BRASIL PEDE NA OMC RETALIAÇÃO AOS EUA |
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Cláudia Dianni |
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O Brasil formalizou ontem pedido de autorização na OMC (Organização Mundial do Comércio) para aplicar retaliações comerciais no valor de US$ 2,9 bilhões contra os EUA. O pedido envolve não apenas a aplicação de tarifas adicionais para as importações de produtos mas também a suspensão de concessões para serviços, patentes, direitos autorais e uso de marcas, justamente setores que o governo americano acusa o Brasil de não respeitar. |
LOBBY AGRÍCOLA DEVE DIFICULTAR MUDANÇA |
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Como gesto político, sem nenhuma conseqüência prática imediata, o governo norte-americano enviou ontem ao Congresso uma lei para derrubar os subsídios ao algodão condenados pela OMC (Organização Mundial do Comércio), quatro dias depois de vencer o prazo oficial dado pelo organismo e ao mesmo tempo em que o Brasil fez à OMC um pedido de retaliação ao país. A Casa Branca deve se empenhar na aprovação da lei, mas o forte lobby agrícola vai dificultar sua aprovação pelo legislativo norte-americano. De acordo com um funcionário do Departamento de Agricultura norte-americano ouvido pela Folha, os EUA vão aceitar a retaliação brasileira na OMC enfatizando que desejam essa mesma postura de outros países ligados à organização. O presidente George W. Bush mandou recado semelhante ao dizer que aceita reduzir subsídios agrícolas caso a União Européia siga o mesmo caminho. Em nota divulgada ontem, o secretário de Agricultura, Mike Johanns, informou que a eliminação de subsídios ao algodão é um "passo vital" para que os EUA permaneçam como um "líder" da Rodada Doha. A proposta foi vista como um "passo positivo" por representantes do Itamaraty na OMC, em Bruxelas. O esforço doméstico do governo Bush contra os subsídios envolve outras frentes: pende na Câmara a aprovação do Cafta-DR (Acordo de Livre Comércio da América Central e República Dominicana), que vai zerar os impostos para produtos da região, bem como o Orçamento de 2006, que reduz o auxílio a produtores. Mas a tarefa não é fácil, principalmente porque o algodão representa quase um quarto de todo o subsídio dos EUA, tendo recebido cerca de US$ 2,5 bilhões em dez anos. A produção do algodão também se concentra no sul do país, reduto do Partido Republicano, de Bush. (IURI DANTAS) |
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