Projeção do ONS
para usinas que abastecem Sudeste, Centro-Oeste e Nordeste não se confirma
Nível de reservatórios fica abaixo do previsto
O nível de água dos reservatórios das
hidrelétricas que abastecem as regiões Sudeste, Centro-Oeste e Nordeste fechou o período de
chuvas em níveis mais baixos do que a última projeção feita pelo ONS (Operador Nacional
do Sistema Elétrico).
Os reservatórios das regiões Sudeste e Centro-Oeste terminaram o período de chuvas com 32,18%
de sua capacidade. A previsão era de que se conseguisse chegar pelo menos a 32,9%. O nível de segurança
para que o país pudesse atravessar o período de seca (maio a novembro) sem risco de falta de energia
era de 49%.
No Nordeste, o período de chuvas deixou os reservatórios das hidrelétricas com apenas 33,13%
de
sua capacidade. A previsão era de que se chegasse a pelo menos 33,5%. O nível de segurança
para a região é de 50% da capacidade.
Os dados são de segunda-feira, dia 30 de abril, data em que terminou o período de chuvas.
A falta de chuvas nas regiões sul e centro-oeste de Minas Gerais, onde estão os reservatórios
das hidrelétricas que abastecem o Sudeste, Centro-Oeste e a cabeceira do rio São Francisco (que abastece
o Nordeste), fez com que governo decidisse adotar o racionamento de energia por
meio de cotas de consumo a partir de junho.
A média de março da chuva que deveria cair no rio São Francisco -que abastece as principais
hidrelétricas do Nordeste- foi a pior da história. No Sudeste e Centro-Oeste, foi a nona pior média
da história e, nos rios Grande e Parnaíba, a segunda pior média da história. O rio
Grande abastece a hidrelétrica de Furnas, uma das principais da região Sudeste.
Corte
Segundo a Folha apurou, no conselho do ONS há quem
não acredite que o sistema de cotas seja suficiente para conter o consumo a ponto de evitar o colapso no
abastecimento. Para esses técnicos, a necessidade atual de corte no consumo seria de aproximadamente 16%,
caso o racionamento fosse adotado hoje. Como a previsão para o início do sistema de cotas é
junho, esse número subiria
em quatro pontos percentuais, chegando a 20%.
O governo admite que o sistema de cotas é suficiente para a redução de consumo de até
20%. Por esse sistema, os consumidores residenciais pagarão até 15 vezes mais pela energia que for
consumida além da cota.
No sistema de corte, previsto como segunda etapa do plano de racionamento, as cotas são abolidas. O governo
define um percentual de redução de consumo e estabelece critérios que deverão ser seguidos
pelas distribuidoras de energia.
Esses critérios são os seguintes: não poderá haver corte para hospitais, delegacias
e outros serviços essenciais; terá de haver rodízio e aviso prévio para que a população
possa se preparar.
O governo define entre julho e agosto se o sistema de cotas está sendo suficiente para conter o consumo
ou se será preciso cortar o fornecimento de energia.
Energia mais cara
Com o risco de colapso no fornecimento, o preço da
energia no MAE (Mercado Atacadista de Energia) disparou de abril para este mês. Nas regiões Sudeste,
Centro-Oeste e Sul o aumento foi
de 82,37%. No ano, a alta é de 707,96%, com o megawatt/hora subindo de R$ 56,92 em janeiro para R$ 459,89.
Folha de São Paulo, 02 de maio de 2001.
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