Ao sancionar ontem
a nova lei agrícola norte-americana, o presidente dos EUA, George
W. Bush, disse estar assegurando subsídios "generosos e
uma rede de proteção aos produtores rurais". Segundo
Bush, a lei é "essencial para o sucesso da economia americana"
e beneficiará o setor agrícola do país "em
tempos difíceis".
A nova "farm bill", como são chamadas as leis agrícolas
nos EUA, concede subsídios de cerca de US$ 190 bilhões
aos produtores rurais nos próximos dez anos.
São quase US$ 60 bilhões a mais que o volume de subsídios
autorizado pela lei anterior, de 1996, mas praticamente o mesmo patamar
que já vinha sendo desembolsado ao setor agrícola de
forma emergencial desde 1998, em virtude da queda dos preços
de produtos agrícolas no mercado internacional.
"Não é uma lei perfeita, eu sei", disse ontem
Bush durante cerimônia de assinatura discreta e rápida.
"Mas vocês sabem, nenhuma lei é. Não existem
leis perfeitas. Se existisse, eu redigiria
cada uma delas", disse, rindo, o presidente.
A lei beneficia os Estados agrícolas norte-americanos onde candidatos
republicanos ao Senado travam uma campanha difícil para as eleições
parlamentares de novembro. A Casa Branca
pretende retomar o controle do Senado, que perdeu para os democratas
no ano passado.
OMC
A União Européia e demais exportadores tradicionais de
produtos agrícolas, como o Brasil e a Austrália, protestaram
e ameaçam contestar a nova lei agrícola na OMC (Organização
Mundial de
Comércio).
Eles alegam que a nova "farm bill" fere limites de subsídios
autorizados pela OMC e contraria o espírito do acordo que lançou,
em novembro passado, uma nova rodada de negociações
comerciais globais. Nesse acordo, os 144 países da OMC se comprometeram
a reduzir subsídios às exportações de forma
escalonada.
Os subsídios norte-americanos tendem a prejudicar países
exportadores de produtos agrícolas porque os fazendeiros norte-americanos
deverão produzir mais para recebê-los -mesmo que não
haja compradores para consumir a produção excedente.
Com isso os preços internacionais tendem a cair, reduzindo receitas
de exportação de países que, como o Brasil, precisam
da entrada de dólares externos para estabilizar a economia.
PRESIDENTE DOS EUA APROVA A "FARM BILL"
O que é a lei
A "farm bill" é uma lei que prevê
ajuda financeira à agricultura
No dia 2 deste mês, a Câmara aprovou, por
280 votos a favor e 141 contra, a nova "farm bill", que vai
aumentar os subsídios à agricultura
A nova política, que prevê gastos de US$
196 bilhões em dez anos, foi aprovada no dia 8 pelo Senado. Ontem,
bush sancionou a lei
US$ 5,6
bilhões por ano foi o quanto aumentaram os subsídios
com a nova lei em relação à anterior
COMO A NOVA LEI
AGRÍCOLA AFETA O BRASIL
Os novos subsídios agrícolas dos EUA estimulam o produtor
norte-americano a aumentar a produção, pois eles têm
garantias de preço mínimo
Esse aumento da produção gera um excesso de oferta,
que provoca a queda dos preços internacionais
Além disso, com o aumento da produção interna,
o país passa a diminuir as importações e também
começa a retirar mercado de outros países exportadores,
o que limita as exportações brasileiras
Os principais produtos afetados no Brasil são a soja e
o algodão
A soja é um dos principais produtos de expotação
do Brasil. No ano passado, o produto perdeu apenas para as vendas de
minério de ferro e de aviões. O país é o
segundo principal exportador, ficando atrás só dos EUA
No caso da soja, a situação poderia ser pior para
o Brasil, já que a nova redistribuição dos subsídios
incentiva o fazendeiro dos EUA a produzir mais milho que soja
US$ 1,6 bilhão é o prejuízo que a nova lei
agrícola norte-americana vai impor ao Brasil apenas em prerdas
na exportações de soja, estima a CNA (Confederação
Nacional da Agricultura)
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