IRRIGAÇÃO NA FIGUEIRA |
Fernando
Braz Tangerino Hernandez
UNESP - Ilha Solteira. Caixa Postal 31 CEP 15.385-000. Fone/fax: (18) 762-3151 E_mail: fbthtang@agr.feis.unesp.br http://www.agr.feis.unesp.br/IRRIGACAO.html |
|
|
Introdução |
|
Considerações Finais |
|
Clima |
|
Agradecimentos |
|
Sistemas de Irrigação |
|
Bibliografia Consultada |
|
Manejo da Irrigação |
|
Vejam as Fotos... |
TABELA 1 | Médias mensais e totais médios no período entre 1967 e 1998 em Ilha Solteira - SP. |
MESES |
T.M. * |
U.R. ** |
Insolação # |
Ventos |
ECA ## |
Chuvas |
ETo-Penman (mm/dia) § |
|
oC |
% |
horas/dia |
km/dia |
mm/dia |
Mm |
1967- 98 |
1994 |
|
Janeiro |
26,5 |
69,8 |
6,8 |
145,2 |
5,6 |
211,2 |
5,6 |
5,6 |
Fevereiro |
26,8 |
69,2 |
7,0 |
137,4 |
5,9 |
165,4 |
5,5 |
6,3 |
Março |
26,6 |
68,4 |
7,3 |
131,5 |
5,5 |
133,8 |
5,2 |
5,5 |
Abril |
24,9 |
66,0 |
8,1 |
140,2 |
5,3 |
91,1 |
4,9 |
4,1 |
Maio |
22,6 |
65,1 |
7,8 |
141,0 |
4,8 |
66,1 |
4,2 |
4,8 |
Junho |
21,4 |
64,3 |
7,6 |
148,8 |
4,5 |
34,2 |
3,9 |
4,4 |
Julho |
21,5 |
58,9 |
8,2 |
168,8 |
5,4 |
19,3 |
4,3 |
5,9 |
Agosto |
23,2 |
53,0 |
7,9 |
176,2 |
6,6 |
23,7 |
5,2 |
8,2 |
Setembro |
24,3 |
61,1 |
6,7 |
182,8 |
6,6 |
69,2 |
5,3 |
9,8 |
Outubro |
25,7 |
60,2 |
7,5 |
161,2 |
6,7 |
118,8 |
5,9 |
8,1 |
Novembro |
26,1 |
67,2 |
7,6 |
161,7 |
6,7 |
141,8 |
5,8 |
7,8 |
Dezembro |
26,4 |
68,6 |
6,3 |
153,0 |
6,1 |
181,0 |
5,5 |
7,2 |
Média ou Totais |
24,7 |
64,3 |
7,4 |
154,0 |
5,8 |
1255,6 |
5,1 |
6,5 |
* Temperatura média; ** Umidade Relativa; #
Número de horas de brilho de sol; ## Evaporação do Tanque Classe A; § Evapotranspiração de referência estimada por Penman-FAO |
A seguir são descritos os principais sistemas de irrigação que podem ser utilizados para a irrigação da cultura da figueira. 3.1. ASPERSÃO
3.1.1. Convencional Sistema portátil: Todas as linhas e componentes deslocam-se na área irrigada. A superfície total a ser irrigada pode ser dividida em parcela e o sistema é desmontado após a irrigação de uma parcela e montado em uma outra. Até mesmo a unidade de bombeamento pode ser desmontada; apresenta menor custo inicial de aquisição do equipamento, porém, o custo operacional é maior devido à quantidade de mão-de-obra requerida no deslocamento das tubulações. Sistema semi-portátil (ou semifixo): As linhas principais e secundárias permanecem fixas e as linhas laterais se deslocam nas diferentes posições da área irrigada. As linhas principal e secundárias podem ou não ser enterradas. Assim como no sistema portátil, as tubulações, conexões e acessórios são leves, facilitando o deslocamento manual. Sistema fixo permanente: Todas as tubulações do sistema na área irrigada são enterradas e apenas os registro e as hastes dos aspersores afloram à superfície do terreno. Este sistema apresenta alto custo de aquisição, justificando-se para irrigação de áreas pequenas, culturas de elevada valor econômico e mão-de-obra escassa ou cara. São utilizados para irrigação de gramados e jardins (neste caso, os aspersores podem ser escamotáveis). Sistema fixo temporário: As tubulações (linhas principal, secundárias e laterais) não são enterradas e sim dispostas sobre o terreno e permanecem fixas durante o ciclo da cultura, podendo ser deslocadas para outras áreas no final do ciclo. Os aspersores utilizados nos sistemas convencionais de irrigação operam normalmente com pressões de serviço da ordem de 30 mca e estes sistemas são ainda muito utilizados. A uniformidade da distribuição de água é função principalmente do espaçamento entre emissores e quanto maior o espaçamento entre emissores, menor o custo de implantação. 3.1.2. Autopropelido 3.2. IRRIGAÇÃO LOCALIZADA
3.3. ASPECTOS ECONÔMICOS
Na realidade, ela constituí um conjunto de operações (compondo em si um sistema) necessário ao atendimento das necessidades de água para as plantas, bem como eliminar seus excessos, que transcedem à relação solo-água-planta, pura e simplesmente. Agrega-se, aí, o clima, o homem, além de outros campos do conhecimento da humanidade com tamanha abrangência, que hoje tem-se intitulado conhecimentos básicos das ciências ambientais. A ciência e a arte da irrigação, como definida desde seus primórdios são abrangentes e interdisciplinares, passando pelo campo das ciências agrárias, exatas (engenharia hidráulica, civil, elétrica, etc.), sociais (economia, sociologia, política, etc). Nenhuma delas é mais importante que a outra, pois quando da decisão final quanto ao uso da água, todos esses fatores conjuntamente têm que ser levados em conta. Sistemas devem serem entendidos como um conjunto de elementos que se integram e que atuam agrupadamente para o objetivo geral do todo. Quem se dedica à irrigação, queira ou não, deve ter um conhecimento eclético, entender de todo o processo de produção até a comercialização, estar, portanto, habituado a trabalhar com equipes multidisciplinares. Não pode ser um especialista em generalidades, não podendo, no entanto, prescindir de uma sólida formação generalista nessas áreas. É consenso que o irrigante está de posse da mais moderna tecnologia de produção agrícola disponível, pois juntamente com um programa de adubação equilibrado, ele reúne todas as condições para que seu material genético em campo, expresse todo seu potencial produtivo, o que certamente não seria obtido sem esses insumos acima. Ainda, atualmente estes dois insumos, água e nutrientes, passam a andar juntos, sendo possível disponibilizá-los ao solo ao mesmo tempo, através da fertirrigação com inúmeras vantagens. Assim, os profissionais que labutam no ramo da irrigação não conseguiram ainda sensibilizar os produtores da importância de se fazer o manejo da irrigação, sendo este considerado ainda o principal desafio da irrigação. Não basta jogar água, tem que se fazer irrigação e fazer irrigação é saber colocar a água no momento e na quantidade certa. Água de menos, a planta não pode exprimir todo o seu potencial produtivo, enquanto que água em excesso, leva ao desperdício de energia, dinheiro, nutrientes (lixiviação) e da própria água, um bem cada vez mais escasso. Então, fazer o manejo da irrigação faz bem ao bolso e ao meio ambiente. No manejo da irrigação surge a palavra freqüência de irrigação ou turno de rega, que nada mais é do que o número de dias decorridos entre uma irrigação e outra. A freqüência de irrigação poder ser fixa ou variável, dependendo da postura assumida pelo irrigante. A freqüência de irrigação fixa traz consigo a vantagem da possibilidade da programação das atividades ligadas à irrigação das culturas, uma vez que se sabe por antecipação o quando irrigar, ficando apenas a definição de quanto irrigar. Por outro lado, com uma freqüência de irrigação variável, não se sabe exatamente quando se praticará a irrigação, mas é possível ter em mãos uma aproximação bastante boa de quanto de água aplicar. Antes de se iniciar um processo de irrigação é necessário um conhecimento da cultura que será irrigada. Assim, as fases da cultura ou ciclo fenológico, as exigências de água e seus períodos críticos devem ser conhecidos. Existem três processos básicos de se controlar a irrigação: processos baseados nas condições atmosféricas, nas condições de água do solo e nas condições de água nas plantas. Pode ser feita também a conjugação do controle da irrigação via atmosfera e via solo. Antes de se conhecer ou definir qual tipo de controle a ser adotado, o irrigante deve ter em mente, que quando maior a profundidade efetiva do sistema radicular, melhor para a cultura. O aumento do sistema radicular da planta é proporcional umidade do solo, onde este aumento está diretamente relacionado com a produtividade, pois quanto maior o sistema radicular, maior o volume de raízes à explorar a água fornecida ao solo. 4.1. Processo baseado nas condições do solo CAD = (qCC - qPMP) x PESR Assim, se um determinado solo possui uma umidade na capacidade
de campo (CC) de 0,260 cm3.cm-3 e uma umidade no ponto de murcha permanente (PMP) de 0,083 cm3.cm-3
e a profundidade efetiva do sistema radicular é de 300 milímetros (30 cm), tem-se uma CAD de 53,1
mm. Ou seja, nosso "reservatório" deverá ter uma capacidade de 53,1 mm. Se considerarmos
uma água disponível (AD) de 50%, nossa maior irrigação será de 26,6 mm. Acima
deste valor estaríamos substituindo o ar do solo por água, podendo trazer problemas para a cultura
pelo excesso de água.
À rigor, o potencial matricial tem o seu valor negativo, portanto, quanto menor seu valor, menor também será a umidade do solo. Mas na prática, utiliza seu valor em módulo, para simplificar sua utilização. Quando não se dispor da curva característica do solo, deve ser adotado um potencial matricial crítico baseado em pesquisas ou informações de literatura. Para a cultura da figueira, o uso de um potencial matricial (ou tensão) de manejo de -400 cca (centímetros de coluna de água) á 20 centímetros de profundidade pode ser considerado crítico, ainda que este valor está extremamente relacionado com a capacidade de água disponível dos solos. Ao se praticar uma irrigação deve-se aplicar uma quantidade de água tal que o solo fique com a umidade na capacidade de campo. Esta pode ser adotada como a umidade correspondente à -100 centímetros de coluna de água. Para a transformação do potencial matricial em porcentagem da CAD, é necessária a conversão deste para umidade atual. 4.2. Processo baseado nas condições atmosféricas ETc = ECA x Kp x Kc ou simplesmente ETc = ECA x K Ou seja a necessidade da irrigação passa a ser
definida a partir de um coeficiente determinado em pesquisa científica. OLITTA et al (1979) estudaram a
irrigação na cultura do figo irrigada por gotejamento em Piracicaba e encontraram fatores K de 0,4
e 0,8 em dois anos de estudos, porém sugerem novas experimentações, com mais tempo para avaliação.
|
TABELA 2 | Produtividade de frutos de figo na região de Ilha Solteira, de acordo com a lâmina hídrica recebida. |
LÂMINA APLICADA* |
FRUTOS MADUROS |
FRUTOS VERDES |
TOTAL |
mm/ano |
(kg/ha) |
||
738 mm - Somente chuvas |
1149,31 |
2433,46 |
3582,77 |
979 mm - 0,25 % ECA** |
10101,41 |
2965,87 |
13067,28 |
1461 mm - 0,50% ECA |
14069,47 |
2714,13 |
16783,60 |
1702 mm - 0,75 % ECA |
15402,09 |
1759,27 |
17161,36 |
1946 mm - ECA |
12879,89 |
2271,42 |
15151,31 |
2193 mm - 1,25% ECA |
13138,92 |
2948,51 |
16087,43 |
* Quantidade de água recebida
pelas plantas entre a poda e a colheita final Em outras palavras, se a opção for trabalhar
com a ETo diretamente e considerando ainda que na região oeste do Estado de São Paulo, o Kp médio
é de 0,75, o coeficiente de cultura (Kc) para a figueira é igual a 1.
É oportuno relatar que todos os trabalhos conduzidos por HERNANDEZ e equipe em Ilha Solteira foram feitos em épocas de poda semelhantes à região de Valinhos, onde as colheitas foram realizadas entre os meses de outubro à março. No entanto, SANTOS (1994 e 1997) estudou o efeito de épocas de poda sobre a produção de frutos maduros e verdes de figo e concluiu que sob condições de irrigação é possível a produção em épocas distintas da principal região produtora, ou seja, é possível oferecer o produto na chamada entre-safra, onde os preços do produto atingem maiores valores, consequentemente remunerando melhor o produtor.
DOORENBOS, J.; PRUITT, W.O. Necessidades hídricas das culturas. Traduação de GHEYI, H.R. et al, Campina Grande, UFPB, 1997. 204p. (Estudos FAO: Irrigação e Drenagem, 24). HERNANDEZ, F.B.T. Agricultura Irrigada e Atuação da UNESP no Oeste Paulista. In: SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE FRUTICULTURA IRRIGADA, 1, 1998, Jales. Anais...Ilha Solteira: (1998) UNESP/FEIS - Área de Hidráulica e Irrigação, p.4-7, 1998. HERNANDEZ, F.B.T. Curso de Capacitação em Agricultura Irrigada, 1, 1999, Ilha Solteira. Ilha Solteira: (1999) UNESP/FEIS - Área de Hidráulica e Irrigação, 1999, 55p. HERNANDEZ, F.B.T., LEMOS FILHO, M.A.F., BUZETTI, S. Software HIDRISA e o balanço hídrico de Ilha Solteira. Ilha Solteira, FEIS/UNESP, 1995. 45p. (Série Irrigação, 1). HERNANDEZ, F.B.T.; MODESTO, J.C.; CORRÊA, L.S.; BUZETTI, S. Níveis de nitrogênio e irrigação suplementar na cultura do figo (Ficus carica L.). In: CONGRESO LATINOAMERICANO DE LA CIENCIA DEL SUELO, 12, Salamanca, 1993, Anais... v. 2, p. 703-710, 1993. HERNANDEZ, F.B.T.; MODESTO, J.C.; YOKOTA, M.A.; CORRÊA, L.S.; ZOCOLER, J.L. Efeitos de lâminas de irrigação e níveis de nitrogênio sobre os principais parâmetros produtivos da cultura do figo (Ficus carica L.). In: CONGRESSO BRASILEIRO DE ENGENHARIA AGRÍCOLA, XXI, 1992, Santa Maria, Anais... v.2 "B", p.875-885. HERNANDEZ, F.B.T.; SUZUKI, M.A.; BUZETTI, S.; CORRÊA, L.S. Efeitos de lâminas de irrigação e níveis de nitrogênio na cultura do figo (Ficus carica L.) - Safra 1991/1992. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE ENGENHARIA AGRÍCOLA, XXII, 1993, Ilhéus, Anais... , v.4, p.2410-2421. HERNANDEZ, F.B.T.; SUZUKI, M.A.; BUZETTI, S.; CORRÊA, L.S. Resposta da figueira ao uso da irrigação e nitrogênio na região de Ilha Solteira. Scientia Agricola, Piracicaba, v. 51, n.1, p. 99-104, 1994. HERNANDEZ, F.B.T.; SUZUKI, M.A.; FRIZZONE, J.A.; TARSITANO, M.A.A.; PEREIRA, G.T.; CORRÊA, L.S. Função de resposta da figueira (Ficus carica L.) à aplicação de doses de nitrogênio e lâminas de água. Revista Engenharia Agrícola, Jaboticabal, v.16, n.2, p.22-30, 1996. KOBAYASHI, M.K.; TARSITANO, M.A.A.; HERNANDEZ, F.B.T. Análise econômica da irrigação e adubação na cultura do figo na região de Ilha Solteira - SP. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE ENGENHARIA AGRÍCOLA, XXII, 1993, Ilhéus, Anais..., v.4, p. 2435-2447. LOPEZ, J.R; ABREU, J.M.; REGALADO, A.P.; HERNANDEZ, J.F.G. Riego localizado. Madrid. Ediciones Mundi-Prensa, 1992. 405p. PAZ, V.P.S.; FOLEGATTI, M.V.; DUARTE, S.N. Irrigação por aspersão e localizada. In: HERNANDEZ, F.B.T. (ed.) Curso de Capacitação em Agricultura Irrigada, 1, 1999, Ilha Solteira. Ilha Solteira: (1999) UNESP/FEIS - Área de Hidráulica e Irrigação, p.1-14, 1999. OLITTA, A.F.L.; SAMPAIO, V.R.; BARBIN, D. Estudos de lâmina e frequência da irrigação por gotejo na cultura do figo. Piracicaba, O Solo, v.71, n.2, p.9-22, 1979. SANTOS, S.C. Efeito de épocas de poda sobre a produção e qualidade dos frutos da figueira (Ficus carica L.), cultivada em Selvíria - MS. Ilha Solteira, FEIS-UNESP, 1994. 45p. (Trabalho de Graduação). SANTOS, S.C. Efeito da época de poda e do número de ramos sobre o desenvolvimento, produção e rentabilidade da figueira (Ficus carica L.), cultivada em Selvíria - MS. Ilha Solteira, FEIS-UNESP, 1997. 67p. (Dissertação de Mestrado). * Palestra proferida em 19 de novembro de 1999 durante o I Simpósio Brasileiro sobre a Cultura da Figueira, realizado em Ilha Solteira - SP. |
|