PESQUISAS EM FRUTICULTURA NO NOROESTE PAULISTA
 
 

Aparecida Conceição Boliani
UNESP - Ilha Solteira

 

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INTRODUÇÃO
A região noroeste do Estado de São Paulo, colonizada a partir da década de 40, com economia essencialmente agrícola, baseada, principalmente na cafeicultura e bovinocultura, vem paulatinamente substituindo estas atividades por outras de maior interesse econômico.
A cultura de uvas finas de mesa, com base nas cultivares Itália, Rubi, Benitaka, Brasil, têm se constituído na mais expressiva alternativa agrícola da região, ocupando área superior à 1000 hectares. A alta produtividade de frutos de boa qualidade produzidos durante a entressafra (junho - dezembro), tem viabilizado esta atividade. Entretanto, os altos custos de implantação e condução dos vinhedos, associados à grande exigência de tratos culturais, têm levado alguns viticultores a buscar alternativas varietais que propiciem boa rentabilidade com baixos custos e menores riscos.
Neste sentido vislumbra-se a possibilidade do cultivo de outras culturas na região, com menores custos, possibilitando outras alternativas para o produtor a cultura, entre elas destacam-se: 'niagara rosada', anonágeas, abacaxizeiro, bananeira, coqueiro, citros, figueira, goiabeira, mangueira, maracujazeiro, mamoeiro, pupunheira, etc. Baseados nisso, os docentes da Faculdade de Engenharia de Ilha Solteira - UNESP têm realizado várias pesquisa com estas frutíferas na região, além de ter procurado viabilizar a instalação de outras.
Em função do exposto, este trabalho tem como objetivo apresentar os resultados obtidos até o momento com o cultivo de algumas frutíferas na região, evidenciando as informações disponíveis nos estudos realizados junto a esta Instituição.
ABACAXIZEIRO
A cultura do abacaxizeiro tem aumentado na região, proporcionando um bom retorno econômico aos produtores. Através de diferentes práticas culturais e através do plantio em diferentes épocas do ano, com diferentes tipos de mudas tem sido possível a colheita durante o ano todo. Trabalhos desenvolvidos mostram os efeitos de diferentes indutores de florescimento, bem como o custo de produção e análise econômica da cultura.
CITROS
A utilização, não apenas da infra-estrutura necessária à condução de pomares cítricos (instalações e equipamentos para realização dos tratos culturais e fitossanitários e a colheita), mas principalmente a experiência adquirida pelos citricultores na condução de pomares e dos frutos produzidos, fazem das diferentes espécies frutíferas, a principal alternativa para substituição dos pomares cítricos.
Trabalhos em pomares cítricos foram realizados estudando os efeitos de fontes de fósforo, de calcário e de zinco na cova, sobre o desenvolvimento e nutrição da laranjeira, bem como os modos de aplicação da calagem e micronutrientes.
FIGUEIRA
Embora com uma única variedade comercial (Roxo de Valinhos) a produção de figos, em função do estádio de desenvolvimento dos frutos, pode ser utilizada para a elaboração de diferentes produtos.
Os frutos podem ser colhidos "verdes", com peso de aproximadamente 20g, são próprios para a elaboração de compotas e figos cristalizados. Quando "inchados" prestam-se perfeitamente para a produção de figos "rami", de grande aceitação tanto no mercado interno, como para exportação. Os figos "de vez" (próximos a maturação) são consumidos como "fruta fresca". A produção de figos para qualquer das finalidades acima, está condicionada à técnicas de implantação e condução semelhantes. Assim os espaçamentos recomendados (3x2m ou 4x1,5m), as mudas, os principais tratos culturais (podas, adubação, controle de ervas daninhas, etc.) e fitossanitário (controle de ferrugem) são em tese os mesmos. As grandes diferenças são encontradas na colheita, que é realizada em períodos quinzenais para figos verdes e diariamente para figos de mesa.
Evidentemente os cuidados necessários na colheita, embalagem e transporte de figo para consumo como fruta fresca são rigorosos. Devido a alta pericividade dos frutos, a comercialização tem que ser feita em curto espaço de tempo.
A produção de figos "de vez" é obtida quase que exclusivamente na região de Valinhos, onde a grande área em exploração permite o estabelecimento de um sistema efetivo de comercialização. A maior dificuldade para a produção de figos para consumo como fruta fresca é a comercialização, pois a figueira produz durante um largo período (5 meses), amadurecendo figos quase que diariamente, havendo pois a necessidade de uma grande área para obtenção de volume possível de ser transportado de forma economicamente viável.

As pesquisas desenvolvida na região revelam excelentes condições para a produção de figo, com um longo período de produção. Figos verdes são produzidos praticamente durante 7 meses do ano. Os maiores cuidados a serem dispensados na cultura devem estar relacionados a formação de figueiras, com mudas sadias em áreas sem nematóides e ao adequado controle de ferrugem que pode afetar a produção e a qualidade dos frutos. Com relação a figueira várias pesquisas foram realizadas: avaliando o comportamento da cultura na região, o efeito da irrigação suplementar, da adubação nitrogenada e da interação desses fatores sobre a produção e a qualidade do figo, os efeitos da época de poda e do número de ramos frutíferos sobre o desenvolvimento, produção de figos verdes e rentabilidade da cultura, a distribuição do sistema radicular. Também foi realizada análise econômica para a cultura da figueira.

GOIABEIRA
A goiabeira, à alguns anos, vem sendo cultivada na região, visando principalmente o mercado de frutas frescas, e atualmente em menor escala para a indústria.
O cultivo da goiabeira, na região, tem apresentado boas perspectivas. A produção de frutos sadios pode ser obtida sem ensacamento graças a um eficiente e seguro tratamento fitossanitário. A aplicação de poda em diferentes épocas permite, produção de goiabas de qualidades durante os doze meses do ano. A crescente demanda no mercado interno e a evolução na exportação permite supor boas perspectivas para a produção de goiaba.
Com a cultura da goiabeira, foram realizados estudos objetivando variações nos teores foliares de N, P, K, Ca e Mg durante o ano em três variedades.
Além de trabalhos da conservação pós-colheita, em condições ambientais, de frutos de goiabeira.
MAMOEIRO
O Estado de São Paulo, destacava-se como o maior produtor de mamão, porém em função da ocorrência do vírus do mosaico, tornou-se uma cultura nômade, sendo que atualmente, destacam-se os Estados da Bahia e do Espirito Santo.
Porém alguns produtores tem implantado a cultura, apesar da pequena vida útil da plantas, tem proporcionado ao produtor um bom retorno econômico, em função da sua colheita ocorrer durante o período de entressafra (junho/agosto), período este que tem proporcionado aos produtores um bom retorno econômico.
Pesquisas realizadas na região, tiveram como objetivos, estudar o efeito da adubação nitrogenada e fosfatada e a interação desses fatores sobre o rendimento do mamoeiro.
Atualmente está em fase de condução, pesquisas com mamoeiro, cultivar Baixinho de Santa Amália, cultivado em condições de telado.
PUPUNHEIRA
A produção de palmito obtida a partir de pupunheiras vem se destacando, tendo em vista as suas qualidades agronômicas industriais e comercias. Os atuais métodos de produção do palmito (Açaí e Juçara), são explorações extrativistas e irracionais que vem colaborando para a extinção dessas espécies produtoras.
Essa palmeira apresenta um bom perfilhamento, precocidade de colheita, boa produtividade e rusticidade. Desta forma, a cultura de pupunheira, tem se expandido rapidamente.
Esta cultura é ainda recente e informações sobre o seu comportamento na região, são escassos. Existem ainda algumas indefinições quanto ao espaçamento, adubação, manejo de perfilhos, irrigação, colheita, etc.
A FEIS-UNESP, buscando novas alternativas para a região, introduziu em novembro de 1994 um lote da cultura na sua Área Experimental, com o objetivo de estudar o seu comportamento, bem como avaliar os efeitos de diferentes lâminas de irrigação, aplicadas por gotejamento sobre as principais características agronomicas da cultura.
Estudos sobre o aproveitamento de resíduos da cultura (caule e folhas) para alimentação animal estão sendo processados e analisados pelo Departamento de Zootecnia da FEIS-UNESP.
VIDEIRA
As uvas para mesa em cultivo no Estado de São Paulo são divididas, em função de suas características de rusticidade e qualidade, em dois grupos: rusticas e finas.
As uvas rústicas são caracterizadas principalmente pela variedade Niagara Rosada, enquanto as finas, são representadas pelo cultivo das variedades Itália, Rubi, Benitaka, Brasil, etc.
As uvas finas de mesa já vem sendo exploradas comercialmente em toda a região noroeste. Graças a tecnologia desenvolvida no local, é possível produzir uvas de alta qualidade durante o período de entressafra (junho-novembro), com excelente rentabilidade econômica.
O cultivo de uvas finas para mesa, no Estado de São Paulo, é uma das atividades agrícolas, com maior retorno financeiro.
A viabilidade econômica do cultivo da uva Niagara na regiões de clima quente do Estado de São Paulo, depende principalmente da época de produção.
Em áreas providas de irrigação e sem riscos de geadas, a produção pode ser direcionada através de técnicas de poda para os períodos de menor oferta (junho-novembro) quando os preços são efetivamente compesadores.
As técnicas de cultivo exigidas pelas uvas rústicas são muito simples quando comparadas às uvas finas de mesa, devido a maior rusticidade das plantas e resistência a pragas e moléstias. Esta maior facilidade de cultivo permite a implantação inicial de vinhedos com áreas maiores.
Em função da importância da cultura para região vários trabalhos foram e estão sendo desenvolvidos, entre eles: análise econômica da cultura da videira na região, avaliação fenologica das videiras finas e rústicas, submetidas a diferentes épocas de poda, efeitos de técnicas de desbastes de bagas utilizando escova plástica, em uvas finas, o estudo do comportamento de diferentes porta-enxertos, uso de reguladores vegetais e escova plástica na viticultura e atualmente, vem sendo desenvolvido trabalhos inéditos tendo por objetivo, analisar diferentes sistemas de irrigação, visto que o suprimento de água é essencial para o desenvolvimento da cultura.
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