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CHUVA ABUNDANTE FAVORECE CULTURAS DA REGIÃO
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O elevado volume de chuvas registrado nos últimos dois meses na região de Rio Preto favorece culturas importantes na região no Noroeste paulista. É o caso do café, laranja, seringueira e pastagens. O produtor ganha duas vezes: reduz os custos com defensivos e aumenta a produtividade. No prejuízo, por enquanto, fica apenas o setor sucroalcooleiro pela perda do teor de açúcar na cana. No entanto, apesar de o volume de chuvas intenso (em média na região ocorreram 83 milimetros em agosto e 103 mm em setembro), a média histórica entre 1967 e 2009 mostra uma irregularidade muito grande, 25 mm em agosto e 65 mm em setembro. Isso indica que o produtor deve ter um pouco mais de cautela antes de iniciar o plantio de grãos da safra de grãos.

De acordo com o professor Fernando Tangerino, da Universidade Estadual Paulista (Unesp) de Ilha Solteira, o produtor deve esperar a próxima ocorrência de chuvas em quantidade de pelo menos 60 mm. “Essas irregularidades vão acontecer com frequência cada vez maior a cada ano e tornar difícil acreditar em previsão do tempo”, disse. Para as culturas perenes (que duram muitos anos), o volume de chuvas registrado até agora torna a situação mais confortável. A produção de látex que começa agora na região, deve aumentar este ano em função das chuvas. De acordo com o engenheiro agrônomo José de Azevedo Soares, do Núcleo de Produção de Sementes e Mudas, os vasos lácteos liberam mais leite, garantindo aumento de produção e mais dinheiro no bolso do produtor.

No caso da citricultura, o aumento deve ocorrer tanto na produção, quanto da redução de custos. As chuvas garantem uma floração mais homogênea nesta época do ano em função da umidade no solo. O fato permite maior frutificação e com laranjas homogêneos e de melhor qualidade. E o citricultor tem condições de fazer um controle fitossanitário mais tranquilo, com menor número de pulverizações, o que indica redução nos gastos. No caso do café, o caso é semelhante ao da laranja. A floração está ocorrendo de forma mais homogênea. As chuvas também beneficiam a pecuária leiteira e de corte, já que gera um aumento da produtividade em função da qualidade da pastagens e redução dos gastos ao produtor com alimentação artificial para complementação.

“Antes tínhamos condições de temperatura e luz para que as pastagens ficassem mais vigorosas e agora a umidade beneficiou ainda mais”, afirmou. Com a maior oferta de leite e carne ao consumidor, os preços caem no varejo. Por outro lado, as chuvas têm causado problemas ao setor sucroalcooleiro. A cana absorve uma maior quantidade de água, a planta vegeta, utilizando a energia que seria usada na concentração de sacarose para o crescimento, o que reduz o rendimento industrial. Com uma menor produtividade o preço do final aumenta e isso é repassado para o consumidor.

Seca pode ser minimizada

A racionalização de técnicas e o profissionalismo agrícola são saídas para que o produtor rural possa minimizar o impacto imprevisível do clima e, ao mesmo tempo, aumentar sua produtividade. Uma das alternativas é o plantio direto de grãos, que preserva a água no solo por mais tempo comparado ao método convencional, associado a um processo de conservação do solo que pode ser conseguido por meio de terraços, caixas e curvas de nível para retenção de água e manutenção do solo úmido por mais tempo. “Além disso, esses processos evitam que toda essa água suja vá para dentro dos rios”, disse o engenheiro agrônomo José de Oliveira Soares.

Sempre que puder, o produtor deve ainda fazer a adubação verde e orgânica, com plantio de espécies que possam ser incorporadas ao solo e beneficiar as culturas sucessivas como milho, feijão ou arroz. É o caso da guandu, mucuna, feijão de porco e nabo forrageiro, por exemplo. Os pesquisadores do Centro Integrado de Informações Agrometeorológicas (Ciiagro), Glauco de Souza Rolim e Mário José Pedro Júnior orientam que os produtores adotem ainda um sistema de drenagem da água das chuvas, que em excesso também podem prejudicar a cultura. “Se não houver uma drenagem, o excesso de água ‘afoga’ as raízes que ficam sem oxigênio”, disse Rolim.

Em função dessas irregularidades, é essencial que os produtores conheçam ainda as condições climáticas. O Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Cepetec/Inpe) faz previsão por período de 15 dias. A pesquisa deve ser feita pela internet, no site “http://tempo.cptec.inpe.br/” e em seguida “previsões numéricas”. “O ideal seria que esse produtor tivesse um sistema de irrigação, mas mesmo assim conhecer a previsão pelo menos para os próximos 15 dias é essencial”, disse Rolim. Investir em um sistema de irrigação das principais culturas, com uso do equipamento no período noturno, quando a evaporação é menor e negociar com o fornecedor uma redução no preço da energia para esse horário é outra alternativa, que, segundo Soares, torna o produtor menos dependente das chuvas.

O professor Fernando Tangerino, da Universidade Estadual Paulista (Unesp Ilha Solteira) explica que o Noroeste paulista enfrenta um déficit hídrico durante 8 meses do ano e a saída para aumento de produtividade ano a ano, inclusive em pequenas áreas, está no investimento em tecnologia, como um sistema de irrigação para uso em todas as culturas. “Investir em irrigação é mais uma questão atitude do que desculpa do preço, uma vez que esse equipamento pode ser financiado”, disse. Hoje existem no mercado linhas de crédito para investimento de até R$ 1 milhão em equipamentos de irrigação que cobram taxas de juros entre 2% e 6,75% ao ano e prazo de pagamento entre 8 e 10 anos. A irrigação é essencial para garantir a sustentabilidade das culturas caso ocorra uma estiagem prolongada.

Diário da Região,por Gisele Bortoleto, São José do Rio Preto, 16 de setembro de 2009

 

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