AGRICULTURA:
O CARRO-CHEFE DO PROGRESSO BRASILEIRO

 

Antônio Ermírio de Moraes

Analisando o desempenho de nosso setor agrícola, deparamo-nos com um notável e rápido incremento recente. Basta citarmos que a safra de 90/91 foi de 58 milhões de toneladas e, já na de 2002/2003, esse número subiu para 115 milhões de toneladas: o dobro. Deste total recente, 50 milhões de toneladas são de soja plantada em 18 milhões de hectares, com uma produtividade média de 2,8 toneladas/ha.
Pelos dados reais levantados, há terra para chegarmos a plantar em 23 milhões de hectares sem a necessidade de abater uma só árvore de nossas matas. Com esse plantio, e com uma produtividade média de 3,5 toneladas/ha, atingiremos uma produção, só de soja, da ordem de 80 milhões de toneladas por ano.
Atualmente, o Brasil planta, só com grãos, 43 milhões de hectares, com uma produtividade média de 2,7 toneladas/ha. Para o desempenho agrícola, o fator preponderante, decisivo mesmo, é a quantidade de água. Estudos não muito precisos, mas já costumeiramente citados, avaliam que a produção de uma tonelada de grãos necessite de mil toneladas de água.
Avaliações confiáveis atestam que, dos rios e fontes com nascente no Brasil, lançam-se no oceano 180.000 m3/segundo de água doce e, para correntes com nascentes fora do Brasil, mais de 90.000 m3/segundo, o que totaliza 270.000 m3/segundo. Logo: 270.000 m3/seg. x 3.600 x 24 x 365 = 8.500 km3/ano. No mundo, a avaliação é de que, por ano, sejam lançados nos oceanos 43.000 km3 de água. Portanto a relação 8.500 km3/43.000 km3 resulta em, mais ou menos, 20%.
O Brasil dispõe, então, de 20% da água doce do mundo. Considerando, como visto antes, a relação tonelada de grão/tonelada de água, a nossa situação é realmente privilegiada. Os países que não dispõem de grandes mananciais têm, necessariamente, de importar alimentos, principalmente grãos.
Demonstra-se, assim, que a agricultura é o carro-chefe do progresso brasileiro. Porém, sendo o carro-chefe, está implícito que não é o único carro. Na verdade, outros setores seguem, com relativo vagar, um caminho ascendente, como são os casos dos setores petroquímico, de bens de capital e minero-metalúrgico. O avantajado alento do setor de agronegócios, demonstrado no início, deve servir de incentivo a um maior desenvolvimento de todos os outros. Não é possível que um país com todas essas possibilidades se apequene em um PIB de apenas 1% do mercado mundial.
Necessária é, porém, a contribuição governamental com infra-estrutura satisfatória -ao menos em estradas, em transportes e em portos bem aparelhados.A convergência de esforços múltiplos em busca de um mesmo resultado trará a tão almejada prosperidade com base sólida.
O projeto de Parcerias Público-Privado (PPP) responde à perfeição a essa necessidade, principalmente para os itens estradas e portos.
Antônio Ermírio de Moraes escreve aos domingos nesta coluna.

 



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