Na
década de 70, o mundo se beneficiou enormemente das novas variedades
de plantas alimentícias de alta produtividade criadas pela "revolução
verde". Hoje, ganha corpo a "revolução azul",
que permite produzir em larga escala peixes e crustáceos em fazendas
artificiais.
A revista "The Economist" desta semana mostrou que a aquacultura
mundial está crescendo à base de 10% ao ano desde 1990.
Impressionante!
O mercado para esses produtos também cresce aceleradamente. As
importações dos Estados Unidos e da União Européia
aumentam à base de 13% ao ano. O salmão e a tuna azul
despontam como os peixes preferidos. Quanto ao camarão, só
os americanos importam 500 mil toneladas por ano; os europeus, 450 mil
toneladas.
Na prática da aquacultura, há inúmeras doenças
e problemas ambientais a serem controlados. No caso do camarão,
por exemplo, uma grande poluição das águas pode
ocorrer se os produtores não usarem técnicas apropriadas.
Uma delas é a incorporação da tilápia nas
fazendas aquáticas.
O Brasil está indo muito bem nesse campo. O Nordeste saiu na
frente. Temos imensas vantagens comparativas em matéria de clima,
de qualidade da água, de solo e de topografia, além da
proximidade dos principais mercados importadores (Estados Unidos e União
Européia). Das 680 fazendas de camarão do país,
280 estão no Rio Grande do Norte e 126 no Ceará.
Em 2002, a produção brasileira de camarão em fazendas
aquáticas chegou a 60 mil toneladas. É pouco perto do
que produz a China -310 mil toneladas/ano. Mas a produtividade no Brasil
é a mais alta do mundo, com 5.500 quilos de camarão por
hectare/ ano, contra 1.100 da China e 3.500 da Tailândia,
segundo maior produtor (260 mil toneladas/ano).
Do consumo mundial de camarão, 70% ainda vêm dos mares,
e 30% do cultivo artificial. Mas esse quadro está virando. A
continuar o crescimento atual, em 2030, a aquacultura produzirá
a maior parte do camarão consumido pelos seres humanos. O crescimento
da produção está sendo meteórico. Segundo
estimativas da Associação Brasileira do Cultivo de Camarões,
o Brasil produzirá 90 mil toneladas em 2003, 120 mil em 2004
e 160 mil em 2005, quando exportaremos US$ 500 milhões.
Ademais, o cultivo de peixes e crustáceos em fazendas aquáticas
gera muito trabalho. Veja o caso do camarão. Com a produção
atual, foram gerados 70 mil empregos diretos e indiretos. Nada desprezível.
Em 2005, poderão chegar a 200 mil. Isso sem contar os empregos
remotos e ligados à produção de insumos industriais
que são demandados por aquele cultivo.
Esse é um belo espetáculo de crescimento, protagonizado
pela engenhosidade dos pesquisadores e pelo denodo dos trabalhadores
brasileiros, que estão sabendo usar com inteligência as
vantagens que Deus nos deu.
Ah, meu caro
Pero Vaz de Caminha... como você estava certo...!
|