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QUALIDADE E DISPONIBILIDADE DE ÁGUA EM MICROBACIA
Aula de 05 de outubro de 2009 - Córrego do Cinturão Verde
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Nesta aula prática de Irrigação
e Drenagem do curso de Agronomia ministrada pelo Professor Fernando Braz
Tangerino Hernandez, auxiliado pelo Doutorando Renato Alberto Momesso
Franco foi realizada a visita à Microbacia do Cinturão Verde
- Área Norte desde a sua nascente em uma área urbanizada,
passando por uma área de mata remanescente, passando por área
degradada tomada de macrófita, como aguapé e tabôa.
Foram realizadas medições de vazão pelo método
do flutuador e pelo método do molinete hidrométrico e também
coletada água para análise de sua qualidade em dois locais
distintos.
Na nascente, a dicussão versou sobre bacias hidrográficas
e os conceitos envolvidos de modo explicar as razões que tem levado
dirigentes a optarem pela bacia hidrografia como unidade de gestão,
explicando a importância do comprometimento entre as pessoas que
moram ou dependem da região para as suas atividades sócio-econômicas.
Dessa maneiram conceitos como divisor de água, talvegue, eutrofização,
foram discutidos desde o início da aula.
Ao final da aula, a expectativa é a de que o aluno possa consolidar
os conhecimentos em gerenciamento da água, reconhecendo os limites
de uma microbacia e a importância do trabalho de conservação
do solo e da água de maneira coletiva, a legislação
em vigor, a medição da vazão in loco por
dois métodos e a comparação com vazão regionalizada
em suas várias formas de cálculo (Q7,10, Q1,10 e Q95) e
ainda a qualidade da água em seus aspectos físicos, químicos
e biológicos.
O uso e ocupação do solo e a ação antrópica
sobre a disponibilidade e qualidade da água foi discutida e vivenciada
em campo. O intenso uso da água e a conseqüente degradação
física, química e biológica contribuem para agravar
sua escassez e qualidade de água. Por esse motivo, a Área
de Hidráulica e Irrigação tem visto como uma necessidade
de importância cada vez maior o acompanhamento das alterações
da qualidade da água da região noroeste, que faz parte do
monitoramento ambiental de forma a impedir que problemas decorrentes da
poluição da água venham a comprometer seu aproveitamento
múltiplo.
O monitoramento sistemático da qualidade da água e a vazão
em diferentes microbacias é feito dentro da linha de trabalho Planejamento
Integrado da Irrigação e dos Recursos Ambientais - PIIRA, no âmbito
do tema Planejamento Integrado
e Monitoramento Ambiental - PIMA desenvolvido com apoio financeiro
da FAPESP, CNPq e FEHIDRO com o envolvimento de alunos
de Graduação e Pós-Graduação com
diferentes formações acadêmicas. Os artigos
técnicos resultantes dos diferentes projetos podem ser vistos
em http://www.feis.unesp.br/irrigacao/papers.php.
Para demostrar aos alunos os procedimentos de coleta em campo, houve uma
caminhada da estrada até o manancial e as duas represas que foram
utilizads como objeto de aula prática, permitindo a visualização
de situações de campo, como produção agropecuária,
Área de Preservação Ambiental, piscicultura, bombeamento,
entre outras. Houve coleta de água em dois
locais (represa e após o vertedor), pois a informação
sobre qualidade da água é necessária para que se
conheça a situação dos corpos hídricos com
relação aos impactos antrópicos na microbacia.
Degradação na forma de erosão acentuada na nascente
e presença de macrófitas dos gêneros Egeria e Typha nas represas e talvegue comprovam o estado de degradação
ambiental, representado pelo assoreamento e péssima qualidade da
água. A represa visitada também corre risco de rompimento
dado o elevado grau de assoreamento, não se vislumbrando a água
devido à intensa proliferação das macrófitas,
enquanto que a represa utilizada para a piscicultura está com elevado
grau de infestação de Egeria densa.
Nesta aula os alunos tiveram a oportunidade de conhecer dois métodos
de medição de vazão. O método do flutuador
e o método do molinete hidrométrico, sendo que o primeiro
é simples e barato de realizar em campo, mas com limitações
na precisão e o segundo, um método mais eficiente de medição
de vazão, pois consiste em um equipamento que mede a velocidade
média do fuxo de água ao longo da largura do curso d’
água, sendo calculada da seguinte maneira:
Q= v1 . S1+ v2 . S2 + ... + vn . Sn, onde,
Q - vazão do curso d’água (m3/s);
v1 - velocidade do fluxo de água na seção molhada
1 (m/s);
S1 - área da seção 1 (m2);
v2 - velocidade do fluxo de água na seção molhada
2 (m/s);
S2 - área da seção 2 (m2);
vn - velocidade do fluxo de água na seção molhada
n (m/s);
Sn - área da seção n (m2);
No método do flutuador deve-se procurar um trecho do córrego,
uniforme e que o fundo não seja muito irregular. Determina-se dois
ou três pontos em um trecho preferencialmente retilíneo e
homogêneo, medindo-se a distância entre eles. A distância
será usada para medir a velocidade do fluxo, marcando-se o tempo
necessário para o deslocamento do flutuador.
Nos pontos marcados constrói-se o perfil, medindo a largura e a
profunididade da seção, resultando na área da seção
transversal do córrego (m2). Faz-se a média das áreas
das seções. Em campo, utilizou-se um papel quadriculado,
definiu-se a escala e assim calaculou-se a área, quem el escritório
deve ser efita em softeares de CAD. Os tempos gastos pelo flutuador para
atravessar a distância entre os pontos extremos devem ser anotados,
fazendo-se a média nos tempos, sempre em no mínimo três
tomadas de tempo, preferencialmente, cinco repetições da
velocidade de deslocamento do flutuador. O flutuador utilizado na prática
foi um garrafa PET (300 ml). Diferente do molinte hidrométrico
que mede a velocidade média na seção percorrida,
no método do flutuador tem-se a velocidade média da superfície
da água e esta deve ser corrigida para a velocidade média
do fluxo de água no córrego. A equação para
cáculo de vazão, segue abaixo:
Q= A . D . C / T, onde,
Q - vazão (m3/s);
A - área da seção transversal do córrego (m2);
D - distância usada para medir a velocidade do fluxo d'água;
C - coeficiente de correção: usar 0,8 para córrego
com fundo rochoso ou arenoso; usar 0,9 para córrego com fundo lodoso;
T - tempo (s) gasto pelo objeto flutuador para atravessar a distância
D.
Dois grupos fizeram a medição da vazão pelo método
do flutuador em 05 de outubro de 2009, obtendo-se os valores de 90 m3/hora
e 192 m3/hora, enquanto que as vazões medidas pelo método
do molinete hidrométrico foras 124, 125 e 129 m3/hora, levando
o Professor a explicar para os alunos quais as razões levaram ao
erro cometido pelos grupos que usaram o método do flutuador. Acurácia,
precisão e representatividade foram elementos exaustivamente discutidos.
Em 16 de março de 2009, no mesmo local, vazão média
medida pelo flutuador foi de 194,4 m3/hora e pelo método do molinete
hidrométrico em 210,7 m3/hora.
Em sala de aula, no LDC, deve ser feita a comparação dos
valores de vazão medida com os valores de vazão regionalizada,
através do software disponível no Sistema
de Informações para Gerenciamento de Recursos Hídricos do Estado de São
Paulo - Base Georeferencial - Regionalização Hidrológica.
A microbacia do Córrego do Cinturão Verde tem sido visitada
frequentemente como base para outras aulas práticas e a amostragem
da água nos diferentes pontos foi realizada para avaliação
em Laboratório, que revelou os seguintes dados:
Coordenadas UTM - Zona 22:
:: Mata: 464459,68m E e 7743024,43m
S
:: Vertedor (da Represa do Sr. Valentim):
463639,61m E e 7744078,17m S
:: Represa: 463619,45m E e 7744039,69m
S
:: Piscicultura (saida): 463553,96m
E e 7744017,98m S
:: Tubulão (sob a Rodovia): 467304,71m
E e 7744191,35m S
Veja também a aula prática realizada em em 05
de outubro de 2009 e também em 10
de março de 2008 no Córrego do Cinturão Verde e de 13 de agosto de 2007
no Córrego da Tabôa, todas no entorno de Ilha Solteira. Todas as aulas
foram ilustradas em fotos permitindo a comparação da situação
dos mananciais em diferentes épocas.
A Legislação envolvida com a aula seria:
- Lei 9.433 de 8/01/1997 - Lei
das Águas
- Lei 9.034 de 27/12/1994 - Dispõe
sobre o Plano Estadual de Recursos Hídricos - SP
- Resolução CONAMA 369/2006 de 28/03/2006 - Dispõe
sobre os casos excepcionais, de utilidade pública, interesse social
ou baixo impacto ambiental, que possibilitam a intervenção
ou supressão de vegetação em Área de Preservação
Permanente -APP .
- Resolução CONAMA 357 de 17/03/2005 - Dispõe
sobre a classificação dos corpos de água e diretrizes
ambientais para o seu enquadramento, bem como estabelece as condições
e padrões de lançamento de efluentes, e dá outras
providências .
- Resolução CONAMA 20 de 30/07/1986 - Classificação
das águas doces, salobras e salinas essencial à defesa de
seus níveis de qualidade, avaliados por parâmetros e indicadores
específicos, de modo a assegurar seus usos preponderantes.
Já a bibliografia sugerida seria:
ANA - Agência Nacional de Águas. Panorama da qualidade das
águas superficiais no Brasil. Brasília: ANA - Superintendência
de Planejamento dos Recursos Hídricos, 2005. 176p.
ANDERSON, M.G.; BURT, T.P. Hydrological forecasting. John Wiley &
Sons, 1990. 604p.
AYERS, R.S. Calidad del agua para la agricultura. Roma: FAO, Estudio FAO
Riego y Drenaje, n.29, 1984. 85p.
CARVALHO, N.O.; FILIZOLA JÚNIOR, N.P.; SANTOS, P.M.C. LIMA, J.E.F.W.
Guia de avaliação de assoreamento de reservatórios.
Brasília: ANEEL, 2000. 132p.
DAEE - DEPARTAMENTO DE ÁGUAS E ENERGIA ELÉTRICA. Manual
de cálculos das vazões máximas, médias e mínimas
nas bacias hidrográficas do Estado de São Paulo. São
Paulo, 1994, 64p.
DIAS, M.C.O. (Coordenadora). Manual de impactos ambientais: orientações
básicas sobre aspectos ambientais de atividades produtivas. Fortaleza:
Banco do Nordeste, 1999. 297p.
FRANCO, R.A.M.; HERNANDEZ, F.B.T. Qualidade
da água para irrigação na microbacia do Coqueiro, Estado de São Paulo.
Campina Grande: AGRIAMBI - Revista Brasileira de Engenharia Agrícola e
Ambiental, v.13, n.6, p.772-780, 2009.
HERNANDEZ, F.B.T. et al. Aproveitamento
Hidroagricola no Estado de São Paulo - Projeto piloto de conservação
dos recursos de solo e água e irrigação coletiva
nas microbacias hidrográficas dos córregos Sucuri, Bacuri
e Macumã em Palmeira d´Oeste - SP. Ilha Solteira: UNESP /
Governo Federal, 2000. 191p. (3 volumes)
HERNANDEZ, F.B.T. et al. Cinturão Verde - Projeto piloto de agricultura
irrigada em Ilha Solteira - SP. Ilha Solteira: UNESP / FEPISA, 2000. 85p.
NAKAYAMA, F.S.; BUCKS, D.A. Trickle irrigation for crop production. St.
Joseph: ASAE, 1986. 383p.
NATIONAL RESEARCH COUNCIL (U.S.). Irrigation - induced water quality problems:
what can be learned from the San Joaquim Valley experience.Washington,
National Academy Press, 1989, 157p.
PESCOD, M.B. Wastewater
treatment and use in agriculture. Roma, FAO Irrigation and Drainage,
Paper 47, 1992.
SETTI, A.A.; LIMA, J.E.F.W.; CHAVES, A.G.M.; PEREIRA, I.C. Introdução
ao gerenciamento de recursos hídricos. Brasília: ANEEL -
ANA, 2001. 328p.
TUCCI, C.E.M. (Organizador). Hidrologia: ciência e aplicação.
Porto Alegre: ABRH - EDUSP, 1993. 943p.
TUCCI, C.E.M.; PORTO, R.L.L.; BARROS, M.T. (Organizadores). Drenagem urbana.
Porto Alegre: ABRH / Editora da Universidade / UFRGS, 1995. 428p. (Coleção
ABRH de Recursos Hídricos, Volume 5).
TUCCI, C.E.M.; MARQUES, D.M.L.M. (Organizadores) Avaliação
e controle da drenagem urbana. Porto Alegre: Editora da Universidade /
UFRGS, 2000. 558p.
Os sites sugeridos são:
Agência Nacional de Águas
(Legislação, softwares, etc)
Artigos
assinados pela Área de Hidráulica e Irrigação
publicados em jornais e revistas
Coordenadoria de Assistência
Técnica Integral (PEMBH)
Dados agroclimatológicos do oeste do Estado de São Paulo
Departamento de Águas e Energia
Elétrica do Estado de São Paulo (Outorga e recursos hídricos)
Sistema de Informações
para Gerenciamento de Recursos Hídricos do Estado de São
Paulo
Textos
técnicos publicados pela Área de Hidráulica e Irrigação
Área
de Hidráulica e Irrigação em mídias diversas
Galeria de fotos: As 10 mais da
Área de Hidráulica e Irrigação
Blog da Área
de Hidráulica e Irrigação
CLICK NAS FOTOS PARA AMPLIA - LAS |
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