MANEJO DA IRRIGAÇÃO E 
PRODUÇÃO DE UVA FINA NO NOROESTE PAULISTA
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RESUMO: A cultura da videira vem expressando grande importância econômica na região noroeste paulista. Este projeto, avaliou o eficiência do controle da irrigação pelo tanque classe A, em comparação com o tradicional praticado pelos agricultores, ou seja, sem controle da irrigação. Os parâmetros avaliados foram peso médio de bagas, comprimento e diâmetro de bagas, e a produção de uva por planta. Observou-se que o controle da irrigação pelo Tanque Classe A não causou alteração nos parâmetros avaliados, no entanto, o controle da irrigação resultou em um consumo de água 56,30% inferior ao do produtor no período entre setembro/97 e janeiro/98, na chamada safrinha, onde a contribuição das chuvas é alta. 
 

PALAVRAS-CHAVE: Controle de irrigação; uva; Tanque Classe A.
 
 

IRRIGATION SCHEDULE AND GRAPE PRODUCTION IN  IN NORTH-WESTER REGION OF STATE OF SÃO PAULO.


SUMMARY: The crop of vine is growing in economic importance in the northwestern region of the state São Paulo, Brazil. The objective of this experiment was to compare the efficiency of the control of irrigation by the pan Class A with the method traditionally employed by the growers, which is totally empirical. The parameters evaluated were berry average weight, length and diameter, in addition to grape yield per plant. Results showed that there was no reduction in yield when irrigation was scheduled according to the pan Class A. However, the control of irrigation resulted in a reduction of 56.3% in the water applied, for the period of September 1997 and January 1998, which coincides with high rainfall.

KEYWORD: irrigation control; grape; Pam Class A.
 

INTRODUÇÃO: No Noroeste do Estado de São Paulo os municípios de Jales, Palmeira D’Oeste, Urânia e Marinópolis apresentam uma cultura que destaca-se pela expansão em área implantada pela alta rentabilidade: o cultivo de videira (Vitis vinifera L.). Esta cultura demanda tecnologia adequada devido a intensos tratos culturais que garantem a produção e, dentre as técnicas empregadas, destaca-se a irrigação visto que a maior produção ocorre na estação seca do ano. No entanto esta pratica é realizada pelos produtores de forma aleatória, sem estabelecer correlação de quando e quanto irrigar, podendo ocasionar desperdício ou falta, afetando a disponibilidade de água para todos os produtores da região e a produção relativa da cultura. 
 

MATERIAL E MÉTODOS: Este experimento foi instalado no Sítio Três Irmãos, no município de Marinópolis - SP, cujas coordenadas geográficas são 200 26’ 26” Latitude Sul, 500 49’ 23” Longitude Oeste e altitude de 408 m. De acordo com a classificação de Koppen, o clima da região é como subtropical úmido, Cwa, com inverno seco e ameno e verão quente e chuvoso. O experimento objetivou verificar o consumo de água pela cultura. A parreira onde foi desenvolvido este experimento é formada pela variedade Benitaka e com 7 anos de plantio, sendo irrigada por aspersores sob copa, com bocais de diâmetros distintos. A parreira foi dividida ao meio e abriga os dois tratamentos: Controle: (irrigação controlada repondo a evapotranspiração estimada pelo Tanque Classe A); e Produtor: (irrigação segundo a tradição do agricultor). O espaçamento adotado é de 2,8 metros entre plantas x 4,5 metros entre linhas. Para esta parreira está sendo mantido o mesmo turno de rega utilizado pelo produtor, que é de 2 irrigações por semana. O experimento foi conduzido na época da safrinha, esta época compreende o período de setembro de 97 a janeiro de 98. Os parâmetros avaliados, foram o peso, comprimento e diâmetro das bagas e produção total por planta. As avaliações de peso, comprimento e diâmetros foram feitas em trinta bagas por tratamento no momento da colheita.
 

RESULTADOS E DISCUSSÃO: Pelo Quadro 1, observa-se que a produção de uva por planta, tamanho, peso e as dimensões das bagas não foram afetadas pelos tratamentos empregados, ou seja, quando realizarmos o controle da irrigação pelo tanque classe A (estimativa da evapotranspiração da cultura) com a irrigação praticada pelo produtor. Este dados também foram comprovados por PIRE e TORTOLERO (1993) que mantiveram o pomar com diferentes níveis de umidade no solo a partir da poda e concluíram não haver efeito significativo na produtividade e nem no teor de sólidos solúveis. A Figura 1 deixa claro a economia de água que pode ser proporcionada pelo controle da evapotranspiração, onde somente a safrinha (setembro/97 a janeiro/98), foi possível uma economia de 56,3% do total de água aplicada em relação ao produtor, em um período em que as chuvas são intensas (neste caso um total de 897,4 mm). Considerando que a região tem sofrido com a escassez de água causada pelo pequeno porte de seus córregos e que houve aumento da área irrigada na região, podemos dizer que o controle da irrigação torna-se uma ferramenta crucial para o manutenção e desenvolvimento da fruticultura irrigada na região. PEREIRA e CAMPOS (1992) estimavam em 890 hectares o total de área cultivada com videiras na região. A CATI (1998) avaliaram em 1.015,8 hectares na safra 1995/96.

QUADRO 1. Produtividade e característica das bagas de uva, da variedade Benitaka, podada 01 de setembro 1997 (Safrinha), Marinópolis-SP.
Produtividade  kg/planta
Peso das
bagas   g
Comp.
cm
Diâmetro
cm
Produtor
 8,53 
9,08
2,60
2,06
Controle
 10,26 
9,06 
2,50 
2,05
Teste F
 5,57ns 
0,01ns 
3,00ns 
0,29ns
C.V. 
13,53 
7,18 
3,92 
 2,59

CONCLUSÃO: A estimativa da evapotranspiração pelo método do Tanque Classe A permitiu uma economia de 56,3% no total de água aplicada normalmente por produtores que não adotam nenhum tipo de critério de manejo da irrigação, sem que houvesse efeito significativo na produtividade da cultura.
 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
CATI. Levantamento Censitário das Unidades de Produção Agropecuária do Estado de São Paulo - LUPA. Internet: http://www.cati.sp.gov.br. 1998.

PIRE, C.R., TORTOLERO, T.E.  Efecto de la humedad del suelo sobre la brotacion de la vid en condiciones tropicales. Agronomia Tropical Maracay, v.43, n.1-2, p.75-86, 1993.

PEREIRA, F.M., CAMPOS, A.C.  O cultivo de uvas de mesa no Brasil. In: CURSO INTERNACIONAL DE PRODUCCION Y COMERCIALIZACION DE UVA DE MESA, 1, 1992, Comahue. Anais... Comahue: FCA / Universidad Nacional del Comahue, 1992. V.2, p.1-21.


 FIGURA 1. Irrigação praticada na cultura da uva Benitaka por aspersão em Marinópolis-SP.

 
 
Apresentado no
XXIX Congresso Brasileiro de Engenharia Agrícola – CONBEA 2000.

Imperial Othon Palace, Fortaleza – Ceará, 4 a 7 de julho de 2000.