Em
sua visita ao Brasil, o presidente mundial da Intel, Craig Barret, concedeu
entrevista exclusiva ao "Progama Econômico" (TV Cultura),
que irá ao ar hoje, às 21h40. Na opinião de Barret,
a maioria dos novos pólos de produção para hardware,
especialmente semicondutores, ficará em países asiáticos,
mas principalmente na China. O Brasil terá pouca chance de entrar
nesse mercado, já consolidado. Já a indústria de
software será mais diversificada geograficamente, por requerer
menos investimento em capital, e menos infra-estrutura.
Ele acredita que os próximos pólos dessa indústria
surgirão na Rússia, na Índia, na China e em alguns
outros países asiáticos. O Brasil tem possibilidade de
entrar nesse grupo, devido ao crescimento forte na sua infra-estrutura
de software, voltada para o mercado interno. Agora seria o momento de
buscar o mercado mundial. Ele não sugere a solução
indiana, de criação de uma indústria prestadora
de serviços. O ideal, no caso brasileiro, seria trabalhar soluções
completas, com mais valor adicionado. Sua sugestão é que
o Brasil passe a olhar mais para os mecanismos de venda e instalação
desses aplicativos no exterior. Do que conhece do país, Barret
salienta a experiência acumulada na indústria bancária
e de serviços governamentais.
Na comparação entre Brasil e Índia, Barret vê
pontos comuns na infra-estrutura educacional. Considera que os dois
países formam profissionais de TI (tecnologia da informação)
com grande competência. A diferença maior entre os dois
países é o marketing, com a Índia com maior visibilidade
e maior foco para o exterior. Por outro lado, a economia brasileira
é mais desenvolvida do que a indiana. Por isso, há demanda
interna muito maior para a criação de software no Brasil.
Ponto fundamental para uma política de software brasileira é
o país passar a participar mais ativamente dos comitês
de padronização e especificação na área
de software. É passo essencial para permitir ao software brasileiro
interagir com soluções que sejam adotadas e padronizadas
mundialmente. De sua parte, a Intel está aberta a parcerias com
empresas brasileiras, especialmente no desenvolvimento de soluções
para tecnologia sem fio tipo, softwares que gerenciem sistemas de venda
em palm.
Em relação às universidades, Barret considera que
seu papel fundamental é formar pessoas e conduzir pesquisas básicas.
Cabe às empresas colher as pesquisas e transformá-las
em produtos. "Nos Estados Unidos, se você observar",
diz ele, "as universidades de pesquisa são basicamente os
laboratórios de pesquisa". Em relação ao comércio
internacional, sua sugestão é que o Brasil adira ao ITA
(Tratado Internacional de Tecnologia da Informação), que
reduz tarifas e barreiras para equipamentos de informática até
zero. "Isso tornará os equipamentos e as capacidades mais
baratas no Brasil. Legalizará todo o mercado, e você não
verá mais piratas competindo com seu negócio legalizado.
Eu acredito que a adesão ao ITA seria uma vantagem para a indústria
brasileira e para os cidadãos brasileiros", diz ele.
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