TEMPO SECO AUMENTA POLUIÇÃO EM RIO

Andrea Inocente

O mau cheiro do rio Preto,ao longo da avenida Philadelpho Gouvea Neto, no trecho que corta os bairros Maceno, Vila Angélica e Anchieta, tem incomodado há vários dias moradores e comerciantes da área. O odor é mais forte geralmente pela manhã e ao final da tarde, quando também aumenta a concentração de pernilongos no local. De acordo com a Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental (Cetesb), a intensificação do mau cheiro está relacionada à ausência de chuvas no município, o que faz com que o nível de água no rio caia, aumentando a concentração de poluentes. A área recebe ainda água de galerias pluviais de bairros próximos, que podem conter lançamentos clandestinos de esgoto. “Com a estiagem prolongada, a vazão dos rios diminui, o que aumenta eventualmente o odor exalado pela água.
O fenômeno ocorre principalmente quando há inversão de temperatura - manhã fria e tarde quente. A única solução para o cheiro diminuir seria chover”, explica o coordenador da regional da Cetesb em Rio Preto, José Benitz. De acordo com o Núcleo de Produção de Sementes de Rio Preto, há 45 dias não chove na cidade. A última chuva foi registrada no dia 10 de julho. Se até o final deste mês não chover, será o mês de agosto mais seco dos últimos três anos. Proprietários de imóveis nesses bairros têm sido obrigados a permanecer durante boa parte do dia com as janelas fechadas para tentar evitar o cheiro de esgoto que fica no ar. “É insuportável, calor e mau cheiro juntos. Se você abre a casa fica tudo cheirando mal, até o vento”, afirma a dona-de-casa Cristina Reis, 27 anos, que mora a uma quadra da avenida Philadelpho, na Vila Angélica.
 
PROBLEMAS RESPIRATÓRIOS

O tempo seco também tem aumentado os casos de problemas respiratórios e doenças pulmonares na população, sendo que as crianças são as mais atingidas. As Unidades Básicas de Saúde (UBSs) do município registraram um aumento desde junho de 30% em referência a esse tipo de consultas, segundo a Secretaria de Saúde de Rio Preto. “Por esse motivo, foi passado um alerta a todos os pediatras e profissionais de saúde que lidam diretamente com crianças. Foi reforçado que os médicos em questão devem realizar um bom exame clínico e ficar atentos aos casos de febre, por exemplo”, afirma o coordenador da Vigilância Epidemiológica, Eduardo Lázaro. Para evitar possíveis problemas respiratórios nestes dias de temperaturas altas e tempo seco, é aconselhável a ingestão de líquidos, frutas e evitar a permanência em ambientes fechados. “As mães também podem colocar bacias com águas no quarto das crianças, o que faz com que a umidade do ar aumente e a sensação de incômodo diminua”, diz o médico.

UMIDADE
De acordo com o Centro de Previsão do Tempo e Estudos Climáticos (CPTEC), de Cachoeira Paulista, não há previsão de chuva para os próximos dias na região. Ontem, a umidade relativa do ar às 14 horas era de 21% quando o normal é pelo menos 50%. Já a temperatura registrada foi de 33ºC. “A região ainda está em nível de atenção, que já é preocupante, porém a tendência é de que despenque ainda mais a umidade, o que pode aumentar o desconforto geral da população”, afirma o meteorologista Gustavo Escobar, do CPTEC.
 



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