Encomendado
ao MIT pela Softex, o trabalho "A Indústria de Software
no Brasil - 2002" pode trazer lementos relevantes para a definição
de uma política para o setor. De acordo com o levantamento, a
dimensão do mercado brasileiro de software é semelhante
aos da China e da Índia -vendas de US$ 7,7 bilhões em
2001, contra US$ 7,9 bilhões e US$ 8,2 bilhões da China
e da Índia, respectivamente.
A participação da indústria brasileira de software
no PIB brasileiro mais do que triplicou ao longo da década de
90, passando de 0,27% para 0,71%, e a sua participação
no mercado de TI (tecnologia da informação) cresceu 66%.
O mercado brasileiro de software é maior e mais diversificado
do que o indiano, constata a pesquisa. Mesmo assim, o Brasil não
conseguiu transformar-se em pólo de exportação.
Em 2000, as exportações de software da Índia chegaram
a US$ 4 bilhões, envolvendo 4.500 empresas. As do Brasil mal
passaram dos US$ 100 milhões e as da China ficaram em US$ 400
milhões. O trabalho constatou que existe tecnologia brasileira
em praticamente todos os segmentos de software. A maioria das empresas
tem seu modelo de negócio baseado em produto, mas a maior fatia
de comercialização é a de serviços. Os modelos
de negócios utilizados com maior frequência são
os de software embarcado/componentes, serviços de alto valor
agregado e produtos customizáveis.
O segmento de melhor capacitação é o dos produtores
que atuam em nichos de mercado, telecomunicações, ERP,
automação industrial, e nos segmentos bancário
e financeiro. O maior diferencial competitivo das empresas brasileiras
é a flexibilidade e criatividade, a sofisticação
de alguns de seus mercados-alvo e alguma agressividade na oferta de
produtos acabados. As principais fraquezas são o "custo
Brasil", a ausência de estímulos à exportação
e a pouca experiência em mercado aberto, que apenas se inicia
em 1990, dez anos depois da Índia.
Segundo o trabalho, ainda não existe competição
aberta no setor público e o mercado de capitais é incipiente,
não dando portas de saída para o investidor de risco.
Além disso, o mercado é coberto por inúmeras empresas
de pequeno porte, que não aprenderam a trabalhar de forma cooperativa
nem a ganhar capacitação internacional. Outra grande dificuldade
é a ausência de um modelo ou imagem que possa impulsionar
o produto brasileiro no exterior. A partir dessas características,
o trabalho aponta as razões para a pouca expressão das
exportações. Identifica dificuldade para competir com
a Índia no segmento de baixo valor agregado, em razão
do desnível salarial existente no concorrente. No caso de
serviços de maior valor, há a pequena dimensão
das empresas nacionais e a insuficiente capacitação de
processo. Em uma política de software, deve-se distinguir entre
serviços e produtos. Cada qual exige a montagem de políticas
diversas. Serviços de software requerem ações que
toquem nos temas de capacitação de processo, construção
da reputação, angariação de clientes e exportação,
conclui o trabalho.
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