco com 225.000 caixas. O menor produtor é o município de Santana da Ponte Pensa, com uma produção de apenas 1.840 caixas.
Para o engenheiro agrônomo da CATI, João Batista Ferreira, houve um certo desinteresse pela cultura da uva, havendo pouco investimento em plantios novos.
"Com o aumento dos preços dos insumos, houve também um aumento considerável no custeio para tocar a lavoura, causando sérios problemas de ordem financeira aos produtores, que também encontram dificuldade de comercialização dos seus produtos", analisou o agrônomo.
Ferreira entende que a crise no setor da viticultura não está na cultura em si, e sim na exigência à nível de mercado e qualidade de produto, que são dados importantes que só o setor organizado pode obter. "Como ainda não existe essa organização, provavelmete muitos produtores sairão da atividade", frisou.
A comercialização da uva baseia-se principalmente na apresentação visual como tamanho, uniformidade, "cerosidade", coloração das bagas, ausência de manchas e avarias.
Na realidade é muito difícil para o produtor abandonar sua parreira, considerando o grande capital investido, principalmente se está individado. Por isso está ocorrendo negociações com agentes financeiros, para a prorrogação das dívidas.
Confira, na tabela abaixo, a média de produção de uva até junho de 2001, dos 22 municípios que compõem a CATI/Regional de Jales.

JUNHO - 2001

UVA FINA DE MESA

MUNICÍPIO

Em Produção

Novos

Total

Produção

 

Total

 

Área

 

Nº Pés

Nº Pés

Nº Pés

Cx/pé

Kg/pé

Cx/(7 Kg)

Kg

(ha)

Aparecida D'Oeste

10.000

600

10.600

6,0

42,0

60.000

420.000

15,9

Aspásia

20.000

1.500

21.500

7,0

49,0

140.000

980.000

32,3

Dirce Reis

8.000

300

8.300

4,5

31,5

36.000

252.000

12,5

Dolcinópolis

2.500

0

2.500

4,0

28,0

10.000

70.000

3,8

Jales

200.000

10.000

210.000

5,0

35,0

1.000.000

7.000.000

315,0

Marinópolis

24.000

0

24.000

5,0

35,0

120.000

840.000

36,0

Mesópolis

4.500

0

4.500

5,0

35,0

22.500

157.500

6,8

Nova Canaã Paulista

16.000

0

16.000

3,5

24,5

56.000

392.000

24,0

Palmeira D'Oeste

168.000

5.000

173.000

5,0

35,0

840.000

5.880.000

259,5

Paranapuã

6.800

0

6.800

4,0

28,0

27.200

190.400

10,2

Pontalinda

11.000

0

11.000

5,0

35,0

55.000

385.000

16,5

Rubinéia

3.500

0

3.500

6,0

42,0

21.000

147.000

5,3

Santa Albertina

3.500

0

3.500

6,0

42,0

21.000

147.000

5,3

Santa Clara D'Oeste

1.200

0

1.200

4,0

28,0

4.800

33.600

1,8

Santa Fé do Sul

9.000

0

9.000

4,0

28,0

36.000

252.000

13,5

Santana da Ponte Pensa

230

0

230

8,0

56,0

1.840

12.880

0,3

Santa Rita D'Oeste

6.700

1.500

8.200

5,0

35,0

33.500

234.500

12,3

Santa Salete

23.400

10.700

34.100

6,0

42,0

140.400

982.800

51,2

São Francisco

45.000

1.000

46.000

5,0

35,0

225.000

1.575.000

69,9

Três Fronteiras

600

0

600

5,0

35,0

3.000

21.000

0,9

Urânia

20.000

1.200

21.200

6,0

42,0

120.000

840.000

31,8

Vitória Brasil

17.000

5.000

22.000

5,0

35,0

85.000

595.000

33,0

TOTAL / MÉDIA

600.930

36.800

637.730

5,2

36,3

3.058.240

21.407.680

956,6

CURIOSIDADE:

Videira produz cacho típico de mutação

Um caso típico de mutação somática ocorreu recentemente no Bairro Jataí, na propriedade do produtor Durvalino Gouveia: um vinhedo de uva Itália gerou um cacho até então nunca visto pelos viticultores, considerado exótico para o engenheiro agrônomo, Humberto Almeida Camargo, pesquisador de melhoramento genético de uva da Embrapa de Jales e Bento Gonçalves (RS).
De forma especial, o cacho tinha 56 bagas de cores diferentes e na mesma proporção, ou seja, 23 bagas de coloração verde e 23 de coloração preta, o que comprovou a mutação.
"Esse tipo de variação é um caso típico de mutação somática, que raramente ocorre em regiões tropicais onde a temperatura é mais elevada", analisou Camargo.
Ele explicou ainda que a mutução somática pode ocorrer tanto no tecido de uma planta natural como no gameta, que seria o pólen ou ovário. E cita o exemplo: a uva Niagara Rosada que é uma mutação da Niagara Branca; a Rubi e Benitaka mutação da Itália; e a Brasil, que é a uva preta, mutação da Benitaka.
"Na verdade, essa mutação aconteceu no ciclo anterior, quando o ramo estava crescendo na gema onde brotou o galho que deu esse cacho duplicado. Isso não é sempre que acontece, é caso raro que ocorre um a cada milhão", salientou o pesquisador.
Camargo lembrou que essa característica, no caso a cor, antigamente a Niagara Branca era a uva fina de mesa no Brasil. Depois apareceu a rosada e tomou conta do mercado.
"Assim como ocorre com a cor pode acontecer também a mutação com outras características", concluiu.
Detalhe: tivemos o privilégio de saborear os frutos desse cacho fenomenal e podemos afirmar que as duas variedades de cor tinham o mesmo teor de acidez e de açúcar, de sabor incomparável.

 

 A Tribuna, Jales, Ano XIV, nº 670, 26 de agosto de 2001, p. A-7



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