De
cada dez empresas criadas no Brasil, cinco quebram antes de completarem
dois anos de existência. As que enfrentam mais dificuldades para
sobreviver são as de pequeno porte, que empregam até nove
funcionários e têm faturamento anual inferior a R$ 120
mil. Os números são de pesquisa divulgada ontem pelo Sebrae
(Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas).
O levantamento foi feito nas Juntas Comerciais de todos os Estados do
país e do Distrito Federal e considerou todas as empresas fundadas
entre 2000 e 2002. Foi a primeira pesquisa de abrangência nacional
feita pelo Sebrae sobre esse assunto.
Entre 2000 e 2002, 1,4 milhão de empresas foram criadas no Brasil,
sendo que 68,4% delas se localizavam nas regiões Sul e Sudeste.
Desse total, 49,4% fecharam as portas antes de completar dois anos de
existência e 59,9% não conseguem manter suas atividades
por mais de quatro anos. As taxas de "mortalidade empresarial"
são semelhantes em todas as regiões do país.
As 772,7 mil empresas que fecharam suas portas nesse período
causaram perdas de R$ 19,8 bilhões aos seus proprietários,
segundo o Sebrae. O valor se refere ao total de dinheiro investido pelos
empresários e perdido com a quebra das empresas. O fracasso desses
negócios resultou no fechamento de 2,4 milhões de postos
de trabalho, diz o estudo.
Causas
O Sebrae consultou 5.727 empresas para tentar verificar as características
dos negócios que não conseguem sobreviver por muito tempo.
A elevada carga tributária, o difícil acesso a empréstimos
e a falta de planejamento do empresário foram apontadas como
os principais obstáculos ao desenvolvimento das empresas.
Ao responderem um questionário espontaneamente -sem que opções
fossem apresentadas-, 24,1% dos donos de empresas que quebraram citaram
a falta de capital de giro como um problema. Outros 16% responsabilizaram
a elevada tributação.
A estagnação da economia não ficou entre os dez
motivos mais citados. No ano passado, o PIB (Produto Interno Bruto)
encolheu 0,2%, o pior resultado registrado desde 1992.
Segundo Gustavo Morelli, gerente da Unidade de Estratégias e
Diretrizes do Sebrae, a crise econômica não chegou a afetar
significativamente a pesquisa. "Os fatores ligados ao nível
de atividade não são tão relevantes", afirma.
O diretor-presidente do Sebrae, Silvano Gianni, diz que a falta de preparo
dos empreendedores também ajuda a explicar a elevada taxa de
fracassos.
Escolaridade
Segundo a pesquisa, os proprietários de negócios que não
foram bem-sucedidos possuem escolaridade acima da média: 46%
completaram o ensino médio e outros 29%, o ensino superior.
Gianni ressalta, porém, que 26% dos proprietários não
possuíam nenhum conhecimento prévio sobre o negócio
que estava abrindo, enquanto 32% não procuraram nenhum tipo de
orientação antes de criar suas empresas. "A quantidade
de pessoas que busca os serviços do Sebrae ainda é pequena",
afirma.
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