EM SP, POLUIÇÃO PIORA E UMIDADE VOLTA A CAIR

 

Victor Ramos

O paulistano voltou a viver ontem um dia difícil em razão do clima seco na cidade de São Paulo. A umidade relativa do ar caiu, a temperatura se manteve alta e a poluição colocou três regiões da capital (Ibirapuera, Santana e Mooca) em estado de atenção.
Em todo o Estado, sete áreas são consideradas inadequadas pela Cetesb (agência ambiental paulista) e 14 estão regulares. Apenas na região central de Campinas a situação registrada é boa. Segundo o Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia), a umidade média na cidade de São Paulo foi a 20%, dois pontos percentuais abaixo do registrado anteontem e dentro da faixa considerada de atenção. E a máxima de 32,6C foi a segunda maior temperatura do ano, apenas 0,2C mais baixa do que o recorde de terça-feira.
O CGE (Centro de Gerenciamento de Emergências), da Prefeitura de São Paulo, registrou taxas ainda mais baixas de umidade. Na Consolação, a mínima registrada foi de apenas 11% (dentro da faixa considerada de emergência). Na estação do Butantã, foi de 17% (faixa do estado de alerta).
Um estudo da Unicamp (Universidade de Campinas) indica que, com a umidade relativa do ar entre 12% e 20%, devem ser evitados exercícios físicos ao ar livre entre as 10h e as 16h e aglomerações em locais fechados.
Os problemas relacionados à poluição ocorreram em razão dos altos índices de ozônio no ar. O poluente resulta da reação entre óxidos de nitrogênio (NOx) e hidrocarbonetos voláteis (compostos orgânicos de carbono e hidrogênio). Ambos são produtos da queima de combustível, ou seja, emitidos principalmente por carros. Todo o processo é acelerado pela luz solar. Ele pode causar ou agravar irritações nos olhos e vias respiratórias e danificar a vegetação.
O clima seco e a temperatura alta devem permanecer hoje. Apenas amanhã os efeitos de uma frente fria que se aproxima, vinda do Sul, poderão ser sentidos, com aumento da umidade e da nebulosidade e queda da temperatura. A meteorologista do Climatempo Patricia Madeira afirmou que as altas temperaturas registradas nesses dias em São Paulo "não são um fenômeno raro". Madeira explicou que a falta de nebulosidade, em razão do ar seco, e os longos dias de sol colaboram para a alta da temperatura.
"Todo o mundo acha que as maiores temperaturas estão no verão, e não estão. O inverno já está terminando e são quase 12 horas de sol por dia", afirmou. Segundo ela, em outubro pode esquentar ainda mais. Madeira também explicou a dificuldade para que frentes frias penetrem na massa de ar que está em São Paulo. "Essa massa de ar seco é muito forte, tem uma pressão alta. As massas polares que estão vindo são um pouco mais fracas e não conseguem entrar, não conseguem vencer o bloqueio."

 
Abastecimento
O calor e a falta de chuvas têm provocado a queda nos níveis das represas em São Paulo. O sistema Cantareira, por exemplo, que abastece metade da população da Grande São Paulo, teve seu nível reduzido de 38,6% par 37,3% na última semana. De acordo com a acessoria de imprensa da Sabesp, a situação ainda não é preocupante. Há um ano, o Cantareira estava com 34,7% de sua capacidade. A empresa afirma, no entanto, que a alta das temperaturas leva a um maior consumo de água, justamente em um momento de falta de chuva. Por issso, a Sabesp recomenda o uso moderado de água.
 
Ribeirão Preto
De acordo com o Cptec (Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos), a região de Ribeirão Preto (314 km de SP) será uma das três do país com o maior número de dias com baixa umidade relativa do ar, ao lado do Triângulo Mineiro e do Estado de Goiás. O índice tem ficado abaixo de 30% há duas semanas. Ontem, a umidade do ar atingiu a mínima de 15,6%. A temperatura máxima foi de 35º C, segundo o Climatempo. Apesar da previsão de chegada de uma frente fria ao Estado, não deve chover e a umidade deve aumentar pouco no final de semana.
 
 



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