O
documento "Fundamentos para um Novo Contrato Social" -preparado
no âmbito do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social,
como subsídio para a reunião de junho do próximo
ano-, ainda em forma preliminar, é uma tentativa de identificar
pontos que permitam à sociedade brasileira montar consensos para
dar suporte a um novo modelo de desenvolvimento.
O documento contém 16 cláusulas, está em processo
de discussão e aberto para observações e comentários
no endereço www.projetobr.com.br.
Nele se percebem, de forma nítida, dois pontos conflitantes:
cabe ao governo, ou a um conselho, a definição detalhada
de áreas estratégicas ou apenas a definição
de princípios gerais, que sirvam de balizadores para a ação
pública e privada?
Limito-me a expor os temas que, depois, serão analisados em colunas
posteriores:
1) controle público do Estado, com a disseminação
de órgãos de participação e controle da
sociedade civil sobre as atividades dos agentes públicos;
2) segurança nacional, incluindo defesa do ambiente, enfrentamento
do crime organizado, modernização das Forças Armadas
e dos órgãos de inteligência e medidas de proteção
e controle da Amazônia;
3) cultura de concertação, com uma dúvida: a definição
de políticas públicas estratégicas dentro de um
pacto ou apenas a busca de um consenso mínimo em torno de objetivos
gerais de crescimento;
4) estímulo à apropriação tecnológica
e à produção de novas tecnologias;
5) relações com organismos financeiros internacionais
pautadas pela busca do desenvolvimento econômico;
6) parceria público-privada, com controle público do Estado
e garantias jurídicas e políticas ao setor privado para
estimular investimentos;
7) conferir ao sistema financeiro privado gradativamente papel ativo
no financiamento da infra-estrutura de produção. Discutem-se
duas alternativas: uma mais intervencionista, de vinculação
de aplicações de recursos para os segmentos estratégicos
ou prioritários definidos pelo governo; a segunda, dando-lhe
liberdade para aplicação de recursos;
8) reforma agrária, com o fortalecimento da agricultura familiar,
sem prejuízo das outras formas de produção agrícola,
especialmente aquelas voltadas para a exportação;
9) transgenia, definindo-se claramente critérios para mensuração
de impactos ambientais, mas sem abrir mão da política
de incentivo à pesquisa e à tecnologia;
10) liderar a formatação jurídica e política
do Mercosul e buscar uma integração econômica das
Américas com relações comerciais multilaterais
adequadas ao desenvolvimento;
11) coloca como prioridade de caráter estratégico a construção
de habitação popular;
12) inclusão digital ampla;
13) flexibilidade para o governo promover, com agilidade e rapidez,
a implantação de frentes de trabalho;
14) reconhece o papel essencial dos meios de comunicação,
mas enfatizando sua responsabilidade social;
15) desenvolvimento regional, com atenção especial à
Amazônia;
16) cultura e turismo como instrumentos de valorização
do patrimônio cultural e a identidade nacional e também
como promotores de desenvolvimento sustentável.
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