Pouco
depois de reeleito, o governador Mário Covas anunciou publicamente
que, no segundo mandato, a Febem seria de responsabilidade direta dele.
De um lado, reconhecia a gravidade do problema. De outro, conferia à
entidade o status de questão de Estado. Morreu antes. E o problema
continua.
No ano passado, as rebeliões da Febem eram atribuídas
às "forças do mal" (os funcionários adeptos
da linha dura). Na semana passada, responsabilizaram-se as "forças
do bem" (os defensores dos direitos humanos). Todos os novos diretores
foram demitidos, sob a "acusação" de que não
se entendiam, cada qual tinha seu projeto pedagógico e queria
implementá-lo por conta própria.
Em uma orquestra, quando ocorre essa descoordenação, a
culpa é do maestro; em qualquer empresa, é do presidente;
em qualquer guerra, é do oficial de patente superior. Chefe é
chefe.
Não existem nem forças do mal nem forças do bem
na Febem. Ambas são vítimas do mesmo problema do caos
administrativo, por falta de chefe. Tomem-se os bons programas de qualidade.
Nenhum deles começa com a presunção de que o problema
reside nos funcionários. Se o funcionário não tem
clareza sobre sua missão, sobre o papel de cada parte no todo,
sobre o objetivo a ser perseguido, como avaliar com honestidade o seu
desempenho?
O primeiro passo é implementar um modelo de gestão adequado,
definir indicadores e atribuições, formas de acompanhamento
e de correção de rumo. Aí, sim, saberá-se
o que cada funcionário deve fazer e avaliar desempenhos corretamente.
Nesses anos todos, segue-se uma rebelião após a outra
na Febem e fica-se à caça de bodes expiatórios.
Ora seriam os funcionários antigos, viciados, ora os novos, inexperientes,
ora o sindicato, ora a falta de verbas federais.
A culpa é da falta de conhecimento gerencial do chefe, o governador
do Estado. É responsabilidade do governador indicar o gestor
incumbido de reformar a Febem e dar-lhe as condições para
executar adequadamente seu trabalho. A nova administração
da Febem é um concílio de pessoas otimamente intencionadas,
belas almas caridosas, adeptos dos direitos humanos, dirigidas por um
bacharel. Todos sem um pingo de noção de gestão.
E a maior prova é a "acusação" endereçada
aos diretores demitidos, de cada qual tocar uma partitura diferente.
Cadê o maestro?
Se o governador não conseguiu colocar nenhum gestor de fôlego
à testa do órgão, de duas uma: ou não existe
nenhum gestor de fôlego disponível no mais adiantado Estado
do país -o que é difícil acreditar, quando se avalia
o trabalho de recuperação das finanças estaduais
empreendido por Covas-; ou existe, mas o governador não tem a
menor idéia sobre que bicho é esse.
Itakirchner
O desafio do século, na disputa Brasil e Argentina, não
é comparar Maradona com Pelé: é comparar Kirchner
com Itamar Franco. Kirchner ainda terminará seus dias embaixador
da Argentina na Itália, jogando dama com Itamar na piazza Del
Pocco Lavoro.
|