Ao
andarmos pela nossa região notamos que a paisagem mais comum
que encontramos tem como "pano de fundo" as pastagens e as
plantações. Claro que não poderia ser diferente!
Vivemos em um capitalismo selvagem e a forma mais simples de exploração
e obtenção de riqueza inicia-se na extração
e transformação dos recursos naturais. O homem necessita
explorar a natureza para sobreviver, mas acaba esgotando os recursos
naturais e consequentemente, prejudicando a si próprio.
A detruição do ecossistema pode extinguir animais de nossa
fauna. Temos com frequência informações qua anunciam
o "indesejado", ou seja, que essa ou aquela espécie
está em extinção. Para os que se preocupam com
as questões ambientais, não há nada pior do que
este anúncio. Foi assim, com vários animais, lembramos
aqui o caso do lobo-guará, e, ainda, que há já
centenas de espécies que caminham para esse abismo. Que pena!
Poderia ter sido diversamente se a espécie humana tivesse agido
diferente com a natureza.
Voltar e reconstruir o bioma da forma inicial é impossível,
até mesmo em razão do homem ter que explorar a natureza.
Mas poderíamos amenizar o problema? Claro que sim! Temos vários
fragmentos de matas onde há vida, há animais, porém
sabemos que se permanecerem isolados estarão fadados à
extinção. O grupo de animais restrito e isolado em um
fragmento de mata tem sua sobrevivência comprometida a médio
e longo prazo, principalmente por não haver a chamada "troca
genética" dentro do próprio grupo. O pai e a mãe
cruzam e deixam filhotes, estes, por sua vez, acasalar-se-ão
entre si, uma vez que não haverá a possibilidade de inserção
de novos membros no grupo.
Existem vários estudos que mostram que os animais têm que
circular, e para isso a solução está sendo colocada
em prática, em vários lugares do Brasil, é a criação
de corredores biológicos, também conhecidos por corredores
gênicos. Esta técnica consiste em ligar um fragmento de
mata a outro por meio da plantação de árvores nativas,
Para colocá-la em prática bastaria uma faixa estreita
de terra, talvez a própria fivida entre sítios e/ou fazendas.
Sei que muitos de vocês devem achar utópica essa idéia,
mas temos que preservar o meio onde os animais vevem e para isso a sociedade
tem que estar envolvida.
Um exemplo divulgado até mesmo em âmbito mundial é
o que está ocorrendo na Reserva Biológica Poço
das Antas no Estado do Rio de Janeiro. Lá, mais de vinte produtores
rurais já criaram seus corredores biológicos e até
mesmo suas (RPPN's) Reservas Particulares do Patrimônio Natural.
Ali se preserva o mico-leão dourado e se tenta retirá-lo
da "lista negra" de animais em extinção.
Sabendo que há uma clara tendência mundial pela busca da
convivência harmoniosa do homem com a natureza. Sobretudo a população
dos grandes conglomerados urbanos e industriais, movida pela reação
lógica provocada pelas tensões oriundas do relacionamento
frio e da opressão rígida do concreto, anseia por gozar
de espaços abertos, dilatados horizontes, belas paisagens, ambiente
saudável e tranquilo. Há cada vez mais a busca pelo deslocamento
do homem urbano para o convívio com a natureza, para que ele
possa extravasar sua neuroses e relaxar mente e corpo.
Fazendo analogia dos corredores - linhas que unem fragmentos de matas
a outras matas - com os corredores turísticos - linham que unem
zonas turísticas, unidades turísticas, atrativos turísticos
- chegamos a conclusão que os corredores biológicos e
os poucos fragmentos de matas ainda existentes em nossa região
são recursos turísticos e áreas de potencial turístico
quase que inexplorados. Isso se deve em razão da importância
que o turismo dá a preservação da fauna e da flora,
afinal de contas, quem não curte apreciar uma bela àrea
verde, cheia de animais e ouvir o canto dos pássaros? Portanto,
é necessário relacionar os corredores biológicos
ao turismo ecológico. Um bom exemplo é a Estância
Turística de Santa Fé do Sul onde há a Mata dos
Macacos.
Se houvesse uma participação coletiva em torno dessa idéia,
no futuro todos poderiam ganhar com isso. Os produtores rurais, por
exemplo, poderiam aumentar a renda de sua propriedades com passeios,
trilhas educativas e poderiam, ainda, agregar valor aos produtos ali
produzidos e comercializados. E, à medida que as comunidades
locais, fossem integradas à atividade turística e lhes
fosse oferecido emprego e renda, a fauna e a flora seriam preservadas
e as futuras gerações poderiam gozar do espetáculo
que é ver os animais in loco. Desta forma diminuir-se-ia a possibilidade
de tão somente vir a saber que ali, naquele fragmento de terra,
existiram animais, já extintos. Em propriedades rurais, a melhoria
genética dos fragmentos florestais poderá ajudar também
o controle de pragas na produção.
Antônio
Rodrigues da Grela Filho - Gerente da SABESP de Jales e Presidente
da Subseção da ABES de Jales.
Bruno José dos Santos - Turismólogo,
Professor Universitário, Cursando Pós-Graduação
em Planejamento e Marketing Turístico pelo SENAC de Águas
de São Pedro, Cursando Especialização em Educação
Ambiental pelo CRHREA/USP de São Carlos.
Marçal
Rogério Rizzo - Economista, Professor Universitário
Especialista em Economia do Trabalho, Mestre em Desenvolvimento Regional
pelo Instituto de Economia da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP).
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