É
a geografia, e não as posições partidárias
e ideológicas, que define a opinião dos novos governadores
eleitos e reeleitos no Nordeste sobre a transposição do
rio São Francisco.
Em sete Estados da região onde há algum interesse no rio,
quatro novos governadores são favoráveis (Ceará,
Paraíba, Pernambuco e Rio Grande do Norte) e dois são
contra (Sergipe e Alagoas). Eleito na Bahia, que seria um dos Estados
"doadores" de água no projeto, o petista Jaques Wagner
mantém um discurso ambíguo, favorável à
"revitalização" do rio, mas sem se opor fortemente
ao projeto.
No Estado onde o rio nasce, Minas Gerais, o governador reeleito Aécio
Neves (PSDB) declara ser contrário à obra.
A condição geográfica é tão preponderante
no debate que coloca do mesmo lado PT e PSDB, e seus aliados, contra
e a favor do projeto, dependendo do Estado de origem.
Em Sergipe e Alagoas, os governadores Marcelo Déda (PT) e Teotônio
Vilela (PSDB) se dizem contrários à obra. Déda
chegou a dizer, em campanha, que seu posicionamento era independente
da posição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva,
pois, sobretudo, é um "sergipano". O rio São
Francisco cruza o Nordeste pelos Estados da Bahia, de Sergipe, de Pernambuco
e de Alagoas.
Pelo projeto de transposição, canais a serem construídos
levariam um pouco da água para o interior de Pernambuco, para
o Ceará, para a Paraíba e para o Rio Grande do Norte.
Além de água para abastecimento e irrigação,
o rio São Francisco garante, por meio de hidrelétricas,
o fornecimento de energia elétrica para toda a região.
Entre os favoráveis à obra está o irmão
do ex-ministro da Integração Nacional e "pai"
do atual projeto de transposição, Ciro Gomes.
Cid Gomes (PSB) foi eleito governador do Ceará e pretende levar,
aos governadores contrários, o pleito dos Estados a serem beneficiados,
para tentar fazê-los mudar de idéia. Assim como Cid, a
governadora reeleita no Rio Grande do Norte, Wilma de Faria (PSB), usou
na campanha o argumento de que apenas com a reeleição
de Lula seria possível conseguir a execução da
obra.
Outro governador reeleito na região, o tucano Cássio Cunha
Lima, da Paraíba, confirma a influência da geografia nas
opiniões sobre a transposição. Ele é favorável
à obra e afirma que a defende há 20 anos, desde que se
elegeu deputado federal pela primeira vez.
Em Pernambuco, Estado "doador" e, ao mesmo tempo, a ser beneficiado
pela obra, o governador eleito Eduardo Campos (PSB) é mais um
dos favoráveis ao projeto, desde que era ministro da Ciência
e Tecnologia do governo Lula. Para ele, o projeto será uma forma
de garantir a sustentabilidade hídrica da região.
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