RESUMO: A cultura da pupunha, como cultura alternativa para produtores e ambientalistas, vem
se destacando tendo em vista as suas qualidades agronômicas, ecológicas, industriais e comerciais.
Por ser uma cultura recente em sua exploração comercial, na região noroeste paulista essa
cultura é bastante carente em informações técnicas, principalmente na maneira e época
de aplicação de fertilizantes. Portanto, foi instalado um experimento na UNESP Ilha Solteira-SP,
em uma área irrigada por microasperção, conduzido em 4 tratamentos, onde: o tratamento 1 foi
adubado de 3 em 3 meses; o tratamento 2 foi fertirrigado mensalmente; o tratamento 3 foi fertirrigado de 3 em 3
meses; e o tratamento 4 fertirrigado de 2 em 2 meses. Em 02 de março de 2000 (cultura com 22 meses) foi
realizada o primeira colheita, a partir de então foram realizados cortes bimestrais. Considerando a produção
de palmito dos três primeiros cortes, onde foi colhidas apenas plantas mãe, o tratamento 1, 2 e 4
apresentaram maior produção de palmito, com produção de 1,41, 1,38 e 1,22 t/ha, respectivamente,
e o tratamento 3 apresentou uma produção menor de 0,8 t/ha, mostrando que a adubação
manual pode ser substituída inicialmente pela fertirrigação desde que parcelada mensal ou
bimestralmente.
INTRODUÇÃO: Na produção racional de palmito, a pupunheira
se destaca das demais espécies produtoras, por apresentar perfilhamento (permite sucessivos cortes sem matar
a planta), rusticidade (pouco exigente em tratos culturais) além de não possuir substâncias
oxidantes que escurece o palmito após o corte, o que facilita sua industrialização e possibilita
a sua comercialização in natura. A pupunheira apesar da sua grande exigência em água
é uma espécie que demonstrou-se bastante adaptada à região noroeste do estado de São
Paulo. LOPES & HERNANDEZ (1999), pioneiros em estudos com a cultura na região recomendam seu cultivo
para produção de palmito desde que se faça o complemento da água com o uso de irrigação.
Desde a divulgação dos primeiros resultados de viabilidade da cultura na região, muitos produtores
apontam a cultura como um bom investimento econômico. Porém, observa-se que no custo de produção,
os gastos com irrigação e adubação se destacam. Face a isso, realizou-se este estudo
no sentido de diminuir os custos de produção e até mesmo aumento de produtividade com o uso
da técnica da fertirrigação, haja visto, que a que a adubação e irrigação
são duas técnicas obrigatórias e onerosas, a proposta é a realização
das duas atividades juntas, onde se diminui os gastos com mão-de-obra na aplicação de fertilizantes
sem aumento significativo no custo da aquisição de equipamentos adicionais. Dessa maneira, esse trabalho
visou comparar a adubação manual com o uso da fertirrigação, assim como, identificar
as melhores épocas de aplicação observando seus efeitos na produtividade de palmito.
MATERIAL E MÉTODOS: O experimento foi instalado na Área Experimental
de Agricultura Irrigada da Fazenda de Ensino e Pesquisa / SP da Faculdade de Engenharia de Ilha Solteira - UNESP,
com coordenadas geográfica 20o 22' de Latitude Sul e 51o 22' de Longitude Oeste e com altitude média
de 335m. O clima da região, segundo a classificação de Köppen, é do tipo Aw, definido
como tropical úmido com estação chuvosa no verão e seca no inverno, apresentando temperatura
média anual de 24,5oC, precipitação média anual de 1.232 mm e uma umidade relativa
média anual de 64,8% (HERNANDEZ et al, 1995). Sob um solo, que foi classificado como, Podzólico
Vermelho Escuro, eutrófico, textura arenosa, segundo o IPT, citado por CARVALHO e MELLO (1989). O experimento
contou com 4 tratamentos e 4 repetições cada, onde os tratamentos foram: adubação manual
4 vezes ao ano, fertirrigação 12 vezes ao ano, fertirrigação 4 vezes ao ano, e fertirrigação
6 vezes ao ano, onde se adotou os tratamentos de 1 a 4 respectivamente, sendo que o total anual de nutrientes aplicados
foi de 230 kg de N, 30 kg de P205 e 100 kg de K20 por hectare. O fósforo foi aplicado manualmente em todos
os tratamentos trimestralmente. O delineamento experimental utilizado foi o inteiramente casualizado, onde se optou
pelo teste de Tukey para análise estatística. As plantas foram distribuídas com um espaçamento
2,0 x 1,0 metros (entre linha e entre plantas respectivamente) e o sistema de irrigação utilizado
foi a microaspersão, com 1 microaspersor (101,8 l/h) para cada 8 plantas, onde o sistema apresenta em linhas
alternadas. As plantas foram colhidas quando atingiram 10 centímetros de diâmetro (plantas-mãe)
a 50 cm de altura do solo.
RESULTADOS E DISCUSSÃO: Os resultados obtidos mostraram que não há
diferença significativa entre os tratamentos 1, 2 e 4, sendo o tratamento 3 o que menor produção
se observou, tornando-o diferente dos tratamentos 1 e 2 a nível de 5% de probapilidade, como pode ser observado
no Quadro 01.
QUADRO 1 - Valores médios da produção de palmito
de Pupunha em (t/ha) referente as 3 primeiras colheitas realizadas aos 22, 24 e 26 meses de idade.
Tratamento
Produção (t/ha) |
1 |
Adubação manual trimestral |
1,405 A
|
2 |
Fertirrigação mensal |
1,375 A
|
3 |
Fertirrigação de bimestral |
1,215 AB
|
4 |
Fertirrigação trimestral |
0,800 B
|
Coeficiente
de variação = 20,76%
Médias seguidas de mesma letra, na mesma coluna, não diferem
estatisticamente entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade
Os dados mostram, que, a adubação manual pode ser substituída
inicialmente pela fertirrigação sem causar perda significativa
de produtividade. Mas, antes de optar por essa técnica, tende-se
realizar um estudo de parcelamento da fertirrigação, para
não correr riscos. Este trabalho mostra bem isso, pois a produção
se manteve, quando se realizou a fertirrigação parcelada
mensalmente e em 2 em 2 meses. Causando uma perda na produção
já bastante significativa quando se parcelou em 3 em 3 meses.
CONCLUSÃO: A fertirrigação
para produção de palmito pupunha na região noroeste
paulista, é uma técnica que pode ser adotada até
as três primeiras colheitas, sem perda significativa na produção.
Isso, se sua prática for feita parcelada mensal ou bimestralmente.
O que economicamente é bastante viável, devido a economia
de mão de obra.
REFERÊNCIA
BIBLIOGRÁFICA
BOVI, M.L.A., CANTARELLA, H. Pupunha para extração de
palmito. In: RAIJ. V. et al (Ed.) Recomendações de adubação
e calagem para o Estado de São Paulo./ 2.ed. Campinas: IAC, 1996.
p.240-2.(Boletim Técnico, 100).
CARVALHO, M. P., MELLO, L.M.M. Classificação da capacidade
de uso da terra do antigo pomar da Fazenda de Ensino e Pesquisa da Faculdade
de Engenharia de Ilha Solteira - FEIS/UNESP. Ilha Solteira: UNESP/FEIS,
1989. 46p.
HERNANDEZ, F.B.T., LEMOS FILHO, M.A.F., BUZETTI, S. Software HIDRISA
e o balanço hídrico de Ilha Solteira. Ilha Solteira, UNESP
/ FEIS / Área de Hidráulica e Irrigação,
1995. 45p. (Série irrigação, 1).
LOPES, A S. et al Manejo da irrigação na Cultura da Pupunha
no Noroeste Paulista. Ilha Solteira : Agronomia (Departamento de Ciência
do Solo e Engenharia Rural). Congresso de Iniciação Científica,
21, 1999 Botucatu-SP. 1999. p.194. Anais... Botucatu: FMVZ, 1999.p.194.
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