O
setor agrícola, um dos que mais movimentaram a economia nos últimos
anos, vai ter forte queda de receita na safra 2004/5. Elevação
de custos e queda nos preços dos produtos são as principais
causas dessa perda de renda.
Essa perda no campo poderá se refletir na redução
do superávit comercial e em outros setores da economia, com redução
de vendas de máquinas agrícolas, implementos, insumos,
veículos etc.
Os tratores já começam a entrar em campo para o início
do plantio da safra de verão no país, mas levam custos
bem mais salgados do que os da safra anterior.
O problema maior é que a elevação de custos é
acompanhada por uma forte queda nos preços das commodities. Os
produtores que não aumentarem produtividade poderão ter
problemas para cobrir os gastos. No caso da soja, por exemplo, considerando
apenas os itens de maior peso, o aumento dos custos de produção,
em reais, será de 23% para os paranaenses, diz o analista José
Pitoli.
Quando a comparação é feita em sacas de soja, no
entanto, esse aumento será de 79%. Em seus cálculos, os
custos de produção dos itens essenciais para a produção
sobem para R$ 893 por hectare nesta safra que começa, contra
R$ 654 na anterior.
Pitoli alerta, no entanto, que, enquanto no ano passado os produtores
precisavam de apenas 15,6 sacas de soja para cobrir os custos de produção
de um hectare, neste ano são necessárias 27,9 sacas. A
saca de soja recuou de R$ 42, em outubro do ano passado, para R$ 32
neste ano.
Alta
para todos
Cálculos do Deral (Departamento de Economia Rural), órgão
da Secretaria da Agricultura e do Abastecimento do Paraná, mostram
que a aceleração dos custos não se refere apenas
à soja, mas engloba todos os principais produtos plantados no
Estado.
Para produzir uma saca de milho nesta safra de 2004/5, os produtores
paranaenses vão gastar R$ 17,30, valor que supera em 42% o da
safra passada. Nos últimos dois anos, a alta é de 106%.
No caso do trigo, o custo deste ano superou em 12% o de 2003, mas acumula
alta de 59% nas duas últimas safras. Já os custos de produção
da soja acumulam alta de 57% de 2002 a 2004.
Os dados do Deral para calcular os custos levam em consideração
não só os fatores variáveis (sementes, fertilizantes
e agrotóxicos), mas também os fixos (depreciação
das máquinas) e os de remuneração do capital e
da terra.
Cálculos feitos por cooperativas para seus associados mostram
que os maiores pesos no bolso dos produtores virão de adubos
e fertilizantes. Uma cooperativa do norte do Paraná estimou em
33,8% a evolução desse insumo básico. Em Mato Grosso
do Sul, outra cooperativa diz que os produtores, dependendo da região
em que estão, pagam de 35% a 40% a mais pelos fertilizantes. |