CITRICULTURA NEGOCIA SUCO PARA MERENDA

 

Carlos Eduardo de Souza

A Associação Brasileira dos Citricultores (Associtrus) e a Associação dos Municípios Citrícolas do Estado de São Paulo (Amcisp) apresentaram ao secretário extraordinário de Segurança Alimentar e Nutrição, José Giáccomo Baccarin, projeto para a construção de pequenas indústrias de processamento de suco natural de frutas para ser fornecido na merenda escolar.
A reunião foi realizada, no último domingo, no auditório da Credicitrus em Bebedouro e os representantes da entidade explicaram a José Baccarin a situação da concentração de compra e moagem da fruta na mão de poucas empresas que dominam o mercado.
A proposta é uma antiga reivindicação do setor e também um projeto que foi frustrado com o fechamento da Frutesp, na década de 90, uma unidade industrial cooperativa de citricultores que funcionavam em Bebedouro e que foi adquirida pela Coinbra.
De acordo com o Iberê Rodrigues Fernandes, assessor da Associtrus, o projeto ainda está em fase de dimensionamento de capacidade de produção e de custos para a implantação de unidades. Além da moagem da fruta, as pequenas indústrias cooperativas fariam pasteurização, envasamento e o resfriamento do produto em câmaras frias.
“Na parte da moagem, as pequenas indústrias seriam projetada para utilizar a principal fruta da região. Por que moer laranja numa região onde a fruta predominante é o abacaxi?”, afirmou.
Estima-se que o consumo de suco de laranja na merenda escolar no Estado de São Paulo varie entre 30 e 32 milhões de caixas de laranja por ano. Cerca de 10% da fruta colhida para a indústria no Estado. Para a Associtrus e Amcisp, além de assegurar alimento com excelente qualidade nutricional para alunos do ensino fundamental, ampliar o mercado interno paulista e nacional e fortalecer a economia de municípios citrícolas, o consumo de suco durante a infância contribuiria para criar um público de adultos consumidores dessa bebida.
Segundo Iberê Fernandes, a inclusão do suco de laranja na merenda escolar é uma antiga luta do setor. Um projeto de lei já foi aprovado na Assembléia Legislativa de São Paulo e vetado pelos governadores Mário Covas e Geraldo Alckmin porque apenas propunham a adoção de suco de laranja na merenda escolar da rede pública. “A lei deve ser alterada e estabelecer suco de fruta natural. Deve determinar qual tipo de suco é irregular”, afirmou.
Por causa da sazonalidade da fruticultura, a Associtrus e Amcisp estudam uma forma de permitir uso de suco concentrado de laranja nos períodos de entressafra, quando a oferta de fruta é menor. “Poderia ser admitido um percentual de suco concentrado para a manutenção de aspectos como cor e sabor, a exemplo dos Estados Unidos fazem com o nosso produto”, afirmou.

 
"LARANJA BRASIL" APRESENTA ESTUDO

O “Laranja Brasil” apresentou ontem, em Ribeirão Preto, estudo elaborado pelo Programa de Estudos dos Negócios do Sistema Agroindustrial (Pensa) sobre iniciativas, vantagens e desvantagens que podem interferir no mercado interno da fruta e suco de laranja.
De acordo com o professor de Marketing e Estratégia da Faculdade de Economia e Administração da USP de Ribeirão Preto, Marcos Fava Neves, existem várias oportunidades para o setor como o comportamento mais exigente do consumidor que tem maior preocupação com saúde e qualidade de vida, baixo consumo per capita comparado ao de outros países, aumento no consumo de frutas e alta capacidade e aptidão do setor produtivo.
Por outro lado, Neves aponta como restrições a falta de recursos para campanhas que estimulem consumo, a carga tributária pesada, baixo poder aquisitivo da população e má distribuição de renda, dificuldade do varejo padronizar a qualidade do suco, dietas que preconizam consumo baixas calorias.
O professor da USP sugeriu na apresentação do estudo 37 iniciativas a serem adotadas para fortalecer o mercado interno como disseminar informações sobre a qualidade nutricional da laranja e do suco, desenvolvimentos de sucos de laranja com menos calorias, posicionamento de produtos para públicos sofisticados ou populares com praticidade de uso e mais funcionais.
Neves também sugere parceria entre empresas para levantar fundo para campanhas institucionais, lobby por redução de tributos.

 
Diário da Região, Ano 55, nº 15.443, São José do Rio Preto, 25 de Agosto de 2004, p. 4A



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