PARIS
- Só há uma coisa pior para o PT do que o flagrante de
trambique praticado por Waldomiro Diniz: o comportamento do partido
e do governo depois disso. Começou com José Dirceu e a
inacreditável frase segundo a qual o trambique era anterior ao
governo Lula, como se trambiqueiros pré-Lula pudessem ser aceitos
no governo tranqüilamente. A canhestra defesa não durou
uma semana: a revista "Época" mostra que Waldomiro
continuou com suas maracutaias mesmo depois de instalado no Palácio
do Planalto, aliás pelas mãos de Dirceu.
É bom que se diga que não há, até agora,
prova nenhuma de que Dirceu foi conivente com as, digamos, "operações"
de Waldomiro. Mas está demonstrado que foi altamente incompetente
no julgamento de um dos principais homens com os quais escolheu trabalhar.
Para quem gerencia o governo, é uma falha monumental. Depois
que a revista desmontou a tola defesa, vem José Genoino, presidente
do PT, dizer, segundo os noticiários on-line, que não
há evidências de que as "operações"
de Waldomiro se tenham transformado em irregularidades. É a versão
petista do "estupra, mas não mata" de Paulo Maluf.
Por fim, vem o próprio presidente com a bala de prata nos bingos,
depois de, dias antes, ter se comprometido com a legalização
deles. Não há dúvida de que proibir jogatina tem
méritos, como demonstrou ontem, uma vez mais, o colunista Luís
Nassif. O problema é que, tomada após o escândalo,
a medida de Lula pode ser lida de três maneiras, todas ruins:
1 - o governo não sabe o que faz. Num dia, quer legalizar os
bingos. No dia seguinte, proibi-los até futura definição
do Congresso;
2 - o governo não tem a menor idéia de até onde
foram as "operações" de Diniz no Palácio
do Planalto. Logo, é melhor cortar pela raiz antes de novas revelações;
3 - o governo sabe mais do que sabemos sobre as "operações"
dos donos dos bingos e, antes que o "mais" venha a público,
impetra um habeas corpus preventivo.
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