A safra da laranja 2003/2004, iniciada dia 1º deste mês,
deve injetar R$ 1,08 bilhão na economia da região de Rio
Preto. É o resultado da remuneração paga ao produtor
de R$ 7,72 por caixa de 40,8 quilos, de acordo com último levantamento
do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea),
da Escola Superior de Agronomia Luiz de Queiroz (Esalq), feito na semana
passada, contra a
remuneração de R$ 7,75 em 2002.
No total, serão colhidas em todo o Estado de São Paulo
e Triângulo Mineiro cerca de 280 milhões de caixas de 40,8
quilos da fruta, das quais 50% (140 milhões de caixas) sairão
dos pomares de Barretos, Bebedouro, Catanduva, Rio Preto e Votuporanga.
No mercado spot (sem contrato), o produtor está conseguindo entre
R$ 7 e R$ 8,40 a caixa, dependendo da região. “A indústria
abriu com preço similar ao da safra anterior”, diz a economista
e pesquisadora do Cepea/Esalq Margarete Boteon. “A tendência
do mercado vai depender de quanto a indústria vai querer comprar.
Somente no mês que vem teremos um cenário mais claro sobre
o preço da laranja nesta safra.”
No mercado doméstico,
a remuneração entre as safras apresenta acréscimo
de 8,86%. Em 2002, a caixa era comercializada a R$ 7,90 e, atualmente,
já atinge a cotação de R$ 8,60. A cultura vai sofrer
queda de produção de 22,73%, segundo a Associação
Brasileira de exportadores de Cítricos (Abecitrus), em relação
às 361 milhões de caixas colhidas em 2002. Já o
Instituto de Economia Agrícola (IEA) estima queda de 7,2%, com
produção de 335,6 milhões de caixas na atual safra.
Independente das previsões, as duas entidades trabalham com a
menor oferta da fruta no mercado interno, cenário diferente do
ano passado, quando o setor apresentava crescimento da produção.
O pico da safra,
que normalmente acontece neste mês de julho, atrasou pelas condições
climáticas e só deve acontecer em setembro.
Assim, o processamento da indústria também será
mais tardio - no ano passado, em junho já havia indústria
moendo laranja. A produtividade das árvores, que no ano passado
era de 2,2 caixas por pé, agora está em 1,83 unidades.
“A estiagem durante a florada prejudicou bastante a produtividade
e deslocou a safra. A colheita das variedades precoces, como hamilin,
terminou agora e a da pera rio vai acontecer dentro de dois meses. A
safra vai se prolongar até janeiro”, afirma a pesquisadora.
O Estado de São Paulo exportou US$ 1,034 bilhão em suco
em 2002, o que representou 95,8% das vendas totais do País ao
exterior e um crescimento de 21,1% sobre o valor obtido no ano anterior,
de US$ 854,227 milhões.
Porém, neste
ano, a indústria de suco de laranja vai processar 29,6% menos
em comparação ao ano anterior, quando foram moídas
1,35 milhão de toneladas. Em 2003, o volume previsto de 950 mil
toneladas será somado a um estoque de 200 mil toneladas, segundo
a Abecitrus.
Para o presidente da entidade, Ademerval Garcia, haverá equilíbrio
de preço devido ao estoque e à conjuntura internacional.
“Apesar da queda na oferta, a demanda também segue o mesmo
ritmo. Os maiores compradores, os Estados Unidos e a Europa, estão
passando por recessão”, afirma.
O dirigente diz que a Flórida (EUA) vai produzir mais nesta safra
e também influenciará no equilíbrio dos preços.
“A Flórida trabalha com a estimativa de 220 milhões
de caixa, contra 190 milhões anteriores”, diz.
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