AUTOMAÇÃO DE SISTEMAS DE IRRIGAÇÃO
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Marcelo Akira Suzuki
IRRIGATERRA - Tecnologia Agropecuária Ltda.
Fernando Braz Tangerino Hernandez
                                                                                 UNESP - Ilha Solteira
 

1. INTRODUÇÃO
No Brasil, a automação de sistemas de irrigação vem sendo implantada com maior intensidade nos últimos anos, principalmente em função do surgimento de técnicas apropriadas que vem acompanhando a modernização crescente da agricultura e abertura do mercado brasileiro às importações, principalmente com relação à irrigação localizada, liderada por empresas americanas, israelenses e européias.
A necessidade da busca da otimização dos recursos produtivos, da competividade no mercado produtivo, da necessidade de aumento de produtividade e redução de custos, levam a uma tendência de adoção de tecnologias capazes de tornar a exploração cada vez mais competitiva e rentável.

A automação se faz necessária não somente pela possibilidade de diminuição dos custos com mão de obra, mas principalmente por necessidades operacionais, tais como irrigação de grandes área no período noturno.
2. VANTAGENS
Pode-se destacar como vantagens da automação de sistemas de irrigação os seguintes itens:
 
diminuição de mão-de-obra;
possibilita irrigações noturnas sem necessidade de acompanhamento;
diminui a potência de acionamento;
diminui custo de bombeamento;
precisão nos tempos e turnos de irrigação;
eficiência na aplicação de água;

Por essas vantagens, pode-se ver que uma simples automação supre muita das necessidades de exploração racional e rentável, tais como otimização dos recursos produtivos e redução de custo.

Essas vantagens podem ser melhor visualizadas nos dois quadros a seguir, onde foram feitas análises comparativas em uma área de 9,31 hectares, plantada com uva, aplicando-se uma lâmina de projeto de 8mm/dia e um volume de 68 litros por planta por dia. O sistema de irrigação utilizado foi a microaspersão.

No Quadro 1 pode se observar que para mesma área pode-se implantar dois projetos com parâmetros técnicos diferentes, e mesmo incluindo o sistema de automação no equipamento de irrigação, o custo do projeto ainda é menor, pelo simples fato de se projetar o sistema com tempo de irrigação maior.

Com isso tem-se, a vazão do sistema menor, diâmetro da tubulação menor, capacidade de filtragem menor, potência de acionamento menor e finalmente tem-se a otimização do equipamento de irrigação.

Já no Quadro 2 pode-se observar o incremento único no projeto, que é o custo adicional que as válvulas, cabos elétricos e controlador eletrônico acarretam. Neste caso, a automação do sistema representa um acréscimo no custo de apenas R$ 6.500,00 (16,25%), o que é pequeno e pagável em pouco tempo.

Por exemplo, se considerarmos que uma fazenda remunera seu funcionário em R$ 260,00 por mês (2 salários mínimos) e considerarmos dois turnos de trabalho, teremos um custo mensal de R$ 520,00/mês. Em apenas 1 ano de trabalho já se justifica a automatização do sistema.

Em resumo, com a automatização do sistema tem-se o equipamento trabalhando eficientemente, sem reclamações trabalhistas, e liberando os funcionários para outras atividades da propriedade.

 

QUADRO 1 - Comparativo de um sistema de irrigação manual e um sistema automatizado, variando-se o tempo de irrigação.
ÍTENS
MANUAL
AUTOMÁTICO
Número de setores
05
10
Vazão do emissor (l/h)
120
120
Vazão do sistema (m3/h)
83
41,5
Tempo de irrigação/setor (h)
1.93
1,93
Tempo de funcionamento total (h)
9.65
19.3
Diâmetro da adução (polegadas)
6"
4"
Capacidade de filtragem (m3/h)
2 x 3" = 100m3/h
2 x 2 1/2" = 60m3/h
Potência de acionamento (cv)
50
25
Custo do equipamento (R$)
55.125,00
46.500,00

 

QUADRO 2 - Comparativo de um sistema de irrigação manual e um sistema automatizado com mesmo tempo de funcionamento.
ÍTENS
MANUAL
AUTOMÁTICO
Número de setores
10
10
Vazão do emissor (l/h)
120
120
Vazão do sistema (m3/h)
41,5
41,5
Tempo de irrigação/setor (h)
1,93
1,93
Tempo de funcionamento total (h)
19.3
19.3
Diâmetro da adução (polegadas)
4"
4"
Capacidade de filtragem (m3/h)
2 x 2 1/2" = 60m3/h
2 x 2 1/2" = 60m3/h
Potência de acionamento (cv)
25
25
Custo do equipamento (R$)
40.000,00
46.500,00

3. VÁLVULAS E CONTROLADORES ELETRÔNICOS
Várias são as possibilidades de automação de um sistema de irrigação e/ou adução/distribuição de água. Abaixo serão descritas os principais elementos que compõem um sistema de automação.
3.1. Válvula de Controle Elétrico
A sua abertura ou fechamento é controlado por um válvula solenóide, ativada por corrente elétrica ou por pulsos elétricos. Normalmente a tensão de acionamento dos solenóides é de 24 VAC, apresentando uma corrente de atracação e outra de retenção, que variam em função do fabricante.
3.2. Válvula de Controle Hidráulico
Este tipo de válvula tem sua abertura ou fechamento à partir de um comando de pressão, conduzido por tubos de controle, de um centro de controle remoto.
3.3. Válvula Reguladora de Pressão
Esta válvula mantém a pressão de saída constante, independentemente da flutuação da pressão de entrada e/ou da vazão. Além dessa válvula própria para regular pressão, existem as válvulas piloto que, quando acopladas em determinadas válvulas, proporcionam a estas a característica de reguladora de pressão.
3.4. Válvula de Alívio
A válvula atua abrindo-se quando a pressão na rede ultrapassa o nível de segurança, aliviando, desta forma, o excesso de pressão na rede. Quando a pressão volta ao normal, a válvula volta a se fechar.
3.5. Válvula de Controle de Vazão
Esta válvula é utilizada para limitar a vazão a um nível presente, independentemente das variações de pressão na rede.
3.6. Válvula de Controle de Bomba
Sua função é controlar a partida e parada do bombeamento de forma a torná-lo suave, para evitar os danos causados pelas ondas geradas no início e no fim do funcionamento do bombeamento (Golpe de Ariete).
3.7. Válvula de Controle de Retrolavagem
É uma válvula selecionadora, ativada pela pressão da rede, que fecha a entrada do filtro e abre a saída do fluxo de lavagem, causando um fluxo reverso no filtro.
3.8. Wireless (Manual e Controle Remoto)
São controladores que são conectados diretamente em válvulas, dispensando cabos elétricos, podendo ser programados manualmente ou por controle remoto. A fonte de energia normalmente é proveniente de uma bateria alcalina de 9V, acoplada ao controlador. Nas válvulas tipo "wireless" (sem fio) de programação manual, existem seletores acoplados que possibilitam programar o início da irrigação, a duração da irrigação e o horário, porém a faixa de programação é restrita. Já os de programação por controle remoto possuem uma faixa mais ampla de programação, além de possuir outros recursos, tal como desligamento automático (modalidade chuva). As válvulas de controle remoto via rádio ainda são proibidas no Brasil, por determinação do Ministério das Comunicações.
3.9. Controladores Eletrônicos
O controlador eletrônico em um sistema de irrigação é considerado o "gerente" da irrigação. É ele que armazena e processa todas as informações nele embutidas e faz o equipamento trabalhar de forma ordenada e eficaz. Portanto, basta saber lançar as informações e deixar por conta dele. Em geral os controladores apresentam uma fonte de alimentação de 110 ou 220V, com saída para as válvulas de 24 VAC, posssuem de 2 a 4 programas independentes, programação dos dias da semana, 3 a 16 horários de partida ("start"), tempo programado em minutos e horas, mantém a hora, data e programação em caso de queda de energia utilizando pilha alcalina 9 volts, programação individual semi-automática ou manual e admitem o acoplamento de sensor de chuva, ou outros sensores de controle da irrigação. Vários são os fabricantes destes controladores. Na Internet http://www.lawngenie.com/manuals.htm podem ser encontrados os manuais de programação da maioria deles.