AGRICULTURA DÁ PREJUÍZOS?

 


Ilha Solteira: Muito tem se falado a respeito dos preços dos produtos agrícolas pagos ao agricultor: Que estão baixos, que o finaciamento foi corrigdo pela TR e o produto, não se discultem. A constatação de que o preço médio pago pela saca de milho vem caindo desde 1991, também é verdadeira. Assim como a comparação entre os preços reais recebidos pelos produtores paulistas entre abril de 1995 e 1994, mostra os seguintes resultados: a) algodão, - 12%; b) arroz, - 12,9%, - 63,1%; d) milho, - 21,8% e e) soja, - 30,8%.
Temos muitas vezes o ímpeto de divulgar e principalmente discutir o caos e os fatores negativo. Será que todos os agricultores foram mal remunerados? Este artigo tenta mostrar o outro lado da moeda, ou, da agricultura! Pegamos para análise a cultura de milho. Foi divulgado que na região Centro-Sul houve um ganho adicional de quase 10%, no rendimento fisico esperado. Ótimo, produtividade de 140 sacas/alqueire. Nestas condições e a R$ 5,40 o saco de milho, o saldo é negativo mesmo! Não temos ainda produtividade! O que que o agricultor tem feito para melhorar sua produtividades? Será que a escolha da sementes está sendo adequada? E o preparo do solo, análise de fertilidade e a adubação, é a adequada? Em milho de sequeiro, temos tecnologia para a produção mínima de 200 sacos/alqueire. Nestas condições e mesmo com os preços atuais, o saldo já é positivo. Com altas produtividades nos tornamos menos vulneráveis à instabilidade dos preços.
E aqueles produtores que usam irrigação, onde somam-se os fatores: produtividade mínima esperada de 300 sacos/alqueire e época de colheita. Em dezembro o preço médio pago pela saca de milho foi de R$ 7,80 e em janeiro R$ 7,20. Nestas condições, uma colheita feita em janeiro rendeu no mínimo R$ 892,00, para um custo de produção lavoura irrigada de R$ 450,00. Rentabilidade de 98% em 150 dias. Em tempos de Reais, não creio que alguma Instituição financeira esteja disposta a pagar tal rentabilidade.
Os números acima nostram que o agricultor deve lutar não por preços mais justos, mas principalmente por uma política agrícola justa e bem definida. Porém, deve fazer também a sus parte: investir em tecnologia da produção, buscando assistência técnica e principalmente se profissionalizando. Se o investimento for em irrigação, melhor! Pelo menos o São Pedro estará sob controle.
Lembrem-se: quem a planta tecnologia colhe produtividade.

Fernando Braz Tangerino Hernandez, é Coordenador da Área de Hidráulica e Irrigação da UNESP - Ilha Solteira.

Jornal Regional, Dracena/SP, Ano VII, nº 1093, 24 de Junho de 1995
Cidade de Ilha Solteira, Ilha Solteira/SP, Ano 14, nº 774, 23 de Junho de 1995



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