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Nova seca prolongada afeta produção no noroeste paulista
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O período de seca extrema no noroeste paulista parece ter chegado ao fim este ano, depois de 121 dias de duração, com início em 10 de junho e final em 8 de outubro – data em que as chuvas voltaram a cair na região noroeste inteira. O maior registro em um único dia aconteceu em Paranapuã: 56 milímetros.
Desde 1991, a maior seca registrada na região de Ilha Solteira, onde funciona a Rede Agrometeorológica do Noroeste Paulista, foi entre 8 de maio e 26 de setembro de 2010 (141 dias), enquanto que Marinópolis, com inicio dos registros em agosto de 1998, teve também em 2010 sua pior seca, entre 2 de abril e 26 de setembro, totalizando 177 dias sem chuva.
ÍNDICES BAIXOS
Em comparação ao ano passado foram 20 dias a menos de seca, mas como começou um mês depois, é possível notar várias diferenças no meio ambiente e na população – que, devido às baixas umidades, é obrigada a tomar algumas medidas para evitar problemas respiratórios e de pele.
Em Fernandópolis, a sequência de registros da estação pluviométrica do Posto de Sementes em 2011 mostra que no outono e no inverno quase não choveu no município.
Em janeiro, Fernandópolis teve 245,1 mm de precipitação; em fevereiro, 269,5 mm, em março 436,5 mm. Em abril, início da estação seca, caiu para 34 mm; maio registrou apenas 8 mm; em junho, foram 35 mm.
Julho apresentou índices de deserto: registro zero. Agosto computou 22 mm, e setembro, apenas 12,1 mm. Neste outubro, até o último dia 26, choveu 52 mm. Segundo José Fernando Machado, do Posto de Sementes, esse índice é muito baixo.
SAFRA
Também a agricultura sofre com a seca, comprometendo o milho safrinha, o plantio da safra de verão de soja e pecuária bovina, afinal de contas os pastos ficam baixos, secos e pobres em nutrientes, além de muito sensíveis a queimadas. Com isso, o ganho de peso do gado e sua produtividade ficam seriamente comprometidos.
As pastagens e a cana foram as maiores vítimas do longo período de seca, apresentando diminuição de produção face ao previsto para o ano.
O clima seco pode causar migração de áreas de cultivo, se persistir o fenômeno. Por outro lado, a utilização de equipamentos de irrigação é uma alternativa que garante o plantio e a manutenção de altas produtividades nas diferentes culturas, diminuindo a dependência dos fatores climáticos naturais, evitando perdas de produtividade ou qualidade dos produtos agrícolas.
Para o professor Fernando Braz Tangerino Hernandez, da Área de Hidráulica e Irrigação da UNESP Ilha Solteira, “o noroeste paulista reúne as melhores condições para se fazer uma agricultura de alto nível, em função do inverno ameno, solos adequados e infra estrutura de energia e transporte que garantem o escoamento da produção. Contudo, são 8 meses de déficit hídrico anual, variando apenas a sua intensidade a cada ano. Assim, se desejarmos garantia da produtividade e plantio o ano todo, o uso da irrigação se faz obrigatório”.
A região noroeste paulista tem uma área irrigada bem aquém do seu potencial, mas pivôs centrais irrigam atualmente milho, feijão, cana, pastagem e citros. Sistemas localizados garantem a produção de uva, citros, seringueira, hortaliças e frutas, enquanto que a produção de leite em pequenas propriedades tem sido garantida por sistemas de irrigação por aspersão em faixa.
A quebra de safra devido à estiagem não é uma ocorrência exclusiva do noroeste paulista: o mesmo ocorreu em várias regiões do país, como no PR, SC, MG e MT.
Cidadao Net, Fernandopolis, 28 de outubro de 2011, on line
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