CITRICULTURA:
Produção no sul do Estado cresceu 94% de 1997 a 2002;
em Botucatu, falta mão-de-obra para colheita.
A
disponibilidade de terras e os baixos índices de contaminação
causados por doenças tradicionais, como o CVC e o cancro cítrico,
têm transformado o sul e o sudoeste de São Paulo em novos
pólos de citricultura. Enquanto a produção no sul
de São Paulo cresceu 94% de 1997 a 2002, o norte do Estado, região
mais tradicional, está quase estagnado, segundo dados do IEA
(Instituto de Economia Agrícola). Atualmente, o Estado de São
Paulo é responsável por cerca de 80% da produção
nacional de laranja do país. Para Rose Mary Pio, pesquisadora
do IAC (Instituto de Agronômico de Campinas), o sucesso da região
pode ser atribuído à ocorrência menor de doenças,
especialmente por causa do clima. "É uma região onde
se pode plantar frutas para exportação, porque elas têm
um aspecto melhor." Porém existem outras doenças
que atingem mais a região sul, informa o engenheiro José
Dagoberto de Negri, do IAC, tais como: queda de frutos jovens, pinta
preta ou mancha preta e mancha graxa. "São doenças
típicas de região de clima ameno, mas são mais
facilmente controláveis", diz Negri. A maior quantidade
de terras disponíveis também ajuda a impulsionar o cultivo
no sul. "Nas regiões tradicionais da citricultura, não
há mais espaço para formar pomares grandes e contínuos",
diz Alfredo Chaguri Jr., diretor do EDR (Escritório de Desenvolvimento
Rural) de Botucatu.
Impactos na cadeia. A expansão da citricultura no sul do Estado
já afeta o mercado de trabalho da região de Botucatu.
O reflexo pode ser visto na falta mão-de-obra para colher a safra
de laranja que está em andamento na região. "Deveríamos
ter mais mil trabalhadores para garantir uma colheita tranquila",
diz Chaguri. Hoje estima-se que haja 3.000 trabalhadores em atividade
na região. Com relação à influência
do crescimento da participação da produção
de laranja no sul do Estado de São Paulo no mercado, Margarete
Boteon, pesquisadora do Cepea (Centro de Estudos Avançados em
Economia Aplicada), é cautelosa. Ela afirma que, pelo menos a
curto e a médio prazo, não há perigo de criar um
excesso de oferta. "As perdas de produção no norte
do Estado, por causa de doenças como o CVC e o cancro cítrico,
equilibram o aumento da produção no sul", diz.
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