Há dez anos na
lista do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos
Naturais Renováveis) de espécies ameaçadas de extinção, o xaxim (Dicksonia
sellowiana) já pode ser substituído por um produto ainda pouco conhecido
e explorado no Brasil: a fibra de coco.
O produto, que é fabricado a partir das cascas de coco verde ou seco,
pode entrar no lugar do xaxim na fabricação de vasos e de estacas para
suporte de plantas. Algumas empresas brasileiras, como a Coco Verde
e a Biomix, por exemplo, já têm no mercado artigos à base da fibra.
Segundo os fabricantes, a durabilidade média dos artigos de fibra de
coco varia de cinco a seis anos. Além disso, apresentam a vantagem de
não ser eventuais hospedeiros de insetos. Porém os produtos têm a desvantagem
de ser até três vezes mais caros que os produzidos com xaxim. Uma estaca
da planta custa cerca de R$ 0,50. O similar de fibra de coco sai em
média por R$ 1,70.
Mas a maior dificuldade para aumentar o mercado de produtos à base de
coco é o desconhecimento dos consumidores. "A maioria da população nem
sabe que o xaxim é uma espécie em extinção", diz Carlos Mendes, proprietário
da Biomix. A substituição do xaxim pela fibra também esbarra em outro
problema: a produção ainda incipiente.
São 40 milhões de toneladas produzidas por ano no Brasil, contra 1,02
bilhão fabricado na Índia, líder do ranking mundial de produtores. Mesmo
assim, o potencial de crescimento do mercado brasileiro motivou o secretário
de Estado de Agronegócios da Índia, Ashok Pradhan, a declarar, em visita
ao país em maio, a intenção de futuramente investir em joint ventures
de agroindústrias indo-brasileiras para o beneficiamento e manufatura
da fibra de coco.
Segundo Philippe Jean Henri Mayer, gerente de projetos e negócios da
Coco Verde, a sua empresa já está um passo à frente da tecnologia indiana.
"Enquanto os indianos fabricam a fibra com coco seco e látex, nós a
produzimos só com a palha do coco verde. Somos os únicos no mercado."
Comércio ilegal encontrado na região da mata atlântica, o xaxim, também
conhecido como samambaia-açu, se assemelha a uma palmeira.
Segundo especialistas, a planta leva de 50 a 100 para atingir um metro
e, hoje, os espécimes com valor comercial estão localizados apenas em
alguns trechos do Estado de Santa Catarina. Em 2001, uma resolução do
Conama (Conselho Nacional do Meio Ambiente) proibiu o corte e a exploração
de espécies ameaçada de extinção nativas da mata atlântica. No entanto
a planta continua a ser usada em larga escala na jardinagem. Conscientização
"É preciso conscientizar as pessoas. O comércio do xaxim é ilegal e
só deverá ser retomado quando for estabelecido um plano de manejo para
o cultivo da planta", afirmou Suelma Silva, coordenadora do grupo de
trabalho do xaxim do Ibama. Por essa razão, especialistas encorajam
paisagistas e demais pessoas a substituir o xaxim pela fibra de coco
ou por cascas de árvores, no caso de necessidade de substrato para plantas.
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