DA ENVIADA ESPECIAL A BROTAS (SP)
Economicamente,
Brotas tem traços comuns a outras cidades do interior do Estado de São Paulo, principalmente no que
se refere às características agrícolas, segundo consta no livro "Brotas Cotidiano e História",
de Adriana Ramos, Leila Bussab, Mônica de Souza e Silvia Sansoni, patrocinado pela prefeitura local.
Com a economia baseada no cultivo de cana até
a metade do século passado, a cidade viu a paisagem mudar com o avanço do café, que seria
a cultura predominante até o início deste século.
Quando o café sofreu vários golpes,
sendo o mais violento a crise de 1929 da Bolsa de Nova York -que trouxe problemas para produtores e desemprego-,
a economia teve de tomar outros rumos e a paisagem foi mudando.
Além da pecuária, que sempre teve o
seu destaque, o cultivo de algodão foi utilizado na época como alternativa de emergência para
impulsionar o desenvolvimento industrial, mas não absorveu toda a mão-de-obra advinda das plantações
de café.
Por volta dos anos 40, a instalação
de usinas de açúcar gerou empregos e transformou a cana novamente em produto predominante, apesar
de a cultura ter sido introduzida na região no início do século 19. Hoje cobre boa parte das
terras do município, que também prima pela produção de banana, laranja e outros cítricos.
Turismo verde
Entretanto é do turismo ecológico que
Brotas está colhendo os maiores frutos. A atividade, segundo a Secretaria de Meio Ambiente, Turismo e Cultura,
está crescendo de forma gradativa e espontânea, com o apoio e esforço da própria comunidade.
O sucesso das ações se deve em parte
à criação de mecanismos de participação comunitária e de gestão
ambiental, como o Consórcio Intermunicipal para a Preservação da Bacia do Rio Jacaré-Pepira,
implementado em 1984 pelo Condema (Conselho de Defesa do Meio Ambiente).
A iniciativa contou com a participação
de 13 municípios vizinhos, que se empenharam até 1991 na recomposição das matas ciliares
e no tratamento dos efluentes. Nessa época, Brotas ganhou sua estação de tratamento de esgoto,
responsável pelo tratamento de 98% do volume produzido pela cidade.
Em 1992, surgiu a ONG (organização não-governamental)
Movimento Rio Vivo, para impedir a instalação de indústrias poluentes no município.
Segundo a vice-presidente Eva Santana, o projeto pretende aumentar a participação da comunidade em
ações preservacionistas, promovendo programas de educação ambiental e divulgação
do ecoturismo.
"Com a ajuda do poder público e dos moradores,
estamos desenvolvendo um Plano de Gestão para o Ecoturismo em Brotas, visando preservar os recursos naturais,
melhorar a qualidade do turismo e garantir a sustentabilidade socioeconômica e ambiental da atividade",
afirma Santana.
Outra meta da ONG é a normatização
para agências e sítios turísticos. Desde 1993, quando houve o despertar da atividade em Brotas,
o número de agências de ecoturismo saltou de uma para oito. (THAIS ABRAHÃO)
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