O VALOR DA ÁGUA


Apesar de o Brasil possuir 16% das reservas hídricas potáveis do planeta, vários centros urbanos convivem com a falta d'água, que se torna mais evidente nesta época do ano, ao final do período de estiagem. É natural que seja assim, pois a distribuição da água não é uniforme.
A região metropolitana de São Paulo, por exemplo, por se localizar próxima às nascentes dos rios que formam a bacia do Alto Tietê, e não em trechos mais baixos, onde as águas são mais caudalosas, já tem, de início, disponibilidade mais baixa. São apenas 200 mil litros por habitante por ano, quando a ONU recomenda 2 milhões de litros anuais por pessoa. Mais cedo ou mais tarde, será necessário buscar novas fontes, presumivelmente mais afastadas do local de consumo.
Isso exigirá, evidentemente, obras que terão impacto sobre as finanças da região bem como sobre o meio ambiente. A situação de São Paulo reforça a necessidade de combater os índices obscenos de desperdício, considerado em suas várias modalidades. O problema começa na Sabesp, que malbarata (perda física) de 15% a 20% em vazamentos em sua própria rede. Outros 20% se vão em ligações clandestinas (perda de faturamento).
Da água tratada que chega ao consumidor, talvez 70% sejam mal utilizados, em vazamentos internos, banhos demorados e equipamentos esbanjadores. O uso irracional não é exclusividade dos consumidores domésticos e da própria Sabesp, mas também de outras empresas de água e saneamento e, principalmente, da agricultura, que consome 70% da água potável do país. A esmagadora maioria dos produtores ainda usa a técnica de espalhamento por sulcos, com a qual grande parte da água evapora ou molha o que não precisa ser molhado.
É a mesma tecnologia criada pelos egípcios 5.500 anos atrás. Já existem coisas mais modernas no mercado. O fato de o Brasil possuir tantas reservas de água doce não o autoriza de modo algum a dilapidá-las.




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