LAFER AMEAÇA TRAVAR NEGOCIAÇÃO NA OMC DEVIDO AO "AGROPROTECIONISMO"


O Brasil promete emperrar as negociações na OMC (Organização Mundial do Comércio), caso a liberalização comercial do setor agrícola não seja levada adiante. "Ou a agricultura é objeto de propostas relevantes ou toda a rodada se vê emperrada", disse o ministro das Relações Exteriores, Celso Lafer. Lafer participou no fim de semana da reunião do Grupo de Cairns, que reúne 18 países que pregam o fim do protecionismo agrícola no comércio internacional. O Grupo de Cairns, do qual o Brasil é sócio, pretende lançar um ultimato à Europa e ao Japão. Ou os países que protegem a agricultura negociam a abertura do setor ou nenhum outro tema será debatido na OMC. O Grupo de Cairns pretende provocar a União Européia a flexibilizar sua posição e obrigar o Japão a tomar uma posição mais clara com relação ao tema. Segundo Lafer, o Japão não tem se manifestado sobre o assunto para evitar o ônus político de ter uma agenda protecionista. Encerrada ontem, a reunião do Grupo de Cairns, em Santa Cruz de la Sierra, na Bolívia, contou com a participação dos Estados Unidos e da China, que não fazem parte do grupo. O Brasil ficou satisfeito com a posição norte-americana, embora o pacote de mudanças esteja aquém do desejado pelos brasileiros. O outro país que poderá ser um apoio para o Grupo de Cairns na Rodada de Doha (nome do atual ciclo de negociações dos sócios da OMC) é a China. "A proposta dos chineses é simpática", disse o ministro das Relações Exteriores. Lafer admitiu que as negociações atuais da OMC são mais complexas do que as que ocorreram no passado. O ministro, no entanto, disse que é possível avançar e concluir as negociações em 2005: "Se eu estivesse no exercício até 2005 seria factível [terminar as negociações]. Agora, dependerá do próximo ocupante do cargo."




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