BRASIL E VIZINHOS LANÇAM PLANO PARA PROTEGER AQUÍFERO GUARANI

Afra Balazina

O plano de proteção ambiental do aquífero Guarani, o maior reservatório de águas subterrâneas do mundo, foi lançado ontem em Ribeirão Preto (SP) com o objetivo de prevenir a contaminação, controlar a extração de água e criar um banco de dados comum.
O projeto, que envolve o Brasil, a Argentina, o Uruguai e o Paraguai, durará quatro anos e terá financiamento de US$ 26,7 milhões do Fundo para o Meio Ambiente Mundial e de outras entidades internacionais. A Organização dos Estados Americanos é a agência executora do plano, e o Banco Mundial participa como órgão implementador dos recursos.
O aquífero Guarani tem 1,2 milhão de km2. Da área total do reservatório, 71% está no Brasil, 19% na Argentina, 6% no Paraguai e 4% no Uruguai.
A água do reservatório tem sido usada nesses países para fins diversos, como abastecimento público e industrial, irrigação, calefação e recreação. Em razão do uso crescente, os países decidiram fechar um acordo para manejar o recurso de forma adequada, sem causar prejuízo ao abastecimento.
"Com o lançamento do projeto e a realização de um seminário sobre o aquífero Guarani, queremos conscientizar a sociedade da importância desse reservatório, que é usado por oito Estados brasileiros", diz Ana Luiza Sabóia, coordenadora nacional do projeto. Para o secretário-geral do projeto Aquífero Guarani, Luiz Amore, os países podem economizar muito se cuidarem da preservação ambiental do reservatório antes que ele seja degradado. "A degradação irá custar muito caro. Nos EUA, milhões de dólares foram gastos após a contaminação do solo com produtos químicos."
Uma das preocupações debatidas no seminário diz respeito aos cuidados a serem tomados nas áreas de recarga do aquífero -regiões em que a chamada lâmina d'água está mais próxima da superfície. Nesses locais, a taxa de ocupação do solo tem de ser pequena.
Além do planejamento urbano, pode haver contaminação do solo por meio de agrotóxicos e poluentes de indústrias. Ribeirão foi escolhida para o lançamento porque tem grande área de recarga, 100% de seu abastecimento vem do aquífero e a região tem estudos sobre o reservatório. Cravinhos, Serrana, Jardinópolis, Altinópolis e Sertãozinho também estão incluídas nos estudos. Serão instalados pontos de medição, que controlarão a quantidade e a qualidade da água.
Hoje, o consumo médio da área de Ribeirão é de 360 litros por habitante/dia, enquanto a média nacional é de 200 litros por habitante/dia. "A zona central da cidade já apresenta um rebaixamento (do nível da água do aquífero) que varia de 15% a 25%. Isso significa que está havendo um uso excessivo em relação à recarga feita", disse o secretário-geral do projeto.

 
 



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