Conselho decide cobrar pelo uso das águas dos rios

Sandra Sato

 


Por 18 votos a favor e um contra, o Conselho Nacional de Recursos Hídricos aprovou a proposta do Comitê para a cobrança de taxa pelo uso das águas da Bacia Hidrográfica do Paraíba do Sul. Esta será a primeira vez que o setor privado e prefeituras pagarão pela utilização de recursos naturais. A taxa será de R$ 0,02 por metro cúbico de água captada e devolvida suja e R$ 0,008 por metro cúbico de água devolvida limpa.
Inicialmente a medida vai atingir apenas o setor industrial e companhias de saneamento. De acordo com o Comitê, a cobrança afetará cerca de 7 mil indústrias, localizadas em 180 cidades de São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro. Até junho, o Conselho pretende definir a participação de outros usuários.
A medida está prevista na Lei de Gerenciamento de Recursos Hídricos e precisava ser aprovada pelo
conselho para entrar em vigor. Pela proposta, os que usam e poluem os recursos naturais vão assumir
os encargos financeiros de sua recuperação. O valor será pago por todos os usuários que têm outorga
dos governos federal e estadual para usar a água dos rios.
Segundo o ministro do Meio Ambiente, José Carlos Carvalho, a cobrança não terá impacto no custo das empresas e, num primeiro momento, não deverá ser repassada ao consumidor porque os valores são residuais. A idéia, segundo o ministro, é que o próprio comitê tenha uma agência operacional para
administrar a cobrança.
Carvalho garantiu que não há nenhuma intenção de transformar a taxa em receita de governo. Segundo
ele, o que for arrecadado estará vinculado à recuperação da bacia, programas de reflorestamento de
matas ciliares, proteção de nascentes, recuperação de áreas degradadas e tratamento de esgoto e lixo.

Voto contrário:
O único voto contrário à cobrança foi do representante da Confederação Nacional da Agricultura (CNA),
Jairo Lousa, que defende a questão dos irrigadores utilizados pelos produtores rurais. O argumento é de que os produtores têm um custo "altíssimo" para a conservação do solo e da fauna, não recebem nada para manter essa conservação e vão ter mais um encargo, com a cobrança pelo uso dos recursos naturais.
O ministro do Meio Ambiente se surpreendeu com a reação e considerou o voto de Lousa ideológico.
Segundo o ministro, a cobrança do setor agropecuário só virá em outra resolução que será submetida
ainda à aprovação do Conselho.



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