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AS CHUVAS EM 2013 FORAM ADEQUADAS?
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Fernando Braz Tangerino Hernandez*
Entramos em 2014 com chuva em toda a região e assim, Pereira Barreto e Ilha Solteira lideram e registraram até o momento, respectivamente 47 e 46 mm. E como foi o ano de 2013 em chuvas no noroeste paulista? Aparentemente bem, com vários locais registrando um total de chuvas maior que o esperado, como a região de Ilha Solteira, que contou com 119 dias de chuva, e registrou a maior precipitação total do noroeste paulista, 1.461 mm, acima dos históricos 1.277 mm (desde 1967) ou dos 1.338 mm. considerando a média desde o ano 2.000. Em 2012 foram apenas 929 milímetros.
![](imagens/et_15_jan_2013.jpg)
Figura 1 - Distribuição da chuva acumulada no noroeste paulista em 2013.
Mas a análise não é tão simples assim e devemos considerar dois outros fatores para saber se realmente tivemos uma oferta de água adequada em uma região, que é a distribuição das chuvas ao longo do ano e confrontar com a evapotranspiração, que em Ilha Solteira ficou em 1.511 mm, maior, portanto, que a chuvas.
![](imagens/etacum_15_jan_2014.JPG)
Evapotranspiração é o nome do processo em que se transfere água para a atmosfera através da evaporação do solo e transpiração das plantas e que, para uma máxima produção, deve ser reposta pelas chuvas ou pelos sistemas de irrigação. Como uma conta corrente no banco, a evapotranspiração deve ser reposta para que não tenhamos prejuízo.
Neste sentido, toda a região noroeste paulista sofreu com o déficit hídrico, seja na região de Ilha Solteira com a maior quantidade de chuva acumulada, ou em Itapura - distante apenas 30 km -, com apenas 1.033 mm anuais, mesmo com 125 dias de chuva, mas com evapotranspiração total de 1.524 mm, pois a irregularidade das chuvas ao longo do ano fez com que o cultivo de sequeiro não fosse favorecido. As chuvas tardias, também influenciaram a decisão de plantio e quem plantou nas primeiras chuvas, especialmente o milho e soja, não poderá contar com boas produtividades nesta safra 2013/2014.
Por outro lado, agricultores que investiram em sistemas de irrigação, escolheram a data de plantio, anteciparão suas colheitas e contarão com dois benefícios, as garantias de produtividades elevadas e de preços melhores na hora da venda da sua produção.
Mostramos dados de chuva acumulada ao longo do ano e seu efeito na agricultura, mas cada dia mais informações climáticas detalhadas - como por exemplo a intensidade da chuva - são utilizadas por administradores públicos e privados, empreendedores e projetistas para alicerçarem seus trabalhos com uma base sólida de dados e assim, construir estruturas e equipamentos capazes de suportar ou ao menos mitigar as situações desfavoráveis ou eventos os extremos, cada vez mais frequentes. A Rede Agrometeorológica do Noroeste Paulista operada pela UNESP Ilha Solteira (http://clima.feis.unesp.br) cumpre o papel de coletar e disponibilizar dados climáticos de forma livre e gratuita a todos os interessados e assim permitir o planejamento ambiental na região.
Focando na produção agrícola, feliz cidade que conta com investimentos em irrigação e colhem os seus efeitos multiplicadores e assim, desejamos um ótimo e produtivo ano a todos!
![](imagens/precipitacao2013_15_jan_2014.jpg)
* Fernando Braz Tangerino Hernandez, Engenheiro Agrônomo e Professor Titular da Área de Hidráulica e Irrigação da UNESP Ilha Solteira (www.feis.unesp.br/irrigacao/irrigacao.php), divulga dicas sobre agricultura irrigada e agroclimatologia semanalmente no Pod Irrigar em http://podcast.unesp.br/podirrigar.
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