ESPECIALISTA APÓIA
PROJETO NA CÂMARA


 
Para Rubens Rodrigues dos Santos, obra trará benefícios à região marcada pela seca
O engenheiro e jornalista Rubens Rodrigues dos Santos vai depor hoje - Dia Mundial da Água - perante uma comissão da Câmara dos Deputados que estuda o aproveitamento das águas do Rio São Francisco. Rodrigues dos Santos ganhou o Prêmio Esso de Jornalismo em 1959, por reportagens publicadas no Estado sobre a seca no Nordeste. "Julio de Mesquita Filho enviou-me para conhecer os meandros sombrios da indústria da seca" conta ele. "Alistei-me numa frente de trabalho e por 15 dias fiquei desmatando o fundo do Açude Gargalheiras, no Rio Grande do Norte." Depois disso, ainda pelo Estado, o engenheiro e jornalista conheceu projetos de irrigação nos Estados Unidos, Israel, Espanha, Austrália e Nova Zelândia. Tornou-se especialista no assunto. Nessa condição, vai defender na Câmara o projeto de captação de águas do São Francisco para irrigar o semi-árido, que seria feito sob controle da Agência Nacional de Águas (ANA). "Não se trata de desviar o curso do rio, mas de captar cerca de 6% de suas águas."
"O Projeto Água para Todos pretende captar no máximo 99 metros cúbicos de água por segundo na tomada próxima de Cabrobó (T1) e aduzi-la ao longo do Eixo Norte", explica Rodrigues dos Santos. "No reservatório de Itaparica, haverá uma segunda tomada (T2), que captará no máximo 28 metros cúbicos de água por segundo ao longo do Eixo Leste." Nessa primeira fase do projeto do governo, "pronto para ser executado", a captação será de 127 metros cúbicos por segundo, diz o especialista.
Mudanças - Ele alerta que, num primeiro momento, haverá perda de 1% na capacidade geradora das Usinas de Itaparica, Paulo Afonso 1, 2, 3 e 4 e Xingó, como calcula a Companhia Hidrelétrica do São Francisco (Chesf). Para Rodrigues dos Santos, essa perda será "largamente compesada" pelo ganhos com a ampliação da capacidade da Hidrelétrica de Tucuruí.
De acordo com o projeto, a distribuição da água captada do rio será feita pelos governos estaduais a partir dos sete pontos finais dos Eixos Norte e Leste.
Rodrigues dos Santos vai defender o programa, baseando-se na premissa de que a obra criará 5 mil empregos diretos e 200 mil em projetos de irrigação, além da perspectiva de fixar milhares de famílias na região e abastecer com água de boa qualidade área de Pernambuco, Ceará, Rio Grande do Norte e Paraíba. O custo da obra, na primeira etapa, chega a R$ 2,8 bilhões. E, afirma ele, há bancos internacionais dispostos a financia-las. Para o jornalista e engenheiro, o projeto deveria ser estendido à Bahia, Alagoas e Sergipe.

O Estado de São Paulo - 22 de março de 2000 - p. A12