FHC RECEBE PROJETO |
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Obra de R$ 4,1bi muda curso de rios para beneficiar estados sem água |
O presidente Fernando Henrique Cardoso decidiu dar o sinal verde
para a dupla transposição de águas do Tocantins e do São Francisco. A questão
será tratada hoje por FHC em reunião com o ministro da integração Nacional, Fernando
Bezerra. "Essa questão de interligação de bacias vai se tornar corriqueira no país", afirmou Bezerra à Folha. Segundo ele, com a decisão presidencial, os dois projetos, orçados em R$4,1bilhões, ganharão novo impulso. A proposta de transposição do São Francisco, pensada há mais de 150 anos, é a que está mais adiantada. Até o final deste mês estarão prontos os projetos de viabilidade econômica e técnica,de revitalização do rio, de impacto ambiental e de inserção regional. Até julho estará concluído o projeto de engenharia. Os canais a serem construídos possibilitarão a captação de até 64m3 por segundo de água do São Francisco, em dois pontos diferentes de Pernambuco (Cabrobó e barragem de Itaparica). Essa água será repassada para Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba e Pernambuco. Segundo Bezerra, Serão necessários R$2,8 bilhões para esse projeto, que estaria concluído três anos após sua licitação. "Se tudo der certo, o praso-limite para a licitação é fevereiro do próximo ano", afirmou o ministro. Os estudos de pré-viabilidadeda transposição do Tocantins ficaram prontos semana passada e serão apresentados a FHC nesta semana. Eles indicam que a obra ficaria em cerca de R$1,3 bilhão e seria executada em até sete anos, três deles para o detalhamento do projeto. Agora, os editais de licitação dos projetos de detalhamento serão lançados até o final do proximo mês. De acordo com o projeto inicial, será possível captar entre 70m3 e 100m3 por segundo por meio de barragens e estações elevatórias no rio do Sono (da bacia do Tocantins) e, por canais, repassar a água para os rios Preto e Grande (da bacia do São Francisco). "Conseguiremos colocar mais água no São Franciso do que iremos retirar com a transposição", afirmou Bezerra. Segundo ele, a obra não traz riscos para o rio Tocantins, pois ele tem vazão 12 vezes maior que o São Franciso (cerca de 25mil m3 por segundo). Paralelamente ao projeto técnico, o governo terá que driblar as resistências políticas à empreitada. Os Estados que já são beneficiados pelo São Francisco -Bahia, Sergipe e Alagoas- se opõem à tranposição. Para conciliar os interesses dos Estados, a Câmara criou uma comissão especial que está ouvindo políticos e técnicos contrários e favoráveis à obra. Nessa trincheira, o principal crítico do projeto é o presidente do congresso, Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA). |
Folha de São Paulo,12/06/00, p.A12 |
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