Analisando
o desempenho de nosso setor agrícola, deparamo-nos com um notável
e rápido incremento recente. Basta citarmos que a safra de 90/91
foi de 58 milhões de toneladas e, já na de 2002/2003,
esse número subiu para 115 milhões de toneladas: o dobro.
Deste total recente, 50 milhões de toneladas são de soja
plantada em 18 milhões de hectares, com uma produtividade média
de 2,8 toneladas/ha.
Pelos dados reais levantados, há terra para chegarmos a plantar
em 23 milhões de hectares sem a necessidade de abater uma só
árvore de nossas matas. Com esse plantio, e com uma produtividade
média de 3,5 toneladas/ha, atingiremos uma produção,
só de soja, da ordem de 80 milhões de toneladas por ano.
Atualmente, o Brasil planta, só com grãos, 43 milhões
de hectares, com uma produtividade média de 2,7 toneladas/ha.
Para o desempenho agrícola, o fator preponderante, decisivo mesmo,
é a quantidade de água. Estudos não muito precisos,
mas já costumeiramente citados, avaliam que a produção
de uma tonelada de grãos necessite de mil toneladas de água.
Avaliações confiáveis atestam que, dos rios e fontes
com nascente no Brasil, lançam-se no oceano 180.000 m3/segundo
de água doce e, para correntes com nascentes fora do Brasil,
mais de 90.000 m3/segundo, o que totaliza 270.000 m3/segundo. Logo:
270.000 m3/seg. x 3.600 x 24 x 365 = 8.500 km3/ano. No mundo, a avaliação
é de que, por ano, sejam lançados nos oceanos 43.000 km3
de água. Portanto a relação 8.500 km3/43.000 km3
resulta em, mais ou menos, 20%.
O Brasil dispõe, então, de 20% da água doce do
mundo. Considerando, como visto antes, a relação tonelada
de grão/tonelada de água, a nossa situação
é realmente privilegiada. Os países que não dispõem
de grandes mananciais têm, necessariamente, de importar alimentos,
principalmente grãos.
Demonstra-se, assim, que a agricultura é o carro-chefe do progresso
brasileiro. Porém, sendo o carro-chefe, está implícito
que não é o único carro. Na verdade, outros setores
seguem, com relativo vagar, um caminho ascendente, como são os
casos dos setores petroquímico, de bens de capital e minero-metalúrgico.
O avantajado alento do setor de agronegócios, demonstrado no
início, deve servir de incentivo a um maior desenvolvimento de
todos os outros. Não é possível que um país
com todas essas possibilidades se apequene em um PIB de apenas 1% do
mercado mundial.
Necessária é, porém, a contribuição
governamental com infra-estrutura satisfatória -ao menos em estradas,
em transportes e em portos bem aparelhados.A convergência de esforços
múltiplos em busca de um mesmo resultado trará a tão
almejada prosperidade com base sólida.
O projeto de Parcerias Público-Privado (PPP) responde à
perfeição a essa necessidade, principalmente para os itens
estradas e portos. Antônio
Ermírio de Moraes escreve aos domingos nesta coluna.
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