REGIÃO DE JALES PERDEU MAIS DE 1,5 MILHÃO DE CAIXAS DE LARANJA |
|
O saldo não poderia ser tão
desanimador: mais de 1,5 milhão de caixas de laranja apodreceram nos pés, correspondendo a uma perda
de 20 % na produção. A laranja, segunda maior cultura produzida, pode estar com os dias contados
na região.
Ele afirma que sempre vendeu sua laranja para mesa, mas com a baixa do preço, esperava poder vender para as indústrias, como a maioria dos produtores da região. Antes mesmo de parar de comprar as frutas, as indústrias aceitaram pagar apenas US$ 2,00 por caixa, aos produtores sem contrato e isso saía a menos de R$ 0,41, descontando as despesas que inclui contribuições à Previndência Social, a o Fundo de Defesa da Citricultura e taxas de juros, já que o valor era pago com até 90 dias de prazo. Existem casos piores, como produtores com até 20 mil pés de laranja em plena produção que não colheram uma só fruta por falta de comprador. Descapitalizado, o produtor não tem nem como colher a fruta que está no pé, muito menos investir em uma nova produção. "Eles esperavam que as indústrias fossem comprar, mas as frutas apodreceram nos pés", fala o agricultor. Em sua avaliação, provalmente o parque citrícula paulista será extinto e vai faltar laranja no ano que vem. A maior parte das indústrias alega que não há espaço para estocar o suco e que houve queda no consumo. No entanto, existe uma espectativa de mercado que aposta na alta do preço do produto exportado, cerca de US$ 1 mil a tonelada, já que foi uma das poucas commodities que não sofreu com a desvalorização cambial. Mas a esperada valorização depende também da safra da laranja dos Estados Unidos, que prevê uma queda de 13,6% na produção. Com a escassez do suco, as empresas intencionam voltar a produzir o produto, se for considerado que pode faltá-lo no mercado. O governo foi pressionado de várias formas. Na região, muitos produtores cobraram do secretário estadual da agricltura medidas de apoio. E no último dia de setembro, em reunião da Câmara Setorial da Laranja, realizada pela secretaria, foi definida a primeira campanha de marketing para estimular o consumo da laranja no Estado. Entre as principais ações estão a criação de um selo de origem da fruta e a mobilização das prefeituras para facilitar a comercialização do produto nos municípios. O trabalho de marketing envolverá toda a cadeia produtiva do setor, da produção à industrialização. A expectativa dos representantes do setor é intensificar o comércio da laranja em todos os postos de venda do Estado, que segundo dados da Federação da Agricultura do Estado e da Federação dos Trabalhadores da Agricultura, somam 430. |
|
Jornal de Jales , 10 de outubro de 1999, p. 1-13 |
|
1