UNESP DE ILHA SOLTEIRA PESQUISA BROCA QUE ATACA FLORESTAS
Beth Melo
O Departamento de Fitossanidade Engenharia Rural e Solos da Unesp de Ilha Solteira (SP) está pesquisando escolitídeos, responsáveis por grande parte das perdas econômicas em reflorestamentos no mundo. Conforme explica o entomólogo e professor Carlos A. H. Flechtmann, um dos principais especialistas sul-americanos em pragas de florestas, esses besouros-broca deixaram de ser uma praga apenas dos países do Hemisfério Norte. "Hoje já são encontrados em florestas implantadas no Brasil."
Os danos provocados pelos besouros em florestas podem ser de milhões de dólares anuais, como ocorre nos Estados Unidos em florestas de coníferas, segundo o entomólogo. No Brasil, além de atacar reflorestamentos de pinho e do eucalipto, esses besouros também causam sérios prejuízos a algumas frutíferas.
Flechtmann pesquisa essas brocas há mais de dez anos, tendo estudado sua identificação, biologia e danos causados às florestas, e recomendado algumas formas de manejo. "Com base nos dados coletados já dispomos de recomendação dos melhores métodos de monitoração da praga e as medidas mais adequadas de controle." Conforme explica, mesmo em países onde o besouro é estudado há mais de cem anos, ainda não há um método de controle eficaz. "Quando os ataques ocorrem em áreas maiores e de forma maciça, corta-se as árvores e vende-se a madeira. Quando não há mercado, as árvores são cortadas e queimadas."
O importante, porém, é fazer a monitoração, visando detectar o ataque no começo, quando o número de plantas afetadas ainda é baixo. O entomólogo sugere o uso de armadilhas com iscas atrativas de feromônios (compostos liberadas por insetos) ou cairomônios (compostos da própria planta), para a quantificação dos besouros. Outra forma é a monitoração feita por terra, por meio de observações visuais.

Buracos - Flechtmann cita buracos no tronco, presença de serragem causada pela escavação na madeira, mudança na coloração das folhas e seca da copa da árvore como sinais que indicam a presença do inseto. "O besouro ataca árvores de florestas implantadas, construindo galerias nos seus troncos para o depósito de ovos, de onde nascem as larvas, que se alimentam da própria planta, o que pode levá-la à morte", diz.
Segundo Flechtmann, responsável pelo estudo de Scolytidae, as pesquisas têm o apoio de empresas florestais, da Fapesp, CNPq e de instituições de ensino no Brasil e no exterior. O entomólogo apresentou alguns dados da pesquisa em novembro do ano passado, no congresso da Entomological Socity of America, em Fort Lauderdale, Flórida (EUA).
Unesp, (18) 3743-1142