EXPORTAÇÃO DO AGRONEGÓCIO CHEGA À MARCA DOS US$ 39 BI

Luis Renato Strauss

As exportações do agronegócio no ano passado totalizaram US$ 39 bilhões, o que representa um aumento de 27,35% em relação a 2003. O setor foi responsável por 40,4% de todas as vendas do país para o exterior. De acordo com o Ministério da Agricultura, no ano passado, "todos os fatores foram favoráveis para o agronegócio".
Se subtraídas as importações, o Brasil trouxe para o território nacional US$ 34,1 bilhões com a comercialização de produtos agrícolas. Com esse resultado, o setor foi um dos principais responsáveis pelo superávit da balança comercial, que teve um saldo positivo de US$ 33,7 bilhões.
Para 2005, no entanto, a expectativa do ministério é uma desaceleração do crescimento, devido à queda de preços como os de grãos e ao dólar menos valorizado, que torna os produtos nacionais mais caros para exportação.
"Espera-se que esse crescimento desacelere e fique entre 10% e 15%, o que nos levará a um resultado de US$ 43 bilhões a US$ 45 bilhões em exportações do agronegócio em 2005", disse Eliezer Lopes, coordenador de Comercialização do ministério.
O Ministério da Agricultura, em relatório divulgado ontem, diz que os fatores positivos de 2004 foram: "o elevado crescimento da economia mundial, que implicou maior demanda de bens e o aumento dos preços da commodities, a ocorrência de problemas sanitários em importantes exportadores do mercado mundial de carnes, que propiciou uma maior procura e elevação dos preços do produto [brasileiro], e a abertura de novos mercados".
Assim, o resultado das exportações se deve a um aumento de 11% dos preços gerais pagos pelo produto brasileiro e um crescimento de 15% no volume de mercadorias que deixaram o país.

Novos mercados
O Ministério da Agricultura destacou a abertura de novos mercados como a Índia -que no período importou US$ 406 milhões em produtos do agronegócio do Brasil, um incremento de 163% em comparação a 2003- e a Síria -que aumentou as suas compras de US$ 46,4 milhões para US$ 120,6 milhões, no período.
De acordo com Linneu da Costa Lima, secretário de Produção e Comercialização, há entre esses novos consumidores uma curiosidade: o aumento das compras da Ucrânia em 120%. Dos US$ 146,3 milhões de compras do país, US$ 80 milhões foram de carne, o que pode indicar uma outra entrada do produto brasileiro para o mercado russo.
A Rússia iniciou um embargo à compra de carne brasileira em setembro, quando um foco de febre aftosa surgiu no Amazonas. Ontem, o ministro Roberto Rodrigues (Agricultura) afirmou que a presença da doença no país "é uma vergonha".
Segundo ele, "ou a pecuária acaba com aftosa, ou a aftosa acaba com a pecuária no país". Depois do prejuízo, o Orçamento reservou R$ 65,3 milhões para o combate à doença, 114% a mais do que no ano passado.
A carne, o café, o açúcar e o álcool prometem ser, segundo o ministério, as maiores vedetes deste ano, em aumento do volume de exportação e de ganho em preços internacionais.

Ferrugem asiática
O país fechou o ano com um prejuízo nas plantações de soja estimado em US$ 3 bilhões devido à ferrugem asiática. A dano é duas vezes maior do que o de 2003.
Segundo Rodrigues, para este ano ainda não há relatos de que haverá novos prejuízos, pois os produtores conseguiram desenvolver medidas preventivas. As medidas de combate à praga já compõem cerca de 10% do custo de produção.

 
Folha de São Paulo, Folha Dinheiro, 07 de Janeiro de 2005, p. B3.



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