A
queda de 6,6% no volume de investimentos na economia brasileira no ano
passado foi a segunda consecutiva e a terceira superior a 6% desde 1992,
primeiro ano da atual série da pesquisa do IBGE.
O resultado de 2003 foi exatamente igual ao de 1992 e 0,6 ponto percentual
menor que o recorde negativo de queda de 7,2%, registrado em 1999.
No final de março, o IBGE divulgará a taxa de investimento,
que vem a ser a participação das novas inversões
no valor total do PIB. Em 2002, quando o volume de investimentos caiu
4,2%, a sua participação no total do PIB foi de 18,7%,
a menor taxa em dez anos.
"O investimento é o dado que ratifica o grau de credibilidade.
Pelos dados do ano passado, não há credibilidade na atual
política econômica brasileira", disse Fernando Pinto
Ferreira, diretor da consultora Global Invest.
Para Ferreira, "o Brasil está perdendo o bonde dos investimentos
internacionais", por não estar se beneficiando da elevada
liquidez e das taxas de juros baixas que vigoram no mercado internacional.
Esse fato, segundo ele, torna "muito limitado" o potencial
de crescimento econômico do país.
Paulo Levy, diretor do Ipea, tem avaliação diferente.
Segundo ele, apesar do número geral negativo do ano passado,
os investimentos aparecem como um dado positivo na divulgação
do PIB feita ontem pelo IBGE.
De acordo com Levy, o crescimento de 4% no volume investido no último
trimestre do ano passado, em relação ao terceiro, ratificou
uma tendência constatada pelo crescimento de 2,3% da mesma variável
no terceiro trimestre, em comparação ao segundo.
Nos dois primeiros trimestres do ano passado, os números eram
fortemente negativos. No segundo, houve queda de 6,8% em relação
ao primeiro, e, no primeiro, os investimentos encolheram 4,6% em relação
ao último trimestre de 2002.
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Nos
13 anos que compõem a atual série de dados sobre o PIB
do IBGE, o PIB per capita apresentou queda em cinco. Nos últimos
cinco anos, houve duas quedas (1999 e 2003) e uma estabilidade. A média
de crescimento no período é de 0,3%.
Apesar de não refletir a realidade da distribuição
de renda no país, a renda per capita permite medir se, na hipótese
de uma distribuição equânime, os habitantes do Brasil
estariam mais ricos ou mais pobres ao longo de um determinado período.
Por exemplo, os brasileiros ficaram 1,5% mais pobres em 2003.
Outra função importante da renda per capita é a
de permitir a comparação internacional da disponibilidade
de renda. Fica fácil saber por que os EUA são mais ricos
que o Brasil quando se dividem os PIBs dos dois países por suas
respectivas populações.
É verdade que essa comparação não é
perfeita. Como, para comparar, é preciso converter as moedas
dos países a uma moeda de curso internacional (o dólar,
em geral), fica distorcido o poder de compra interno da renda média
de cada um desses países. Um dólar não compra nos
EUA o que R$ 3 compram no Brasil. |