O
paulistano voltou a viver ontem um dia difícil em razão
do clima seco na cidade de São Paulo. A umidade relativa do ar
caiu, a temperatura se manteve alta e a poluição colocou
três regiões da capital (Ibirapuera, Santana e Mooca) em
estado de atenção.
Em todo o Estado, sete áreas são consideradas inadequadas
pela Cetesb (agência ambiental paulista) e 14 estão regulares.
Apenas na região central de Campinas a situação
registrada é boa. Segundo o Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia),
a umidade média na cidade de São Paulo foi a 20%, dois
pontos percentuais abaixo do registrado anteontem e dentro da faixa
considerada de atenção. E a máxima de 32,6C foi
a segunda maior temperatura do ano, apenas 0,2C mais baixa do que o
recorde de terça-feira.
O CGE (Centro de Gerenciamento de Emergências), da Prefeitura
de São Paulo, registrou taxas ainda mais baixas de umidade. Na
Consolação, a mínima registrada foi de apenas 11%
(dentro da faixa considerada de emergência). Na estação
do Butantã, foi de 17% (faixa do estado de alerta).
Um estudo da Unicamp (Universidade de Campinas) indica que, com a umidade
relativa do ar entre 12% e 20%, devem ser evitados exercícios
físicos ao ar livre entre as 10h e as 16h e aglomerações
em locais fechados.
Os problemas relacionados à poluição ocorreram
em razão dos altos índices de ozônio no ar. O poluente
resulta da reação entre óxidos de nitrogênio
(NOx) e hidrocarbonetos voláteis (compostos orgânicos de
carbono e hidrogênio). Ambos são produtos da queima de
combustível, ou seja, emitidos principalmente por carros. Todo
o processo é acelerado pela luz solar. Ele pode causar ou agravar
irritações nos olhos e vias respiratórias e danificar
a vegetação.
O clima seco e a temperatura alta devem permanecer hoje. Apenas amanhã
os efeitos de uma frente fria que se aproxima, vinda do Sul, poderão
ser sentidos, com aumento da umidade e da nebulosidade e queda da temperatura.
A meteorologista do Climatempo Patricia Madeira afirmou que as altas
temperaturas registradas nesses dias em São Paulo "não
são um fenômeno raro". Madeira explicou que a falta
de nebulosidade, em razão do ar seco, e os longos dias de sol
colaboram para a alta da temperatura.
"Todo o mundo acha que as maiores temperaturas estão no
verão, e não estão. O inverno já está
terminando e são quase 12 horas de sol por dia", afirmou.
Segundo ela, em outubro pode esquentar ainda mais. Madeira também
explicou a dificuldade para que frentes frias penetrem na massa de ar
que está em São Paulo. "Essa massa de ar seco é
muito forte, tem uma pressão alta. As massas polares que estão
vindo são um pouco mais fracas e não conseguem entrar,
não conseguem vencer o bloqueio." |
O
calor e a falta de chuvas têm provocado a queda nos níveis
das represas em São Paulo. O sistema Cantareira, por exemplo,
que abastece metade da população da Grande São
Paulo, teve seu nível reduzido de 38,6% par 37,3% na última
semana. De acordo com a acessoria de imprensa da Sabesp, a situação
ainda não é preocupante. Há um ano, o Cantareira
estava com 34,7% de sua capacidade. A empresa afirma, no entanto, que
a alta das temperaturas leva a um maior consumo de água, justamente
em um momento de falta de chuva. Por issso, a Sabesp recomenda o uso
moderado de água. |
De
acordo com o Cptec (Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos),
a região de Ribeirão Preto (314 km de SP) será
uma das três do país com o maior número de dias
com baixa umidade relativa do ar, ao lado do Triângulo Mineiro
e do Estado de Goiás. O índice tem ficado abaixo de 30%
há duas semanas. Ontem, a umidade do ar atingiu a mínima
de 15,6%. A temperatura máxima foi de 35º C, segundo o Climatempo.
Apesar da previsão de chegada de uma frente fria ao Estado, não
deve chover e a umidade deve aumentar pouco no final de semana. |