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-------------------------------------------------------------------------------------------------- Fernando Braz Tangerino Hernandez Saímos do período chuvoso e, de maneira geral, os nossos reservatórios de água para os diferentes usos, bem como as vazões dos córregos e rios não chegaram a um nível satisfatório e nenhum profissional responsável arriscava a dizer que temos segurança hídrica. A causa para esta situação seria somente a má distribuição de chuvas? Estamos seguros que não! A crise 2014/2015 é de longe a maior de todas já enfrentadas pela região sudeste, porque trouxe consequências para todos os setores da economia, direta ou indiretamente. Em 2001 a crise por água atingiu o setor energético; a de 2004 foi restrita ao abastecimento de água à população de algumas cidades enquanto que a que vivemos atualmente é generalizada, o que inclui os irrigantes. Sistemas de armazenamento de água robustos, como o Cantareira, ao completar 40 anos, mostrou sua fragilidade, o mesmo vem acontecendo com os reservatórios das hidrelétricas, como por exemplo, o de Ilha Solteira, que chegou a baixar 9,27m ante aos 4,28m observados em 2001, em que começamos o ano com o rio Paraná na cota 324,52m e, em 2015, iniciamos na cota de 320m, ou seja, precisamos de água ainda para se ter a segurança hídrica e setores como a agricultura irrigada e aquicultura ainda sofre com a situação. Na outra extremidade do Estado de São Paulo a situação é análoga; mudando os atores, o uso múltiplo da água se dá entre as demandas do setor urbano (população e industrias) e produtores de alimentos, notadamente os produtores de hortaliças da região do Cantareira e do Alto Tietê. O Estado de São Paulo, mesmo com déficit hídrico em toda a sua extensão, irriga pouco e ainda assim é da produção agropecuária que encontra as receitas necessárias a fechar sua balança comercial. Sendo o maior importador, precisa das receitas do campo para manter seu superávit. Se irrigar áreas maiores, o campo gerará mais oportunidades e desenvolvimento sócio-econômico a todos os paulistas. Precisa também das suas terras para infiltrar, armazenar a água das chuvas e recompor o lençol freático para que tenhamos água nos córregos na estação seca! Até o ano de 2011, vinhamos com uma expansão média de 130 mil hectares anuais, em 2012 rompemos a barreira dos 200 mil hectares anuais, e 2013 foi o melhor da historia da expansão da agricultura irrigada, com o Brasil incorporando novos 271786 hectares irrigados, especialmente em regiões onde a agricultura irrigada já era expressiva. Enfim, onde se irrigava, se irrigou mais. Já em 2014, com cenário de crise hidrica, a expansão foi freada em 19% e apenas 220831 hectares irrigados foram incorporados. Neste cenário atual, além da necessidade de expandir a área irrigada, os produtores de alimentos estão aprendendo à elevados custos a conviver com o uso competitivo ou múltiplo e ainda conflitivo da água. Nos grandes centros urbanos, para proporcionarem alimentos mais baratos à população competem com as empresas de saneamento, que lançam água de má qualidade, muitas vezes utilizadas para irrigação, voltando para a atmosfera limpa pelo processo de evapotranspiração. No interior, a geração de energia hidrelétrica abaixa o nível dos reservatórios e impõe novos custos e limitações técnicas à captação e distribuição uniforme de água, necessária para máxima produtividade. Ações imediatistas são absolutamente necessárias para a situação de crise e têm ocupado o maior dos espaços na mídia quando se trata da crise hidríca, relevando em segundo plano o planejamento e as ações que, iniciadas agora, começarão a apresentar resultados efetivos no médio e longo prazo, quando tratarão de fato a segurança hídrica almejada. Acreditar que as chuvas chegarão no momento e na quanidade desejada para atender as demandas de todas as atividades dela dependente é uma temeridade e não podemos esperar pela próxima crise. Assim, não vamos esperar acabar - de novo - para economizar água e algumas ações podem e devem ser empreendidas já, para que tenhamos a chamada segurança hídrica. Algumas sugestões campanhas educativas sobre o ciclo hidrológico e uso da água, planejar o armazenamento e uso da água em nível de microbacia hidrográfica, avaliar sistemas de irrigação e redimensioná-los quando for o caso, identificar vazamentos, implantar programas de manejo da irrigação via solo ou atmosfera, intervenção em mananciais degradados visando à sua recuperação, construção de barramentos de terra, desassoreamento de represas, batimetria de represas identificando a capacidade real de armazenamento de água e implantação de régua de nível com acompanhamento periódico do volume de água (monitoramento da vazão), plantio de árvores com recomposição ciliar e preservação das nascentes; conservação do solo e da água, através de terraceamento e/ou a adoção de práticas de cultivo que resultam no aumento do armaznamento da água no solo e no escoamento de base, implantação de programas tipo "Produtor de água", ampliação da rede hidroagrometereológica e incentivo ao uso das informações e novamente, a adoção de campanhas tanto na área urbana como rural que visem à conscientização da população para a necessidade do uso racional da água, sem disperdicíos. Estas ações exigem investimentos, recursos humanos qualificados, portanto, exigem priorização, atenção, esclareciementos, entendimento e cobrança aos envolvidos com o uso da água de forma mais efetiva, para que não tenhamos num futuro tão breve, que voltar a falar que a recomposição das matas ciliares, a conservação do solo, o combate ao disperdício em todos os níveis, o uso racional da água e o armazenamento da água da chuva nas bacias hidrográficas, são ações urgentes e que devem ser implementadas em todos os locais onde se tem água, solo e pessoas! *Fernando Braz Tangerino Hernandez, Engenheiro Agrônomo e Professor Titular da Área de Hidráulica e Irrigação da UNESP Ilha Solteira. www.feis.unesp.br/irrigacao/irrigacao.php, divulga dicas sobre agricultura irrigada e agroclimatologia semanalmente no Pod Irrigar emhttp://podcast.unesp.br/podirrigar
CATI, Revista Casa da Agricutura, Ano 18, Número 1, pág. 22 e 23, julho de 2015.
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