BNDES
QUER TRANSPOR ÁGUAS DO TOCANTINS |
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Chico
Santos |
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A
transposição de águas do rio São Francisco,
um dos projetos mais polêmicos do governo Fernando Henrique Cardoso,
está de volta, só que em versão ampliada. O presidente
do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social),
Carlos Lessa, disse que a transposição conjunta de águas
do Tocantins para o São Francisco e do São Francisco para
perenizar rios temporários do semi-árido do Nordeste é
"o sonho do presidente Lula [Luiz Inácio Lula da Silva]".
Segundo Lessa, o projeto "tem de ser examinado com absoluta prioridade".
O valor da obra ainda não está definido, até porque
não há um projeto pronto para a transposição
do Tocantins. Um cálculo preliminar do BNDES estimou o valor
em R$ 24 bilhões. A transposição de águas
integra o pacote de programas levado pelo banco estatal para exame do
governo no valor de aproximadamente R$ 315 bilhões.
A transposição
de águas do Tocantins e do São Francisco não é
o único projeto polêmico considerado prioritário
e "estruturante" pelo BNDES. O presidente do banco, Carlos
Lessa, inclui na lista pelo menos dois outros, ambos destinados à
geração de energia: a hidrelétrica de Belo Monte,
no rio Xingu, e o aproveitamento hidrelétrico do rio Madeira.
Segundo Lessa, a usina de Belo Monte, no Pará, será para
a região Nordeste o complemento energético necessário
para suprir a atividade econômica que será gerada pela
transposição das águas do Tocantins e do São
Francisco. Lessa disse que, com o virtual esgotamento do potencial hidrelétrico
do São Francisco, a energia de Belo Monte é essencial
para o NE. O projeto prevê que a usina terá potência
instalada de 11.182 megawatts, um pouco menos do que Itaipu, a maior
hidrelétrica em operação do mundo. O presidente
do BNDES, em palestra feita na semana passada no Clube de Engenharia
do Rio, admitiu que Belo Monte tem problemas a serem resolvidos. Além
da questão ambiental, a usina tem pelo menos um sério
problema operacional: nos meses de seca a potência firme (geração
mínima assegurada) cai para 4.675 megawatts. O custo da usina
é controverso. Dependendo da fonte do cálculo, o custo
da obra pode ir de US$ 3,7 bilhões (cerca de R$ 11 bilhões)
a US$ 11 bilhões (R$ 33 bilhões). Já o aproveitamento
hidrelétrico do Madeira, com as construções das
usinas de Jirau e Santo Antônio, em Rondônia, é defendido
por Lessa como estratégico para a integração física
da América do Sul. Pelo projeto divulgado em março deste
ano pela estatal Furnas Centrais Elétricas (grupo Eletrobrás),
as duas usinas terão potência instalada de 7.362 megawatts
e custarão R$ 12 bilhões. O Madeira é um dos principais
afluentes do rio Amazonas. As obras das usinas de Santo Antônio
e Jirau são consideradas essenciais para permitir a interligação
hidroviária da bacia do Amazonas com as dos rios Orinoco, na
Venezuela, e do Prata. |
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