CENÁRIO CITRÍCOLA

 


A iniciativa da Associação Brasileira de Citricultores (Associtrus) em elaborar uma planilha de custos para o setor, uma nova ferramenta que permite ao pequeno e médio citricultor avaliar detalhadamente a rentabilidade de cada talhão do pomar, marca um novo período na citricultura brasileira. A partir deste termômetro, o produtor poderá avaliar melhor o andamento de seu negócio e negociar melhor sua produção com a indústria.
A planilha foi apresentada esta semana, em Bebedouro, diante de várias entidades ligadas à atividade citrícola. Ela abre a prespectiva de que o produtor deixe de ser refém das indústrias de suco concentrado e passe a atuar como agente ativo na definição do mercado. Ela surge em um cenário em que a guerra da informação, estratégia de negociação, volume de fruta a ser colhida e tamanho do estoque influenciam diretamente o bilionário negócio da fruticultura brasileira.
A próxima safra, que oficialmente inicia-se no segundo semestre de 2005, terá alguns componentes que reaparecem no cenário citrícola e outros novos. O primeiro tópico a ser considerado no quadro que se desenha é a quebra da produção norte americana por causa dos furacões na região citrícola do Golfo do México. Problemas climáticos no Hemisfério Norte ainda são um dos principais balizadores de preços da fruta cultivada em Rio Preto, Bebedouro, Fernandópolis e outros municípios da região. Mas também existe a expectativa de quebra na produção paulista, decorrente da seca intensa que os pomares enfrentaram no segundo semestre de 2004.
Some-se, agora, a possibilidade da citricultura contar, pela primeira vez, com um levantamento oficial, feito por meio de recursos de geoprocessamento do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa).
O avanço do plantio de cana-de-açúcar sobre os pomares de laranja é decorrente da instabilidade que o citricultor enfrenta em relação à remuneração que recebe pela fruta e do aumento dos custos no combate às pragas e doenças. Os dois casos são preocupantes para o setor. Além disso, depois de muitos anos, o setor produtivo da citricultura tenta se articular com a ressurreição da Associtrus, a fundação da Associação dos Municípios Citrícolas Paulistas (AMCISP) e a criação da Câmara Setorial da Citricultura.
Com avaliações detalhadas sobre a rentabilidade de cada talhão do pomar, a planilha é uma mostra de como os setores produtivos do agronegócio brasileiro podem -e devem- se organizar. No mundo globalizado atual, esta é a única resposta capaz de vencer o desafio imposto pelos grandes grupos que dominam o mercado internacional.

 
Diário da Região, Ano 55, nº 15581, São José do Rio Preto, 29 de janeiro de 2005, p. 2A.



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